terça-feira, 29 de setembro de 2009

Política Externa: A CRISE HONDURENHA

Abordagem interessante do escritor Reinaldo de Azevedo, publicado hoje, em seu blog:


Às vezes, é preciso desenhar. Então vamos desenhar. Comecemos com uma questão bastante geral, que vale para Honduras, para o Brasil e para qualquer país: pode-se não gostar da Constituição que existe, mas sempre existirá uma. A questão é saber se ela foi votada num regime autoritário ou democrático; se a legitimidade está de braços com a legalidade. No caso hondurenho, ainda que se possa fazer pouco do texto constitucional e lhe atribuir exotismos - a brasileira está cheia de esquisitices -, foi escrita num regime de liberdades plenas e vinha garantindo a estabilidade do país, com sucessões democráticas, desde 1982. Se tinha tal e qual objetivo, se buscava amarrar o país a esta ou àquela configuração de poder, pouco importa. Também sobre o Texto brasileiro ou americano se podem fazer as mais variadas especulações. O PT se negou a participar do ato puramente formal de homologação da Carta porque considerou que ela buscava alijar os trabalhadores do poder ou qualquer bobagem do gênero. Assim, consolida-se o…




…FATO NÚMERO UM - a Constituição de Honduras foi democraticamente instituída. E, neste meu desenho em palavras, isso nos remete imediatamente ao…



…FATO NÚMERO DOIS - a Constituição de Honduras tem um artigo, o 239, cuja redação muita gente considera curiosa, um tanto amalucada e, querem alguns, contrária a alguns bons princípios do direito. Pode ser. A Constituição brasileira tabelava os juros, por exemplo. Na reforma constitucional, o artigo caiu em razão de uma emenda supressiva proposta pelo então senador José Serra. Voltemos à Constituição hondurenha. Estabelece o artigo 239:

“O cidadão que tenha desempenhado a titularidade do Poder Executivo não poderá ser presidente ou indicado. Quem transgredir essa disposição ou propuser a sua reforma, assim como aqueles que o apoiarem direta ou indiretamente, perderão imediatamente seus respectivos cargos e ficarão inabilitados por dez anos para o exercício de qualquer função pública”.

No original, está escrito “cesarán de inmediato en el desempeño de sus respectivos cargos”. Também em espanhol, “de imediato” quer dizer “de imediato”.

A tal consulta que Manuel Zelaya queria fazer violava abertamente este artigo. E isso nos remete ao…



…FATO NÚMERO TRÊS - é falso, e o arquivo da imprensa hondurenha está disponível na Internet, que Zelaya mal teve a idéia, e já lhe foram lá tomar o cargo. Eu diria até que o processo político foi mais compreensivo com ele do que o artigo 239. O que fizeram os que se opunham a ele, incluindo membros de seu próprio partido? Recorreram à Justiça, acusando a sua consulta de violar justamente o dito artigo 239. E isso nos remete ao…



…FATO NÚMERO QUATRO - este é freqüentemente omitido na argumentação. Cabe aqui lembrar o que diz o Artigo 184:

Las Leyes podrán ser declaradas inconstitucionales por razón de forma o de contenido. A la Corte Suprema de Justicia le compete el conocimiento y la resolución originaria y exclusiva en la materia y deberá pronunciarse con los requisitos de las sentencias definitivas.

Então vamos chegar ao…



…FATO NÚMERO CINCO - a Corte Suprema de Justiça considerou a consulta INCONSTITUCIONAL. E todos aqueles, pois, que se envolvessem com a sua realização estariam incorrendo numa ilegalidade. Assim, chegamos ao…



…FATO NÚMERO SEIS - é o mais importantes da história toda. Manuel Zelaya desconsiderou a decisão da Justiça e deu ordens ao Exército para que seguisse adiante com o plebiscito, já que a Força era a responsável pela realização da consulta. Notem bem: se o Exército tivesse sido obediente às ordens de Zelaya, o chefe do Executivo estaria tomando decisões contrárias à vontade do Congresso e à decisão da Justiça. ERA O GOLPE, O VERDADEIRO GOLPE. Assim, estamos diante do…



…FATO NÚMERO SETE - Zelaya organizou seus bate-paus do sindicalismo para surrupiar as urnas que estavam nos quartéis (conforme o plano original) e realizar a tal consulta ao arrepio do Congresso, da Justiça e das Forças Armadas. Mas o que têm as Forças Armadas com isso? Exercem em Honduras o mesmo papel Constitucional que exercem no Brasil. E isso nos remete ao…



…FATO NÚMERO OITO - as Forças Armadas de Honduras, como no Brasil, são garantidoras da ordem constitucional caso ela seja ameaçada, conforme reza o artigo 272, a saber:

Las Fuerzas Armadas de Honduras, son una Institución Nacional de carácter permanente, esencialmente profesional, apolítica, obediente y no deliberante. Se constituyen para defender la integridad territorial y la soberanía de la República, mantener la paz, el orden público y el imperio de la Constitución, los principios de libre sufragio y la alternabilidad en el ejercicio de la Presidencia de la República.

Chegamos, então, ao…



…FATO NÚMERO NOVE - a Corte Suprema entendeu - e lhe cabe interpretar a Constituição, se esta já não fosse bastante explícita - que a deposição de Zelaya foi automática. O artigo 272 confere às Forças Armadas, na prática, o papel de executoras da medida. Seguindo ainda outros dispositivos constitucionais, Roberto Micheletti assumiu, legal e legitimamente, a Presidência da República, com o apoio da Justiça e do Congresso. E vamos ao…



…FATO NÚMERO DEZ - Quando Zelaya deixou o país - forçado, como ele diz; ou numa negociação, como muitos asseveram -, já não era mais o presidente. E não é uma questão de gosto ou ponto de vista afirmar se era ou não. O texto constitucional que regula a vida hondurenha - assim como o do Brasil regula a nosso, com ou sem despautérios - deixa claro que não era. Não era mais porque o Artigo 239 fala da deposição “de imediato”. Não era mais porque a Corte Suprema, interpretando a Constituição, formalizou a sua destituição. Note-se que esse processo levou tempo. Zelaya sabia que caminhava para um confronto com o Congresso e com Justiça. Bom bolivariano aprendiz, tentou dividir as Forças Armadas. E chegamos, então, ao…



…FATO NÚMERO ONZE - O que aconteceu em Honduras foi, óbvia e claramente, um contragolpe. Se o Exército tivesse obedecido às ordens de Zelaya ou se a consulta tivesse se realizado contra a decisão da Corte Suprema e sob o olhar cúmplice das Forças Armadas, o golpe teria sido dado por ele. E POUCO IMPORTA SE ELE TERIA OU NÃO CONDIÇÕES OU TEMPO DE SE REELEGER. ISSO É ABSOLUTAMENTE IRRELEVANTE. Caminhemos para o…



…FATO NÚMERO DOZE - Zelaya “foi retirado do país de pijama, e isso é inaceitável”. Pode ser, mas, por si, não caracteriza golpe. Zelaya, àquela altura, era um ex-presidente que havia atentado contra a lei máxima do Estado hondurenho pelo menos três vezes:

- quando quis fazer a consulta:

- quando deu uma ordem ilegal ao Exército;

- quando decidiu fazer a sua consulta na marra.

