quarta-feira, 23 de novembro de 2011

As universidades no Brasil são uma piada!



     Há um mês, assisti um documentário sobre o modelo de ensino em Cambridge. Sabe quando você assiste a um jogo do Barcelona e lembra do seu time? Pois é, foi assim que me senti.
  
     O que deveria ser o berço das ideias e da criatividade, em nosso país, é o antro da mediocridade e da ineficiência. Cada vez mais torna-se responsabilidade das organizações (como as empresas) a responsabilidade do ensino.

     Mas as universidades não são apenas medíocres. Elas também legitimam a mediocridade. Não há nenhuma diferença de tratamento entre o cara que tira um 8,9 (um "B") para o cara com 6 (um "C"). Ninguém será laureado com estas notas e ambos seguirão o curso. Todo ser humano é dotado da força instintiva do menor esforço. Durante milênios ela manteve nossa raça viva e hoje segue intrínseca a nós. Ou você já viu alguém usar o caminho mais longo para um destino sem ter nenhum motivo para isso? Foi esta mesma força que fez a maioria das pessoas rolar a página até o fim deste post para ver se era muito grande antes de começar a ler. Pois é, esta é a "lei do menor esforço". Então o que vocês acham que acontecerá em uma universidade? A esmagadora maioria dos alunos seguirão suas vidas normalmente, estudarão na noite anterior à prova e ficarão contentes se tirarem um 6 ou um 7,5, respeitando assim a lei que por muitos anos nos manteve vivos e que hoje nos mantém ignorantes.
 
 
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     Certamente você já teve de fazer algum trabalho em grupo na faculdade? Há algo mais credito do que isso? Dias atrás, perguntei para uma professora por que eles pediam trabalhos em grupo ao invés de individual e, para minha pouca surpresa, ela me respondeu: "se fosse individual não daria para fazer as apresentações e eu teria de corrigir um trabalho de cada aluno. Ia terminar as correções só no outro ano e preciso entregar as notas até o dia 12". Dá para acreditar nisso? Ou seja, o modelo de avaliação dos alunos não está baseado no melhor modelo que avalie o seu conhecimento, mas naquele que trará menor esforço aos professores!!! Que merda meu!!!! Odeio mediocridade.

     Não há nada mais cretino e imbecil do que estes trabalhos. Primeiro que, quando falta uns 5 ou 2 dias para entregar, alguém do grupo manda um e-mail dizendo "pessoal, temos de fazer o trabalho". Ai, decidem que cada um fará uma parte (sim, como é em grupo e somos dotados da lei do menor esforço, independente das outras partes serem pertinentes ou não, cada um fica com uma e ignora as demais). Depois, eles juntam aquele quebra-cabeça cubista e fazem uma apresentação em que cada slide tem uma fonte diferente, um padrão de imagens diferentes e que ninguém mal sabe o que precisa ser dito. Então, como os alunos fizeram de conta que aprenderam, os professores cumprem a sua parte no pacto da mediocridade e fazem de conta que ensinaram alguma coisa para aquele trabalho e avaliam todos do mesmo jeito: se no trabalho tiver tudo que foi pedido, levam 10 ou 9. Se não tiver tudo a nota irá variar de 8 a 4 (dependendo do que faltar, dos erros de português e do quanto o Wikipedia foi integralizado ao trabalho).
 
 
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     Eu poderia escrever um novo post apenas para falar da provas, mas elas são tão patéticas, tão inúteis para avaliar um aluno e tão desprezíveis, que de fato desprezarei qualquer comentário sobre elas.
 
 
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     Bom, mas a vida segue e assim seguimos. Cada fez mais pessoas vão às universidades em busca de um canudo e depois procuram um emprego em busca do aprendizado.

domingo, 13 de novembro de 2011

Os estudantes da USP e os taxistas de Porto Alegre


     Aqui em Porto Alegre, quem controla o tráfego de veículos é uma empresa pública chamada EPTC, cujos fiscais recebem o apelido de "azulzinhos", em virtude da cor de suas fardas. Quando dirijo em locais onde os motoristas geralmente se comportam como se estivessem disputando uma corrida, e vejo um azulzinho, me bate aquela alegria sarcástica e fico pensando enquanto olho para os motoristas que agora se comportam como ovelhinhas "faz agora, seu desgraçado!". Adoro quando os fiscais estão nas ruas, porém nem todos gostam.

     Adivinhem quem, entre os grupos de motoristas, mais detestam os ditos. Para facilitar, darei alternativas:
1 - Motoristas que usam o carro para ir ao trabalho, faculdade e levar os filhos a escola;
2 - Turistas, idosos que passeiam e motoristas de finais de semana;
3 - Taxistas, motoboys e motoristas de lotação.

     Acredito que todos acertaram que o terceiro grupo detesta os fiscais. Mas por quê? Pois é, por serem os piores motoristas. Os mais infratores. Eles dirigem como se as ruas fossem deles ou se a sua necessidade de usá-la a trabalho fosse mais digna ou importante do que a dos demais. Por eles, não teríamos fiscais nas ruas. Inclusive até protestos para isso eles já realizaram.

     Impossível não relacionar este caso que citei acima com o dos estudantes da USP, que, ao invés de ver nos policiais segurança, vêm repressão. Se refletirmos um pouco, encontraremos a conclusão de que o único motivo de alguém que defende a lei reprimir a sua liberdade é se suas ações são criminosas.

     Mas e se a lei estiver errada? Bom, ai é tema para outro post, mas adianto minha opinião a respeito: post sobre Marx (e o mais curioso é que os principais grupos de estudantes envolvidos são alunos de filosofia e de história).