segunda-feira, 9 de maio de 2011

Apenas uma frase sobre a morte de Bin Laden...


Nenhum povo alcançará a paz utilizando vingança como meio.

domingo, 8 de maio de 2011

Exploração da mão de obra ou novo comunismo?


     Percebi esta semana que estamos diante de uma nova forma de comunismo. Trata-se de um Comunismo Intelectual. Pode-se aprender muito com ele, mas é preciso atenção para não ser enganado vendo apenas uma parte da verdade.

     O filósofo alemão, Erich Auerbach, fez uma análise muito interessante sobre um tipo de mentira: a verdadeira. Como assim?? Bom, eu explico. Digamos que um teatro tenha contrato com seis atores, porém apenas dois deles são bons o suficiente para uma apresentação. No entanto no contrato consta que todos devem se apresentar no palco. Para cumprir o contrato e não comprometer a crítica, os donos decidem colocar os quatro atores ruins encenando em um canto do palco e os outros dois, os bons, em outro canto, porém apenas os atores bons receberão iluminação e audio. Embora os cartazes e os panfletos de divulgação anunciassem apenas os dois atores bons, você percebe que há mais coisa acontecendo, porém, como não consegue ver e nem ouvir, sua atenção se volta para onde há luz e áudio. Ao mostrar apenas a parte que lhes interessavam, os donos do teatro cumpriram seu contrato com os atores e ainda deram ao seu público uma bela apresentação. O paradoxal de lhe mentir dizendo a verdade é o que Auerbach considerava a diferença entre mentira e engano.

     Ninguém mentiu para você. Apenas não lhe contaram toda a verdade e é justamente assim que o novo comunismo se apresenta. São intelectuais (e por isso já partem com muita credibilidade) mostrando apenas parte da verdade. Por exemplo: no filme "The Corporation", diversos intelectuais (alguns, ex-empresários também) apresentam os problemas causados por grandes corporações. Em um momento do filme, eles mostram uma fábrica da Nike na Indonésia, que paga a hora dos funcionários em centavos, o que é classificado como exploração. Qualquer um concordará que aquelas pessoas estão sendo exploradas, mas concordamos analisando a realidade deles a partir de qual perspectiva? Da nossa, que temos conforto e segurança ou do ponto de vista deles? Será que as pessoas que tentaram um emprego lá e não conseguiram concordam que quem conseguiu está sendo explorado? Com £6,00 (seis libras), na Inglaterra, você não come nem um sanduche de mortadela. Então, qualquer britânico que descobrir uma empresa da Inglaterra, instalada no Brasil, pagando ticket de R$16,00 aos funcionários vai considerar que isto é exploração. E você? Concorda que este valor para almoço é exploração?

     Há um detalhe neste contexto que não pode ser ignorado: se a Nike sair daquele pais, as pessoas deixarão de ser exploradas, mas isso melhorará a vida delas? O que teria ouvido o intelectual que entrevistou a operária se tivesse perguntado para ela "Você prefere ser explorada ou passar fome?". É evidente que a exploração não é o problema dessa gente e sim a consequência. Trata-se de um país desestruturado, corrupto e, por conseguinte, muito, mas muito pobre. E isso, em momento algum, é mostrado no filme. É fato que a Nike não está sendo ética, mas não é essa a causa do problema. Tirá-la de lá só pioraria tudo. Pense comigo: se seu carro está fazendo um barulho, você tira uma peça e o barulho aumenta, é lógico que você mexeu na parte errada!

     Enfim, não estou dizendo que estes materiais sejam desprezíveis. Até mesmo considero um deles fascinante (The Story of Stuffs), inclusive já o recomendei aqui no blog. O próprio filme "The Corporation" é muito, mas muito bom. Só acho que eles não podem fazer afirmações sem apresentar tudo que está acontecendo. As filmagens são fundamentais para "abrir os olhos" de muitos que veem empresas como entidades bacaninhas que se preocupam com as pessoas. Porém não se pode usar o argumento de que elas exploram brechas sociais para dizer que este é o problema em si. A parte que eles não estão dando nem luz e nem áudio, muitas vezes, é a verdadeira causa do problema.

sábado, 7 de maio de 2011

Somos Selvagens II (O Selvagem Educado)

     Depois de ter escrito o ultimo post, fiquei pensando "cara, ia ser muito ruim se não fossemos educados por nossos pais. Imagina só como seríamos mesmo. Um bando de selvagens primatas se degladiando por comida e por conforto". Mas há algo pior do que isso: selvagens educados.