Jamais deveria ter sido tirado do país, à força ou não. Deveria ter ficado para responder por seus crimes, mas não mais como presidente da República, que esta condição ele já tinha perdido quando:

a - propôs a consulta contra o artigo 239 - mas foi tolerado;

b - quando deu reiteradas ordens contra a decisão da Justiça.

Ter sido eventualmente vítima de uma decisão arbitrária (tenho fontes muito boas que me asseguram que ele pediu para sair, mas isso é irrelevante) pede, pois, a punição daqueles que cometeram a arbitrariedade. Mas isso não significa recondução ao poder de um presidente que, não bastasse a autodestituição, foi cassado pela Corte Suprema de um país, reitero, DEMOCRÁTICO. Estamos às portas do…



…FATO NÚMERO TREZE - Não existe processo de impeachment na Constituição de Honduras. Por mais que muitos estranhem em tempos ditos globalizados, países têm as suas próprias leis. Pode-se achar que o Artigo 239 é um atentado a este ou àquele princípio, mas Constituições não são universais. De toda sorte, grife-se, houve, sim, o devido processo legal que resultou na deposição - não na saída do país - de Manuel Zelaya. Ele não deixou para trás o cargo de presidente quando foi tirado de Honduras. Foi tirado do país quando já não tinha mais o cargo de presidente. A ilegalidade (se foi contra a vontade) desse ato não tem o condão de fazer duas coisas:

a - retroagir no tempo, anulando a sua cassação, que já tinha sido decidida pela Corte de Justiça;

b - tornar o golpista vítima do golpe. Ou não era um golpe a tentativa de jogar o Exército contra a Justiça e o Congresso? Assim, vou para o…



…FATO NÚMERO CATORZE - Se ele tentou dar um golpe (duas vezes) e foi impedido pela Justiça e pelas Forças Armadas - com a anuência do Congresso -, os que o contiveram, mantendo a integridade da Constituição, deram foi um contragolpe. Destaco agora o…



…FATO NÚMERO QUINZE - Não me peçam para anuir que, vá lá, golpe foi, ainda que diferente, ainda que necessário, sem que isso torne Zelaya um cara bacana… De jeito nenhum! Achasse eu ter-se tratado de um golpe, estaria defendendo a sua reinstação no poder. Concluo, pois, no…



…FATO NÚMERO DEZESSEIS - Este já tem a ver com a tese esposada por este blog desde o primeiro dia. As democracias da América Latina - e suas instituições - têm de ficar atentas para o golpe das urnas - ou “absolutismo das urnas”, como chamo. Também entre nós há correntes de “juristas” (com carteirinha do PT, evidentemente) que pretendem instituir a democracia plebiscitária. Temos de contê-los. Honduras foi o primeiro país da América Latina a coibir, com um contragolpe, o golpe bolivariano.



Se a tramóia chavista malograr no país, o chavismo começa a morrer. Se triunfar - e direi em outro post o que chamo “triunfo” -, todos nós estaremos um pouco mais ameaçados do que antes. Os que, com mais ou com menos ênfase, chamam “golpe” o que aconteceu em Honduras estão, por enquanto simbolicamente, pondo em risco a própria liberdade.



Honduras é um país pequenino e pobre. Mas decidiu que pretende equacionar seus problemas com democracia. Tomara que consiga. E minha admiração por aqueles que resistem ao cerco bolivariano e dos liberais do miolo mole é imensa.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Como agir corretamente?

Quando converso sobre filosofia com as pessoas, diversas são as vezes que o assunto deriva para uma mesma pergunta: “como saber se estou no caminho certo ou se irei fazer a coisa certa?”. Talvez pelo fato de que os grandes preconceitos (não terminar um casamento, não trocar muito de emprego, morar com os pais até conseguir comprar uma casa, etc) estão caindo, as pessoas sentem-se mais encorajadas a decidir sobre questões importantes e, com isso, a dúvida se o caminho correto foi o escolhido aumenta. A resposta para esta pergunta é muito, mas muito simples: basta fugir do caminho errado, que, por lógica, você estará no caminho certo.


A maldade é inata ao ser humano. Deixe duas crianças de poucos meses juntas, por exemplo. Antes que você “vire as costas”, elas já estarão se “degladiando”. Outro exemplo simples: o que leva um homem calmo e responsável, em um acidente banal de trânsito, puxar uma arma e tirar a vida de outra pessoa? A maldade. "Ah Júnior, mas isto pode ter sido o nervosismo e a raiva daquele momento". Tudo bem, chame como quiser. Em resumo, nascemos programados para o mal, no entanto a educação que recebemos ao longo da vida (seja ela na convivência familiar ou na social) nos faz isolá-lo e tentar fazer o bem para as pessoas. Por este motivo, por esta característica inata, é que conseguimos identificar a maldade (que, às vezes, nem existe, mas acreditamos que existe) com mais facilidade do que a bondade (que, às vezes, está diante de nós, mas não percebemos).

Supomos que você esta namorando ou é casado (ou casada) e aparece alguém na sua vida. A pessoa perfeita! Como saber se você deve largar tudo para ficar com ela? Será que você precisa largar tudo mesmo? Como saber o que é certo ser feito? Você não conseguirá ver o certo, mas perceberá o errado. Talvez, seja errado enganar a pessoa com quem você está. Se há um problema na relação de vocês, é errado que você ainda não tenha exposto este problema para ela. A pessoa que surgiu na sua vida sabe que você não está só? Não é errado esconder isso dela? Neste exemplo hipotético, o correto a ser feito (que, depois de identificarmos o que era errado, ficou bem visível) é ter uma conversa franca com a pessoa que convive com você e expor tudo que não está bem e o porquê não esta. Para a nova pessoa, seja sincero e diga que já há alguém na sua vida e que, embora as coisas não estejam boas entre vocês, você precisa saber se elas irão mudar depois da conversa que tiveram, antes de tomar qualquer decisão a respeito.

Em outro exemplo, você deseja trocar de emprego. Digamos que você já analisou toda parte financeira, é claro, e ela indica que você deve trocar, mas, por algum motivo, você está em conflito e não sabe o que fazer. Ora, se tudo diz que você deve fazer e você ainda não fez é por que há algo errado. Este alerta é emitido pelo nosso subconsciente. Como se algo, lá dentro, dissesse que você está fazendo algo errado. Digamos que você consiga se questionar com sinceridade e descubra que está mais motivada em trocar de emprego pela “mudança de ares”. Na verdade, ainda não analisou tudo com medo de isso lhe faça desistir. Isso é certo ou errado? Como este conceito é relativo, darei a minha opinião. Para mim, isto é errado. Analise todos os detalhes, sem medo. Fuja do que sabe que é errado fazer e, só então, decida. Às vezes, também trocamos de emprego motivados pelo dinheiro e entramos em ambientes corporativos que mais parecem uma guerra civil em clima de pós guerra militar. Se isso acontecer, bastarão poucos meses para você se arrepender.

