segunda-feira, 20 de julho de 2009

Hoje vou almoçar no deserto.


Apesar de chateado pelo retorno à civilização “moderna”, após um final de semana em uma praia semi-deserta, estou contente. Em breve, um dos meus melhores amigos -o Diogão-, retorna da Austrália. Lembrei-me de que este é um país incrível. Se Hollywood ficasse lá, talvez a parte aculturada do mundo soubesse um pouco mais sobre ele. Quem sabe os pseudo-culturados não imaginassem que outback é o nome de um restaurante australiano. Quem sabe...

A Austrália não é tão incrível por suas paisagens e a sua arquitetura quanto é por sua cultura. Acima, postei o mapa-múndi que eles utilizam para educar suas crianças. Parece que há algo errado? Pois é, não há nada errado! As posições das coordenadas geográficas foram criadas por convenção. Um dia, disseram: Norte fica para cima e o Sul para baixo. Se você inverter o mapa do Brasil, por exemplo, o importante é que o Rio Grande do Sul continue no Sul e o Amapá no Norte.

Como quem criou as projeções cartográficas que utilizamos atualmente foram os europeus (a mais comum delas é a de Mercator), eles definiram que o Norte seria desenhado na parte superior do Mapa, assim a Europa ficaria no topo. E como a Terra é redonda, a Europa também foi desenhada no meio (desculpem-me geógrafos, mas precisava sintetizar a história).

Colocar seu país no centro de um mapa-múndi, e na parte superior dele, não é apenas uma questão de convenção geográfica, mas de formação cultural. As crianças aprendem que sua nação é superior e o mundo está ao seu redor. O mais importante de tudo: lá, na Austrália, os professores demonstram a projeção de Mercator (com a Austrália lá no canto inferior direito) e explicam para suas crianças o motivo de usarem outro padrão. Isto fomenta nelas o ímpeto de distinguir convenções de fatos científicos. De questionar verdades absolutas. Imagina uma nação constituída de crianças que são preparadas para questionar. Pense como serão quando adultas.

Pois é, o negócio mesmo é continuar admirando o formato de ensino da Austrália e permanecer esperando por amigos que precisam ir até lá para ter um padrão de vida descente. Por aqui, quem teria poder de implantar a maneira australiana de ensino é analfabeto e deve achar que aquele é apenas o país dos cangurus e do Crocodilo Dandy.

2 comentários:

  1. Bom eu sou geógrafa, e meu mentor ensinou geografia física para nós durante todo tempo com mapa mundi assim, invertido...e eu dei aulas assim também, hehehehe, já existe uma brisa de educação diferenciada, pena que o governo nos bote pra correr, E as escolas particulares mantenham umas profes de 70 anos a lecionar geo, que é uma disciplina tão dinâmica e dialética!!!
    abs

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  2. Imaginei que fosse, hehehe
    O que mais acho ruim é que essa didática dependa da iniciativa dos bons professores, pois estes estão distantes, muitas vezes, do ensino público e neste concentram-se nossas crianças.
    Abraço!

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