Ontem, o jornal O Estado de São Paulo -no meu caso, o estadao.com.br-, denunciou um esquema em que despachantes "limpam" carteiras de habilitação. Funciona, mais ou menos, assim: o sujeito ultrapassa o limite de multas e a sua carteira é bloqueada. Ele entra em contato com o "escritório da limpeza", paga R$3.000,00 e os despachantes conseguem nomes e assinaturas -por vezes, falsificadas- de pessoas que assumam em suas carteiras as multas, utilizando um artifício legal, pois a lei permite que alguém assuma os pontos.
Lendo toda esta sujeira, concluo que vivemos no país da falta de ética mesmo. Todas, mas todas as classes são contaminadas por esta insuficiência. O mais pobre, ao perceber que o caixa do supermercado lhe deu um troco errado, se cala; A classe média limpa suas carteiras de trânsito; A classe alta sonega impostos e lavam dinheiro -leiam o caso Dantas-. Conclusão lógica: nossos políticos não são corruptos. Nossa sociedade que é! Os políticos, por sua vez, são o reflexo da sociedade, pois são progênitos dela.
Imagino o dia em que o pequeno e honesto Collor, aos 6 anos, foi ao mercado e ouviu do amiguinho: "o cara ia te cobrar metade do preço e você avisou ele que estava errado!?!?! Que otário". Chateado, anos depois, o pequeno e, relutantemente, honesto Collor pegou um ônibus com a sua mãe, que lhe disse: "se o cobrador -trocador, para outros estados- lhe perguntar, você diz que tem menos de 6 anos, assim não pagamos passagem". Triste e desolado, o relutante Collor, aos 15 anos de idade, falou ao pai: "não vejo a hora de fazer 18 anos para dirigir" e o pai, prontualmente, respondeu: "senta aqui no meu lugar que o pai vai te ensinar a dirigir". Transtornando e pensando "então não preciso esperar para ter o que eu quero, que legal", o já crescido e rapagão Collor começou a mudar. Aos 17, quando se preparava para uma festa com os amigos, lhes disse: "pou!!!, que pena que ainda não temos idade para beber" -não preciso transcrever a reação deles-. Veio o vestibular na universidade particular, quando descobriu que não precisava estudar para ser aprovado; em seu primeiro emprego, que só o obteve porque o pai era amigo de uma pessoa na empresa e entregou o currículo do filho direto a ela, percebeu que a formação não era tão importante. Por fim, descobriu a política.
Ao chegar no poder, pensou: "Agora vou colocar em prática tudo que aprendi na vida"
(e ainda queremos que nossos políticos sejam honestos!)
terça-feira, 21 de julho de 2009
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Perfeito, o problema sempre é no berço, não de dinheiro, mas de educação...abs
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