Fazer a coisa certa é fazer o bem. Seja para você ou seja para outra pessoa. Na visão de Sócrates, segundo Platão, o ser feliz é o ser que objetiva o bem. Em outras palavras, se você fizer o bem, você será feliz (dãhhh, ok, eu sei que já estava bem claro). Diferentemente de Aristóteles, Sócrates não era um filósofo empirista, de modo que não há como provar na prática que esta teoria faz sentido, mas eu digo que desde que comecei a utilizá-la, as coisa têm dado muito certo para mim. Parece maluco, mas não duvido que possa dar certo. “Todos podem não acreditar, mas apenas os sábios não duvidarão”. Seja sábio!

domingo, 27 de setembro de 2009

Por que temer a felicidade?

Já comentei em posts passados, que a felicidade depende da interação com outras pessoas. Em uma conversa, ainda nesta semana, senti-me instigado a refletir sobre o bloqueio que o medo nos causa. Chega a ser paradoxal, mas nosso medo mais paralisante é justamente o de ser feliz.

O diálogo da semana fez-me lembrar de uma frase que ouvi certa vez: "Acho que vou desistir daquele namoro. Há muitas dúvidas, por isso tenho medo de não dar certo e me machucar, então, quanto antes sair, melhor". Pessoas assim geralmente nunca sofreram por amor, ou foram poucas as vezes que isso aconteceu, e se vangloriam por isso. Muitos podem ler e frase e concordar com ela, como certamente eu já fiz um dia, mas precisei mudar minha opinião a respeito.

Mudei tanto de opinião a ponto de considerar a frase absurda. É sempre complicado falar de sentimentos, pelo simples fato de, muitas vezes, já termos os vivenciado. Por uso farei uso de uma analogia.

Você deixaria de fazer uma prova (qualquer uma) por que não sabe se será aprovado? Dificilmente deixaria. Na maioria das vezes, temos mais certeza de que seremos reprovados do que aprovados, no entanto comparecemos no local marcado e saímos respondendo. Agora, se não deixamos de fazer uma prova por não termos certeza que seremos aprovados, por que então vamos desistir de uma relação por não termos certeza de que seremos felizes? Parece ilógico! Na verdade é!

Nosso medo, quando o assunto é relacionamento, é absoluto. Criamos mecanismos de defesa estúpidos que nos impede de amar e, até mesmo, de sermos felizes. Pensamos em "proteger" nossos sentimentos como se tivessémos autonomia sobre eles e assim vamos desistindo de viver. Tal como alguém que desiste de fazer uma prova por receio de não ser aprovado. Seria muito confortante começarmos algo tendo certeza de que conseguiremos o melhor resultado no final, mas isso tiraria todo o mérito da questão. A vida seria uma rotina decadente.

Sabe aquele frio na barriga que dá na hora de uma prova? É o mesmo que temos quando estamos apaixonados. Sua origem é a mesma: o medo. Neste caso, estamos potencializando o medo e transformando ele em algo bom, algo desafiador e não permitindo que ele nos paralise.

Aos que se vangloriam de nunca terem sofrido em um relacionamento, pergunto: do que vale ter a certeza de nunca ter ido mal em uma prova se você nunca for aprovado em nada? Do que vale se vangloriar de nunca ter sofrido por amor se você nunca amou alguém de verdade? Um aluno é inútil diante de uma prova respondida, tal como seriamos nós em um mundo sem dúvidas.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

ENSAIO SOBRE O IMPACTO DA EDUCAÇÃO NA CIENCIA 4/4

O caminho para a mudança

Faz-se necessário uma retomada a um ideal científico digno e alinhado as nossas reais necessidades, para que a responsabilidade da evolução social não seja apenas de poucos e bravos cientistas. O caminho para esta nova razão científica, passa por duas difíceis missões: estimular o “gosto pelos estudos” e reduzir nosso ímpeto consumista.

É preciso transformar o ensino em algo prazeroso para as crianças. A criatividade dos educadores precisa ser estimulada a criar métodos que as incentivem a estudar. Nos primeiros anos de ensino, nossa sociedade precisa ver a educação como algo saudável e agradável, pois só assim conseguirão percebê-la como importante, mais tarde. A filosofia deve pertencer às disciplinas dos jovens, porém com uma linguagem próxima a eles e aplicável aos conflitos do seu cotidiano. Ao invés de decorar informações, os alunos precisam criar conhecimento, pois este não será esquecido. Cabe ao professor estimular este desenvolvimento. Para isto, as instituições precisam dar-lhe liberdade.

Com uma base sólida, os jovens estarão mais dispostos a refletir sobre suas inquietações e a buscar o curso de aprofundamento que lhes permitam saná-las. O número de pessoas dispostas a abrir mão de riquezas para isso será maior e a sociedade inteira será beneficiada, pois os objetos de pesquisas retornarão para esta em forma de benfeitoria. O reconhecimento e a valorização será uma conseqüência natural para estes novos cientistas.

Quanto mais pensante for a nossa sociedade, menor será a influência que esta sofrerá e, consecutivamente, menor será a sua ânsia por consumo. Com a redução do padrão consumista, a mídia não será suficiente para que uma indústria venda a sua produção. Para tanto, as empresas precisarão repensar seus investimentos em pesquisas, uma vez que a sociedade estará atenta e priorizará o consumo daquelas que investem na sociedade.

O governo não poderá mais dedicar seus recursos de pesquisas quase que exclusivamente em estudos bélicos ou em tecnologias que objetivam alinhar sua economia, como fazem hoje. Combater povos e competir por mercados estrangeiros não são os ideais de uma sociedade civilizada e culta. Tais governos perderão sua elegibilidade e tornar-se-ão legendas ultrapassadas, dando lugar a partidos que assumirão uma postura desenvolvimentista e alinhada ao novo contexto social.

Por fim, a responsabilidade para tanto não é das instituições de ensino, dos governos, das indústrias ou de qualquer outra entidade. A responsabilidade é de cada um de nós. Assim como os professores devem ter a iniciativa nas escolas, os pais também precisam replicá-la em casa. Só assim formaremos futuros governantes que possam enxergar as vantagens deste novo patamar educacional/científico e acelerar as mudanças. Sempre é bom lembrar que toda e qualquer instituição é administrada por seres humanos e cabe a eles, ou melhor, a nós, a responsabilidade da mudança.

domingo, 20 de setembro de 2009

HOMOSSEXUALISMO 3/3

O preconceito irá acabar um dia?

Vou plagiar a idéia de Lou Marinoff e tentar utilizar a filosofia para esclarecer conflitos sociais modernos. Na verdade, nem tão modernos assim.

Tudo bem, talvez, estamos concordando que nossos pais nos ensinam que ser homossexual é errado. Mas por que eles fazem isto? A questão está na tese do Homossexualismo.

Hegel, filósofo fiel ao historicismo romântico do século 18, criou o seu método dialético. Os elementos básicos da dialética hegeliana são a tese, a antítese e a síntese. A tese é uma afirmação ou situação atual. A antítese é a oposição à tese. Quando ambas conflitarem será gerada uma síntese. Por fim, e por lógica, a síntese será a nova tese e ai o ciclo recomeça. Vamos a um exemplo.