     Se você pegar humano selvagem (uma criança, que não fale e não ande) e o educar só um pouco, você terá um selvagem educado. Mas o que vem a ser este gênero hominídeo que eu estou propondo? Bom, um selvagem educado é o sujeito que, durante a infância, estuda apenas para poder entrar na faculdade e, quando adulto, estuda o suficiente para conseguir um emprego (Seja um curso técnico, seja uma faculdade). É aquela pessoa que, no primeiro dia de aula, pergunta para o professor “quanto eu preciso para passar?”. Ele não está interessado no conhecimento. Ele está ali para sair o quanto antes. Em momento algum ele se preocupa com o quanto o conhecimento pode torna-lo um ser superior ao que é atualmente. Acredita fortemente que estudar conceitos sobre ética, sobre moral, sobre disciplina ou sobre qualquer conceito que o evolua é perda de tempo. Ele apenas estuda o suficiente para poder competir com os outros humanos. Ou seja, é um selvagem educado.

     O cara que faz o básico para passar e o mediano para adquirir um emprego não está preparado para viver em sociedade (afinal, ele nunca foi educado para isso). Ele é tão capaz de pegar uma bicicleta e pedalar sábado à noite, sem autorização alguma, acreditando que pode fazer isso no meio da rua livremente trancando todo o trânsito, quanto pode entrar em um carro e atropelar sumariamente qualquer um que pense desta forma. Ele também acredita que por ter condições de estar com uma arma pode invadir a casa de alguém para tomar a força o que bem entender, ou então matar quem pensar em fazer isso. Aliás, se ele nascer em uma família rica, e se tornasse um empresário, não seria surpreendente o ver disposto a lucrar independente se ele vai desmatar um estado inteiro ou poluir um rio que abastece uma comunidade.

Em resumo, educar pela "metade" é pior do que não dar nenhuma educação. Ao invés de usar gritos, pedras e pedaços de madeiras, um selvagem educado usa uma arma, um carro e até mesmo uma empresa para cometer selvageria.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Somos Selvagens

     Quanto mais leio sobre filosofia mais descubro que "os outros" estão errados. Aliás, não é preciso ler filosofia para constatar isso. Até ligando a TV é possível constatar. Quando Barack Obama se pronunciou sobre a morte de Bin Laden, ele disse: "não começamos esta guerra". Por sua vez, o terrorista (o Osama e não o Obama), após o ataque às torres gêmeas, disse que estava retribuindo à tirania americana por ter financiado guerras no Oriente Médio. Ou seja, ninguém é culpado! Nós humanos somos estranhos mesmo. Somos agentes de uma série de outras incoerências. Por exemplo: fabricamos armas! Sim, nós fabricamos e vendemos armas (nós, seres humanos). Que outra função terá uma arma se não tirar a vida de outra pessoa. Em resumo, produzimos equipamentos com o fim explicito de tirar vidas e muitos se orgulham disso. Outra coisa: por que alguém compra uma pick-up para andar na cidade? Um veículo imenso, que consome horrores de gasolina e custa um absurdo? Conforto? E as outras pessoas? Afinal, estamos utilizando um "baita" espaço no trânsito e liberando CO2 por uns cinco carros. Então, cheguei a uma conclusão sobre tudo isso: somos selvagens!

     Os animais só vivem em bando quando isso é uma vantagem estratégica. Caso contrário, seria cada um por si. Vingança também é um extinto animal de revidar a uma agressão. Um animal só não revida quando reconhece a superioridade do adversário e somos exatamente assim. Somos tão selvagens que só andamos sobre duas pernas por que nossos pais insistiram muito para isso. Só falamos, por que igualmente houve empenho deles. Pense nas crianças, que são seres humanos na exência (recem fabricados). Se você colocar um doce na frente de duas crianças de um ano de idade, elas não vão quebrar a barra ao meio e comer cada uma metade, demonstrando a inteligência humana ou nosso senso nato de convivência. Elas irão se avançar na barra e, a quem não conseguir pegar primeiro, avançará na outra criança para tentar tomar a barra. Outro exemplo: imaginem só se fossemos criados em uma selva por uma loba (não sei o porquê da loba, mas toda mitologia usa ela como exemplo e eu vou surfar a onda). Pense como seríamos. Mataríamos por comida, por sexo, por espaço ou por qualquer banalidade. Ou seja, se não formos lapidados, digo, educados, tendemos a agir como selvagens.

     É por isso que os maiores exemplos de cidadania, de convivência em sociedade, de respeito, de perdão e de outras virtudes tão escassas vêm de sociedades que priorizam a educação. Sua base é um ensino voltado para o desenvolvimento da pessoa e não para o desenvolvimento profissional (caso dos EUA e da Índia, que se orgulham de formar os melhores profissionais do mundo). Se não priorizarmos a educação, continuaremos agindo como animais: seja fechando ruas para comemorar a morte de uma pessoa, seja ignorando que vivemos em um mundo de recursos finitos.