Os professores de filosofia utilizam a Revolução Francesa para explicar a dialética, mas como não sou professor e prefiro exemplos modernos, vamos de racismo mesmo. Há cem anos, ver um negro como escravo era absolutamente normal. A tese, aqui, era "os negros são escravos". Então, diversos movimentos se opuseram a escravatura com a anti-tese de que "os negros deveriam ter igualdade de direito aos brancos". Destas duas, surgiu uma síntese (uma junção de ambas): o negro será livre, mas sem igualdade de direitos. Esta nova tese, gerou a anti-tese de que deveria haver agora igualdade de direitos. Ai, a síntese surgiu: negros com plena igualdade de direitos que os brancos. Esta é a atual tese e a nova antítese é que os negros precisam ter vantagens em relação aos brancos (como cotas em universidades e em empresas) para reparar o passado. Certamente, em alguns anos, teremos o desfecho destas em uma nova síntese.

Pense agora no homossexualismo. Há poucos anos, duas pessoas do mesmo sexo se beijando na rua era atentado ao pudor. A tese era de que ser homossexual era proibido. Uma antítese surgiu para reivindicar que gays e lésbicas deveriam ter os mesmos direitos de toda e qualquer pessoa. A síntese gerada foi apenas de não ser considerado proibido. Hoje, grupos lutam pela igualdade plena de direitos (casamento, adoção, divisão de bens, considerar preconceito como crime, etc). Estamos neste trecho da história, mas, sem dúvida, diversas novas sínteses surgirão até que um homem, assumidamente gay, seja respeitado.

Para quem acredita que este dia nunca chegará, o próprio racismo é um ótimo exemplo de provar a evolução da mentalidade humana. Pense em um país bem racista como os Estados Unidos. Voltamos alguns anos no tempo e imagine ir almoçar na casa de um texano conservador e levar um amigo junto. Um amigo negro. Seguramente, você iria ofender o anfitrião e nunca mais seria convidado. Para qualquer pessoa você estaria errado. Nossa evolução foi tão grande que hoje um negro é "apenas" o líder da maior nação do mundo. Por sinal, do mesmo país que estávamos utilizando como exemplo. Isto sim seria impensável.

Do mesmo jeito que falamos hoje "você sabia que os cinemas não aceitavam a entrada de pessoas negras?", daqui a alguns anos, as pessoas irão conversar na rua "você acredita que gays não podiam casar?" ou "você acredita que a pessoa tinha de esconder que era gay". No futuro, irão olhar para nós e nos considerar tão imbecis quanto nós consideramos nossos antepassados racistas.

Não preciso, e nem consigo, esperar cem ou duzentos anos para perceber que posso estar sendo um imbecil. Se posso mudar, mudo hoje e, por isso, apóio qualquer movimento que se oponha a preconceito, a racismo e a desigualdade.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

HOMOSSEXUALISMO 2/3

Por que ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando, às vezes, é nojento?

Esta repulsão é normal. Vou utilizar a mesma explicação que usei para uma pessoa especial, que estava com dúvidas de o porquê das pessoas sentirem repulsão de cicatrizes.



Nossa consciência cria imagens e as associa a um padrão ao longo da nossa vida. Esta imagem empírica do que é "normal" está no nosso inconsciente. Quando nos deparamos com uma cena que fuja muito deste normal, somos absorvidos por uma sensação de desconforto. Se nos acostumarmos com esta imagem nova, aos poucos nossa consciência a inclui no que consideramos normal, por isto ver um casal homossexual se beijando ou de mãos dados pode ser desconfortável.


Para quem não está convencido, saiba que há outros exemplos. Veja o caso de um mendigo, por exemplo. Quando somos abordados na rua por um deles, se o seu estado for de muita sujeira, péssima aparência e fala estranha, sentiremo-nos desconfortáveis. Não que somos pessoas ruins que não convivem com ninguém que não esteja limpinho, bonitinho e falando legalzinho. Não se trata disso. É apenas um desconforto auto-sensitivo. Até uma mãe se assusta ao ver o filho com o rosto deformado por uma queimadura, mas, depois de um tempo, ela "se acostuma", ou melhor, sua consciência.


Portanto, conforme citei no último post, fomos criados com a idéia de que ser afeminado, no caso dos homens, é errado. Somado ao fato de ver dois homens se beijando, como supra citei, causa desconforto, temos uma conta terríavel: sensação de algo errado + sensação de desconforto = preconceito contra homossexuais.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

HOMOSSEXUALISMO 1/3

Como o assunto é extenso, polêmico e interessante, vou dividí-lo em três partes:

1 - Por que pensamos assim?
2 - Por que ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando, às vezes, é nojento?
3 - Quando o preconceito irá acabar?


Por que pensamos assim?

Estava eu, ontem, no banheiro da UFRGS e li um dócil escrito de batom na parede: "Os alunos de economia, contabilidade e administração são gays". Primeiro, pensei em pegar uma caneta marca texto e responder: "gay é quem traz batom para o banheiro masculino", mas seria mais para satirizar do que para revidar. Depois, pensei: "se o cara que faz um destes cursos for gay? Qual o problema?".

Fiquei pensando por que o homossexualismo nos (nos = a sociedade) causa tanta revolta? Qual o problema com quem a pessoa escolhe beijar, abraçar e transar? Padres e beatas decidem não transar, homens decidem transar com mulheres, mulheres com homem e, algumas pessoas, com outras de seu mesmo sexo. Quem está certo e quem está errado? Ninguém. Trata-se apenas de uma escolha. Quem tomar sorvete de chocolate não está mais certo do que aquele que prefere o de morango. Mas por que o cara que escreveu a frase sabia que este assunto poderá ofender alguém?

Vamos utilizar um pouco a reflexão para entender onde o preconceito nasce.
A resposta disto está na nossa formação. Quando crianças, nós, meninos, ouvimos nossos pais dizendo: "não se faz isso por que é coisa de bixinha", "não se pode fazer aquilo porque vão dizer que você é viadinho", "homem não chora, quem chora são os florzinhas". Deste modo, associamos qualquer gesto de delicadeza masculina a algo errado e, ao chegar na escola, quando jovens, encontramos os outros meninos que foram formados dentro do mesmo sistema. Como aprendemos que ser afeminado é errado, logo, chamar alguém de afeminado irá ofendê-lo. E ai, quando adolescentes, começamos a empregar termos como: viadinho, gay, putinho, fresco, baitola, etc. Qualquer um que os ouça, setir-se-á ofendido, pois, desde que aprendeu a falar (e alguns pais, xingam os filhos que falam manhoso dizendo que isso é coisa de "mulherzinha"), associa isto a algo inadequado.

...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O paradoxo das falsificações

Tenho uma inquietação que meus amigos conhecem bem: produtos falsificados. Mas o que me deixa curioso, para dizer o mínimo, não está no objeto de consumo, mas nos seus consumidores.

Passei meu feriadão passado no Uruguai e, na parada obrigatória pelo Chuí, observava os FreeShops. Um amigo meu que fazia compras disse: "cara, este Nike é o modelo mais "top" e está custando R$100,00 aqui. Este foi o preço que eu paguei por um falsificado lá no Brasil". Somente meus amigos sabem o quanto aquela frase pode ter me incomodado. Agora, compartilho o motivo com todos.

A justificativa padrão dos consumidores de pirataria é de não concordarem com os abusivos preços que as marcas impõem e, com isto, os consumidores mais pobres, não têm acesso aos produtos de qualidade. Se este fosse o verdadeiro motivo, até poderia dar um pouco (mas bem pouco mesmo) de razão a eles, porém não é este o motivo.

Por R$100,00, você compra diversos tênis de excelente qualidade, inclusive da própria Nike. A questão é que, por este valor, você não consegue comprar o modelo mais "top" do fabricante. Então o sujeito, ao invés de adquirir um material confortável e durador, opta por um tênis vagabundo e desconfortável, porém, por fora, trata-se de uma réplica fidedigna do seu original "top" e é isto que importa para ele. Independente do tênis ser uma bosta, para as pessoas que irão olhar, ficará a impressão de que trata-se do original.

Como pode alguém concordar com isto? Como pessoas tão boas e bacanas, pois conheço algumas, agem desta forma? Deve haver um motivo, seja no inconsciente ou seja na consciência destas pessoas, que as motive a agir desta forma. Tenho até algumas opiniões a respeito, mas prefiro deixar para reflexão de cada um.

sábado, 12 de setembro de 2009

ENSAIO SOBRE O IMPACTO DA EDUCAÇÃO NA CIENCIA 3/4

A luz no fim do túnel


Apesar de tudo, a boa notícia é que esta postura educacional/científica não é unânime. Há pessoas, embora poucas, que conseguem passar por todos os anos da educação fundamental sem perder o ímpeto da dúvida. Continuam tentando transformar informações em conhecimento, mesmo que os métodos gratificam aqueles que apenas a decoram. Enfrentam colegas chamando-lhes de “nerds”, como se estudar fosse pejorativo. Assistem aos mesmos colegas serem recepcionados com festas, sempre que ganham as disputas de jogos infantis contra outras escolas, enquanto ouvem um singelo “Parabéns!”, ao se formar com a melhor nota da turma. Nestes, a capacidade reflexiva e pensante foi lapidada por sua insistência. Destas poucas pessoas, apenas algumas buscam a carreira de cientistas, pois se tornaram adultos capazes de defender seus ideais científicos em detrimento ao consumismo e encontram nas faculdades o patrocínio para suas teses.


Antes que possamos pensar que estas pessoas não existem, Nicolau Tesla (1856 - 1943) foi um destes. Morreu pobre, pois abriu mão de um contrato milionário para continuar suas pesquisas, que resultaram na invenção da corrente alternada (sem ela, possivelmente não teríamos energia elétrica em nossas residências). Atualmente, nossas universidades também estão cheias de jovens Nicolaus em seus centros de pesquisas. De qualquer forma, não é preciso, e nem justo, que os cientistas, cujas causas são o benefício da sociedade, morram na pobreza e sem reconhecimento.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Como ler um jornal

Havia programado outro tema para a reflexão de hoje, no entanto, ao ler o Blog do Reinaldo de Azevedo, não pude deixar de observá-lo como um exercício para inteligência.

Há alguns posts atrás, havia escrito que devemos analisar criticamente o lemos. Independente de quem teria sido o autor ou o veículo que o publicou.

Analisem como o jornalista fez isto:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/serra-quer-duplicar-esta-via-mas-ha-quem-queira-destrui-la/

Não estou dizendo que concordo ou que discordo dele. Sei que ele é anti-PT e isto sempre influencia seus comentários, porém sua análise deveria ser material de estudo para pessoas que absorvem informações de veículos, que possuem interesses distintos, como verdades absolutas.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A busca por status pode nos afastar de valores fundamentais

Conversava com uma amiga minha na terça-feira sobre o feriadão. Cada qual contava trechos de seus melhores momentos até que ela surpreendeu-me com dois dizeres:

1º - “Fui a uma excelente festa no feriado”
Explicando: Nada contra festas, curto elas. A questão é que sabia que havia uma pessoa na vida dela. Então questionei: “você foi a uma festa?”, e antes mesmo que eu menciona-se a tal pessoa, antevendo que eu falaria, ela adiantou-se e proferiu a segunda fala -e é sobre esta que eu decidi refletir-:

2º “Se estivesse namorando, não teria ido. Não acho certo uma pessoa que esteja namorando fazer festas”.
Explicando: Ela fica com um cara há alguns poucos meses e já gostaria de estar namorando-o, porém, por algum motivo, o cara ainda não se posicionou a respeito. Talvez esta tenha sido uma forma de ela fazer uma pressãozinha nele, do tipo “ou namora, ou começo a fazer festas”. Se é isto ou não, sei lá! Se vai funcionar, depende de quanto o cara se deixa influenciar. Enfim, não vou entrar na relação deles, apenas quero refletir sobre esta segunda frase.

O que nos motiva a fazer festas, ou mesmo flertar com alguém, usando outro exemplo, não é o fato de não termos um namorando (a). Namorado (a) é apenas um status. Não quer dizer nada! É uma bobagem! O que nos motiva a fazer isto é o nosso desejo de fazer. Quando optamos em não ir a uma festa ou a não flertar com alguém, não devemos agir desta forma por respeito ao namorado (a) e sim pela pessoa por trás dele. Caso contrário, quando este status for abalado -quando o namoro, por exemplo, não estiver tão bom-, não haverá motivo para respeitar a pessoa -e isso é horrível-.

Não estou entrando no mérito de julgar se é certo ou errado sair quando se está namorando, estou apenas refletindo sobre a frase. Quando ela diz "se estivesse namorando, não teria saido" ela afirma, deste modo, que respeitaria a pessoa apenas se ela fosse seu namorado, ou seja, se tivesse algum status para ela, ignorando que o importante não é isto e sim o sentimento.

Não há um botão mágico que é acionado quando se pede alguém em namoro e, com isso, a pessoa passa a gostar muito mais de você e respeitá-la mais. Em síntese, o sentimento -namorando ou não-, é o mesmo. E é este mesmo sentimento que deve evitar que você faça festas -caso você não faria isto se estivesse namorando, como afirmou minha amiga- ou flerte com alguém.

Algumas pessoas buscam status para tudo. Querem se formar para ostentar um título. Querem trabalhar e poder, um dia, ostentar um cargo. E em se tratando de relacionamentos, não agem diferente. Conheço pessoas -talvez não seja o caso da minha amiga- que querem namorar alguém. Não importa quem for. Saem de uma relação e, em poucos meses, já estão em outra. Se envolvem com os mais diversos tipos de pessoas, por não conseguirem conviver com o fato de não ter um namorado (a). Estas pessoas estarão mais sujeitas a infidelidade e ao desrespeito -pelos motivos que citei no parágrafo anterior-.

Por outro lado, há pessoas que ignoram o status e buscam essência para suas vidas. Querem se formar, porque descobriram que esta é a sua vocação. Querem trabalhar, por que acreditam nos valores do seu trabalho. Para estas pessoas, o que importa não é ter um namorado (a), mas sim ter alguém importante em suas vidas. Sabem que, namorando ou não, isto não altera o que sentem pelo companheiro (a).

Para tudo na vida -profissão, estudos, relacionamentos, etc.- devemos respeitar as pessoas e o que sentimos por elas ao invés de seu status. Caso contrário, você obrigará a pessoa que está ao seu lado a legitimar um status para ser respeitada.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A verdadeira independência


Por Denis Russo, publicado em seu blog no dia 07/09

Dê uma olhadinha na história da tecnologia nas últimas décadas e você vai perceber que as invenções que mudaram a sociedade e a cultura mais profundamente não eram simples produtos: eram plataformas.

O computador pessoal é uma plataforma. Sozinho ele não faz nada. Mas seu poder de processamento pode ser usado por uma infinidade de softwares. A invenção do computador gerou um surto de inovação que mudou o mundo.

A internet é outra plataforma. Ela não passa de uma rede de conexões. Mas como é uma rede aberta, qualquer um pode utilizá-la para inovar, para criar sites, para divulgar conteúdo, para trocar ideias, para inventar ferramentas.

O google, a mais bem sucedida empresa da internet, é outra plataforma – uma plataforma de busca que fez nascer uma economia na internet. Utilizando essa plataforma aberta qualquer site pode achar um público e gerar receita divulgando anúncios.

E o iPhone é outra plataforma. Na origem, ele era só um telefone mais legal e bonitão. Mas, como é relativamente aberto, gerou outro surto de inovação. Dezenas de milhares de pessoas e empresas criaram aplicativos para o iPhone, aplicativos que a Apple sozinha jamais seria capaz de inventar.

Plataformas são democratizantes, inclusivas. Cada nova plataforma convida uma multidão cada vez maior de pessoas a participar do trabalho de criar coisas novas. E quanto mais gente criando, maior a chance de coisas transformadoras surgirem.

E se transformássemos o governo em uma plataforma aberta?

É essa a ideia de Tim O’Really. O’Reilly é um visionário profissional. Sua sacada mais famosa foi ter criado a expressão “web 2.0”, mas faz mais de 20 anos que ele se dedica a apontar a próxima grande onda – e quase sempre acerta. O’Really é o organizador do gov2.0 Summit, que começa amanhã em Washington. Escrevo do avião, a caminho de lá.

Na analogia de O’Reilly, governos hoje se parecem com uma “vending machine”, aquelas máquinas de vender refrigerantes ou salgadinhos. Você coloca o dinheiro (os impostos), a máquina solta um pacotinho de amendoim (o serviço público). Se o amendoim não vier, o máximo que você pode fazer é chacoalhar a máquina (protestar, fazer passeatas, gritar “fora Sarney”).

Na visão de O’Reilly, devíamos substituir o governo-vending-machine por um governo que funcione mais como um computador, a internet, o google, o iPhone. Uma plataforma aberta, a partir da qual todo mundo pode inovar, criar, colaborar. Se o serviço é ruim, você melhora. Um governo de código aberto.

Funcionaria assim: o governo disponibilizaria toda informação disponível sobre a sociedade – todos os dados, todos os números, todo os fatos (o governo Obama está tentando começar a fazer isso com o site http://www.data.gov/). Aí, qualquer pessoa que quiser inventar um “aplicativo” para a plataforma-governo teria direito de fazer isso. O governo deixa de ser o agente da administração – passa a ser apenas a plataforma sobre a qual qualquer cidadão pode se governar.

Aplicativo de governo? Como assim? Não sei bem ainda. Tudo isso ainda parece bem vago, embora promissor. Assim como seria impossível prever quais softwares surgiriam antes da invenção do computador, também não dá para prever como o governo mudará quando virar uma plataforma. Mas o Summit em Washington será uma primeira reunião entre gente do país inteiro envolvida em projetos de transparência, democracia, cidadania, participação, colaboração, para começar a formular essa ideia. Toda a cúpula de tecnologia de informação da Casa Branca vai estar lá, além de gente ligada aos projetos mais inovadores de estados e cidades, comandantes militares, inovadores da saúde e educação, autores como o ótimo Clay Shirky e empresas como a Google e a Microsoft.

O Brasil não poderia estar mais longe dessa realidade. Aí na terrinha o governo não apenas não é uma plataforma aberta como nem sequer a vending machine funciona direito. Colocamos um monte de dinheiro e o amendoim vem murcho. E, por mais que chacoalhemos a máquina, o Sarney não cai.

Mas às vezes tenho a esperança de que essa nossa desvantagem vire uma vantagem. Sabe a história do atraso que acaba ajudando novas tecnologias a se espalharem? (Exemplo: no Brasil faltavam linhas fixas de telefone e isso acelerou a adoção do celular.) Quem sabe nossa vending machine quebrada acabe sendo um incentivo para as pessoas adotarem de uma vez o governo-internet. Mesmo que os Sarneys e os Azeredos da vida não queiram. Isso sim seria uma “nova independência” – independência dos políticos.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

ENSAIO SOBRE O IMPACTO DA EDUCAÇÃO NA CIENCIA 2/4

A influência de uma má formação acadêmica nas ciências

As pesquisas e as ciências são responsáveis pela evolução da nossa sociedade. Chegamos ao grau de evolução que usufruímos hoje, através dos inúmeros objetos de pesquisas desenvolvidas por outros inúmeros cientistas. Demócrito, filósofo que estudava a natureza em 400 a.C., desenvolveu a teoria atômica da matéria. Sem ela, não teríamos explorado a química como fizemos e talvez não usufruíssemos de seus adventos. Alguns cientistas, como Galileu, Copérnico e Darwin, opuseram-se aos dogmas teocráticos de suas épocas, em nome do avanço que suas pesquisas trariam. Todos possuem algo em comum: a forma como foram educados.

Na época de Demócrito, não existiam instituições de ensino. Para ser educado, as famílias contratavam educadores que focava seu método em lógica matemática e ensinamentos filosóficos. O aluno aprendia da forma que melhor se adequava ao ensino. No caso dos renascentistas, as escolas e as faculdades, com poucos anos de existência, valorizavam o mestre. Cada professor decidia como seria sua aula e como conduziria suas turmas, sem mencionar que os alunos podiam interagir em todas as disciplinas. Com isso, após assistir a uma aula de geometria, Galileu abandonou a medicina para fazer matemática. Se fosse aluno do sistema atual de ensino, possivelmente Galileu seria apenas mais um médico.

Os cientistas atuais, por conseqüência de sua formação acadêmica, como já vimos, objetivam um bom salário. A eles não interessa a teoria a ser comprovada, mas o quanto irão ganhar. O bom salário dará a eles o conforto e o luxo consumista que aprenderam a gostar, como boa parte das pessoas em nossa sociedade. Para tanto, não importa se suas pesquisas resultarão em uma bomba atômica que dissemine a vida em uma região, ou em um mecanismo eletrônico que atrofie a capacidade de reflexão dos jovens. Seus valores éticos e morais não encontraram espaço para serem lapidados.

É preciso deixar claro que nunca houve pesquisa desinteressada. Demócrito era patrocinado pelo governo de Roma, que utilizava suas descobertas filosóficas para garantir a soberania do governo sobre os plebeus. No caso de Galileu, sua universidade financiava suas pesquisas em busca de renome. A diferença, então, está na decisão da pesquisa. Antes, cabia ao cientista dizer ao seu patrocinador no que ele estava estudando para que este demonstrasse interesse em financiá-lo, caso contrário, buscaria outras fontes de recursos. Hoje, os patrocinadores (indústria ou governo) dizem o que precisam e contratam os cientistas para que desenvolvam. O povo, em sua letargia, alheia-se aos investimentos em pesquisas e só os descobrem quando a mídia vincula a informação. Para o profissional, indefere se ele trabalhará na cura da AIDS ou no desenvolvimento de uma nova ferramenta bélica, pois a ele interessa o salário. Chegamos ao cúmulo de a indústria definir quais devem ser as novas formações acadêmicas (como é o caso dos cursos de Engenharia Metalúrgica e de Engenharia Petrolífera), para que os futuros cientistas já saibam no que irão trabalhar. O mais curioso é que a procura para estes cursos só aumenta, demonstrando a tendência moderna das pessoas procurarem um curso por sua empregabilidade e não por sua identificação com ele.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

ENSAIO SOBRE O IMPACTO DA EDUCAÇÃO NA CIENCIA 1/4

Precisei criar um ensaio para a faculdade e gostaria de compartilhar com vocês os aspectos que trouxe neste texto. Para não tornar a leitura cansativa, dividirei ele em quatro partes:

1 - Nosso modelo educacional;
2 - A influência de uma má formação acadêmica nas ciências;
3 - A luz no fim do túnel;
4 - O caminho para a mudança.

Então...

Nosso modelo educacional

Quando crianças, o mundo ao nosso redor é uma profunda descoberta. Tudo nos intriga e tentamos encontrar resposta para cada dúvida que surge. Atravessamos todos passamos por uma fase chamada de “A idade dos porquês”. Porém, fazendo uso deste recurso, você saberia dizer por que esta fase inicia-se aos cinco anos e encerra-se, aproximadamente, aos sete anos? Porque é nesta época que descobrimos a escola. Não que esta tenha o poder de sanar nossas dúvidas, mas ela nos tira a capacidade de questionar.

Antes da escola, podíamos escolher como queríamos aprender (seja lendo, seja assistindo TV ou seja escrevendo). Testávamos os métodos e seguíamos aquele que melhor nos apitávamos. Parávamos quando queríamos. Nos dias que não nos interessava estudar, brincávamos. Ao ingressarmos na escola, descobrimos, mesmo que em idade precoce, que para aprender é preciso seguir um horário e ter disciplina. Se a sua melhor forma de aprender era através de filmes educativos, isto pouca importa para o professor que realiza os ditados ou para a instituição que não tenta descobrir o perfil do aluno. Além disso, os professores que não conseguem manter a disciplina da sua turma através de influência, utilizam o poder e, com isto, até as crianças que nunca foram repreendidas em casa conhecem, na escola, termos como castigo ou repressão. Com este choque cultural na infância, não há como evitar que ato de estudar seja associado a uma exigência cansativa, ao invés de uma necessidade prazerosa.

Quando adolescentes, nos questionamos o porquê de aprendermos disciplinas como geografia e biologia, por exemplo. O método utilizado esconde-nos o verdadeiro sentido delas. Ao invés de explorar o quão interessante possam ser, nós, os alunos, somos submetidos a sessões de decoreba. Memorizar uma informação é mais importante do que absorver um conhecimento. Por este motivo, esquecemos tudo que aprendemos nesta fase. Faça o teste. Questione algo simples a um adulto, como qual o nome dos planetas do sistema solar ou qual a diferença de sangue venoso e para sangue arterial. Poucos saberão as respostas. Se retornarem ao ensino fundamental, o conhecimento dos adultos poderia ser comparado ao dos alunos que estão iniciando seus cursos, como se nunca tivessem passado por uma sala de aula.

Ao invés de utilizar este período escolar para criar nos jovens uma base de conhecimento, que facilite a constituição de uma sociedade pensante, solidária e com valores adequados, as instituições de ensino tornam o ato de estudar um fardo. O aprendizado deixa de ser valioso e a passa a ser um peso nas costas dos jovens, que anseiam pelo dia que deixarão a escola. Por conseqüência, a única razão explicável de estudar é tornar-se um profissional. Em outras palavras, para conseguir um bom emprego. A faculdade, que deveria ser o aprofundamento dos conhecimentos, passa a ser a última etapa para um excelente trabalho ou uma carreira promissora.

Como a escola não nos dá base para nos tornarmos adultos reflexivos e pensantes, seguimos o antônimo de ambas e hoje somos uma sociedade influenciada e letárgica. As conseqüenciais disto podem ser ainda mais preocupantes do que apenas contrair defeitos e abrir mão de importantes virtudes. Por sermos influenciáveis, permitimos que a mídia, por exemplo, nos transforme em uma sociedade consumista e, para citar outro exemplo negativo, os governos exploram nossa letargia e apropriam-se de recursos públicos como se fossem pessoais, sem que ninguém questione no que estão sendo aplicados e de que forma isto é feito.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Um homem, um vulto e a bondade

Todos os momentos de nossas vidas podem ser momentos de reflexão. Tive um bom exemplo disto hoje, no metrô.

Cheguei à estação Mercado (primeira estação da linha, na região metropolitana de Porto Alegre) e o metrô estava parado, com as portas abertas e aguardando os passageiros. Por estar vazio, pude escolher com tranquilidade onde sentar. Escolhi um banco grande. Destes que diversas pessoas sentam alinhadas. Abri meu livro e ative-me a minha leitura. Assim permaneci, enquanto pessoas entravam no vagão e ocupavam os demais assentos. Em poucos minutos, todos estavam ocupados e já havia algumas pessoas de pé. Envolvido na leitura, não reparei muito quem estava por perto, nem tão pouco quem estava de pé. Na verdade apenas identifiquei um vulto próximo e de pé, mas não me ative a repará-lo.

Ao meu lado, sentava-se um homem que, no movimento de arrumar sua pasta, deu a entender que se levantaria. Neste momento, o vulto, que supra citei, praticamente saltou em direção ao local que ficaria vago, no entanto recuou e disfarçou quando percebeu que o homem, na verdade, apenas organizara seu material. Porém o homem percebeu a reação e o constrangimento do vulto. Ele, o homem, olhou para o banco em que sentávamos e notou ter espaço para mais uma pessoa. Pediu para a senhora ao seu lado e para mim, que fossemos mais para o lado. Se ele fizesse uso da linguagem popular, teria dito "aperta que cabe mais um". Quando o espaço foi suficiente para mais uma pessoa sentar, ele chamou o vulto, que na verdade era um senhor de bastante idade e que tremia de frio.

O gesto de solidariedade do homem não cessou. Ou melhor, a bondade dele não cessou. Quando o senhor já estava ao seu lado, ele lhe olhou nos olhos e perguntou o óbvio: "está com frio meu senhor?" e, também obviamente, a resposta foi “sim”. Com isso, ele pegou na mão do senhor, as esfregou e disse "não se preocupa que logo o frio passa!". E o recebeu um sorriso extenso e sincero como retribuição.

Fiquei pasmo com o gesto. Mesmo nos dias de hoje, mesmo com tanta indiferença e egoísmo, algumas pessoas conseguem manter sua bondade intacta. Genial!!!

Mas sabe qual foi a maior lição? Talvez você também a tenham. Caso você tenha lido com dedicação o texto que criei, terá utilizado a imaginação para remontar a cena que não presenciou. Portanto pergunto: como você imaginou este homem? Um gordinho simpático e sorridente? Um magrinho lépido e solista? Grisalho, branco e bem vestido?Vou mudar a pergunta. Alguém imaginou este homem como sendo negro, mal vestido e sujo? Pois era exatamente assim que ele era.

Em minha leitura, não reparei ninguém que entrara no vagão, com exceção a este homem. Chamou-me atenção, não sua cor, obvio, mas sua vestimenta suja dentro de um semblante sorridente. Porém jamais poderia imaginar que dentro de um vagão com outras pessoas tão branquinhas, limpinhas e bem vestidinhas, ele fosse superior a todos. Um preconceito cretino da minha parte, mas que me orgulho de conseguir admiti-lo, pois só assim conseguirei corrigi-lo. Em outras palavras, a bondade não escolhe cor e não escolhe roupas. A verdadeira virtude reside no interior das pessoas.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Série POLÍTICA: Paradoxo partidário II


Desconhecer os partidos políticos é desconhecer a ideologia do político que estamos elegendo. Quando votamos, é tão importante entender o partido quanto ouvir o político. Uma coisa está diretamente relacionada a outra. Todos já devem ter ouvido a frase de que "o político representa o partido no governo" e é a mais pura verdade.

Vamos a um exemplo:
Na democracia brasileira, cada partido tem o direito de indicar um candidato para governador (a regra é mais complexa que isto, mas não vou entrar em detalhes). Este político é escolhido pela sua elegibilidade, ou seja, pela capacidade que ele tem de angariar votos. Outro ponto considerado na escolha é a aderência do candidato à ideologia do partido. Como eu descrevi no último post da série, um político socialista deve preservar os preceitos socialistas e o mesmo ocorre com o político democrata. Mas qual é o real impacto disto na sociedade?

No Rio Grande do Sul, em 1999, o Governador Olívio Dutra permitiu que a Ford saísse do estado. Em resumo, a montadora já possuía o terreno e, inclusive, já havia iniciado as instalações, porém o governo do estado não liberou os incentivos fiscais exigidos pela empresa. Em contra partida, o Congresso Nacional (na época, presidido por ACM) aprovou uma lei liberando incentivos fiscais para o Nordeste. Com isso, a Bahia de ACM entrou na jogada e levou a Ford. Os gaúchos, até hoje, reclamam da negligência de Olívio, mas todos reclamam em vão.

Dias atrás, eu conversava com um colega de trabalho sobre o assunto e ele dizia se sentir arrependido em ter votado no governador do PT. Questionei-lhe o porquê da insatisfação do voto e ouvi o caso da Ford como justificativa. Então, tornei a questioná-lo se ele era a favor da instalação da Ford e sua resposta foi sim. Por último, perguntei por que ele votou em um político socialista então, mas para esta pergunta ele não tinha resposta.

Nas eleições de 1998, Olívio foi claro ao afirmar, em seu plano de governo, que sua gestão iria favorecer o pequeno empresário e não o grande. Só isto seria suficiente para alguém que quer uma montadora em seu estado votar em outro candidato. Para aos eleitores que não leem planos de governo, como o meu colega, bastaria atentar-se à legenda do candidato. Como já citei, é política socialista não investir em grandes empresas, favorecer empresas pequenas e focar na gestão e no fortalecimento das empresas estatais.

Portanto, quando votar, é preciso alinhar os seus ideais com os ideais do partido (e não basear-se apenas nas palavras de um político, pois há um aparato atrás dele, que é a sua legenda) do seu candidato. Isso é ideologia afim.

Muitos são os que reclamam dos políticos. Poucos são os que fazem a sua parte na democracia (como estudar planos de governo ou, simplesmente, entender o que é um partido político e qual a sua função).




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Posts anteriores da Série:
http://taosofia.blogspot.com/2009/08/serie-politica-paradoxo-partidario-i.html
http://taosofia.blogspot.com/2009/08/serie-politica-definicoes-basicas-iii.html
http://taosofia.blogspot.com/2009/08/serie-politica-conceitos-basicos-ii.html
http://taosofia.blogspot.com/2009/07/serie-politica-definicoes-basicas-i.html
http://taosofia.blogspot.com/2009/07/serie-politica_30.html

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Nelson Rodrigues

Por Gabriel Perissé, publicado na Edição 408 do Correio da Cidadania

Muitas pessoas, sem pensar, usam a terrível afirmação de Nelson Rodrigues: "Toda unanimidade é burra". E imagino que Nelson chamaria de "cretinos fundamentais" ou de "grã-finas com narinas de cadáver" (dependendo do caso) aqueles a quem ouvisse repetir esta sua famosa frase.

Trata-se de uma frase de efeito. Como aquela outra: "Nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais". Ou esta: "Um suicida já nasce suicida". Expressões que Nelson colecionava para nos fazer refletir, provocar polêmica, e não para encerrar discussões ou aumentar o número de lugares-comuns.

Frase de efeito que é também armadilha de Nelson. Quando todo mundo concordar que toda a unanimidade é burra ficará comprovado que toda a unanimidade é burra mesmo!

A palavra "unanimidade" vem do latim unanimis. Significa, simplesmente, que duas ou mais pessoas vivem com um (unus) só ânimo (animus). Um time de futebol bem treinado, uma equipe de trabalho bem articulada, dois amigos leais, um casal que pensa e age em harmonia são exemplos de unanimidade inteligente.

Em dados contextos, sim, a unanimidade pode ser burra. É burrice todos obedecerem cegamente a uma ordem que vem não se sabe de onde com finalidades obscuras ou inconfessáveis. É burrice, por exemplo, comprarmos um livro pelo único fato de ele constar da lista dos mais vendidos. Unanimidade inteligente começa na alma de cada um. Começa na individualidade. Na luta pessoal contra as nossas intolerâncias, contra essa tendência a só sentir as próprias dores, a observar o mundo pelo buraco de um canudinho.

Unanimidade inteligente requer a liberdade de distinguir entre o direito nosso de questionar e o dever nosso de comprometer-nos. Requer, mais ainda, a capacidade de reconhecer que podemos estar errados e a maioria estar certa...

Existem unanimidades excepcionais. Os especialistas da educação são unânimes, por exemplo, ao afirmar que todo aluno pode descobrir o prazer de aprender. Esta verdade ajudará os professores a trabalharem com ânimo e esperança.

Espero que sejamos unânimes, também, quanto a certas idéias e valores que nos obrigam a repensar nossa conduta, pedir perdão, desdizer o que dissemos, enfim, melhorarmos como pessoas.

O ser humano é perfectível. Seremos mais humanos se formos unânimes naquilo que valha a pena. A melhor forma de vencer a unanimidade burra é participar da unanimidade inteligente.