quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Extinção: não discurse de cueca!


A ignorância me revolta na mesma proporção que os discursos prontos. Ontem, em uma aula de produção de textos, no meu curso de administração, os alunos tinham de analisar a figura de uma baleia sendo capturada por um grupo de homens e redigir um texto sobre o que a imagem lhes transmitia. Uma mente pensante foi capaz de escrever, mais ou menos, o seguinte: "o homem, com a caça predatória das baleias, está causando a extinção deste ser vivo. Quando a mata, o homem não reflete sobre o mal que está causando à espécie". Vamos às revoltas:


1 - Parte da turma adorou o texto.
2 - Quem é este homem destruidor e insensível?
3 - Predatória???

É bizarro que o discursos midiático consegue influenciar, ou melhor, cegar as pessoas. Ouve-se falar em caça "predatória" em jornais e em revistas, mas ninguém analisa, ou simplesmente desconhece, que predador é aquele que se alimenta a partir de um ser de outra espécie. As vacas podem até morrer por causas predatórias, mas não as baleias. Só há um país que ainda consome sua carne, o Japão, e mesmo assim o consumo é baixo. O grande motivador da caça é a extração das substâncias derivadas deste animal, como a obtenção de âmbar, por exemplo. Esta substância é utilizada, em larga escala, na perfumaria. Ela prolonga a fragrância e amplia a complexidade dos aromas. Outra utilidade de uma baleia morta é a extração de espermacete, que, por sua vez, é utilizada em cosméticos para maximizar seus efeitos revitalizantes.

A baleia não é morta pelo "homem" e os assassinos da foto tão pouco são predadores. Quem mata este animal somos nós, para nos sentirmos mais jovens e mais perfumados. Confesso que não leio a composição química dos perfumes que compro, porém não abro a boca para fazer discurso midiático massivo, deixando de analisar onde está a minha parcela de culpa no problema.

Como dizem aqui na minha terra, "posso não ser o mais correto, mas não saio por ai pregando moral de cueca"

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Nobel de Economia


Assistia ao Manhattan Connection no último domingo (o único programa que ainda assisto na TV) e analisava os comentários feitos pelos membros da bancada do programa sobre o premio Nobel de Economia deste ano. Comentaram que a premiação foi entregue a uma mulher que não possui formação em economia e, em época de crise econômica, perdeu-se uma ótima oportunidade de premiar os economistas que realmente fizeram algo para amenizar os impactos da crise. Sempre admirei a opinião deles, mas desta vez fui obrigado a reconhecer que ninguém, pelo menos no programa, alcançou a intenção da premiação.

Elinor Olstrom (Nobel de Economia 2009) ficou conhecida (e por isso ganhou o prêmio) por pesquisar os "commons", que são todos os recursos administrados coletivamente e não apenas pelo governo ou pelas corporações. No Brasil, usamos o termo "externalidades" para o mesmo emprego. Quando uma empresa produz determinado produto, ela possui diversos custos: impostos, folha de pagamentos, despesas, etc. Ou seja, para tudo que ela utiliza, será pago um valor. Mas e os detritos, mesmo que legais, que ela despeja no meio ambiente? E a poluição, mesmo que mínima, que ela libera? Quem paga esta conta? Este é um exemplo de "commons". Elinor quer aproximar o mundo desta realidade. Percebam, agora, a importância do Nobel deste ano!!!

Você já reparou que os países de maior economia do mundo (EUA, Japão e China) são também os maiores poluidores? Acredita que isto seja apenas uma coincidência? A economia tem ignorado que os seus setores (agricultura, indústria e comércio) dependem de fatores ambientais. Este desprezo pertence a um modelo econômico ultrapassado e que precisa ser re-inventado. Caso algum teórico deste meio tivesse recebido a premiação, os suecos, mais uma vez, estariam parabenizando o erro.

Em plena era de pós-crise, talvez um dos momentos mais importantes da economia mundial de todos os tempos, os cinco suecos do prêmio Nobel ignoraram todos os analistas que previram a crise e os economistas que amenizaram seu impacto. Diversos estudos foram criados nos últimos meses. Talvez, parte do material mais importante da economia fora produzido durante este período. No entanto eles ignoraram tudo isto para dizer a todos que, independente de quem tenha afundado ou de quem tenha se recuperado na crise, todos dependem do meio ambiente e este precisa ser o foco da economia contemporânea.

Até então, o trabalho de Elinor era anônimo. Ela era invisível para o mundo. Ao premiá-la, os membros do Nobel fazem o mundo olhar para ela e, principalmente, para o seu trabalho. De nada adianta sairmos de uma crise se não tivermos para onde ir. Talvez este seja o inicio de uma nova tendência econômica. Uma era em que o crescimento precisa ser sustentável.

domingo, 18 de outubro de 2009

Paixão e Amor.


Inspirado no casamento de um dos meus melhores amigos, Javorski, escrevo sobre algo que refleti muito ontem, na sua cerimônia.

Quando estamos apaixonados, projetamos uma imagem da pessoa. Nesta imagem, jogamos todos os nossos desejos de como gostaríamos que esta pessoa fosse. Por exemplo: quando você conhece alguém e começa a imaginar como esta pessoa será (será que ela é inteligente? será que tem um bom assunto? será que é carinhosa? será que é engraçada?), você já está apaixonada. Ai, segue-se dois caminhos:


1 - As imagens serão bem diferentes da realidade
Neste caso, você se desilude da pessoa. É o momento em que você diz para si mesma "achei que ia ser diferente", "tinha tudo para dar certo, mas não bateu aquele brilho no olho" ou então "não rolou uma química". Algumas pessoas ficam frustradas nesta fase e começa a achar que nunca mais encontrarão alguém interessante ou que estão muito exigentes, quando na verdade estão apenas criando muitas imagens.

2 - As imagens estão muito próximas ou exatamente iguais à realidade
Ai ferrou! Este é o estágio em que você cai de paixão pela pessoa. Tudo que você faz é pensar nela e, quando a vê, confirma mais imagens. Ela vai se tornando cada vez mais perfeita para você e cada vez mais você quer estar ao lado dela. Há quem tenha criado estatística para paixão e afirme que ela não dure mais de dois anos. Mas e ai, o que vem depois? Novamente dois novos estágios:

2.1 - O amor não surgiu
É possível que a pessoa tenha se demonstrado exatamente como você pensou que ela fosse, mas não basta isso para existir amor. É importante que ela não tenha se demonstrado como você não gostaria que ela fosse. Calma, eu explico: digamos que você tenha imaginado que a pessoa seria carinhosa, inteligente e bem humorada. Isso apenas alimentará a paixão. O amor verdadeiro alimenta-se de como você NÃO gostaria que pessoa fosse. Se você detesta pessoas egoístas, mesmo que ela tenha todas as qualidades que você sempre sonhou, você nunca conseguirá amá-la. Alguns destes "defeitos" nós nem perceberemos, mas nosso inconsciente pode detectar e nos afastaremos aos poucos da pessoa. Depois de algum tempo junto, você vai começar a achar mais interessante estar sozinha do que com a pessoa. Nos momentos chatos da relação, você vai se perguntar: "Que diabos eu estou fazendo aqui?". se isso acontecer, seja sincero com a pessoa e desista da relação. Admita que falhou na escolha e siga em frente. Muitas vezes, insistimos em um relacionamento por termos dificuldade de admitir nossos erros.

2.2 - O amor surgiu
Ai ferrou mesmo!!!
Já li muito sobre amor. Acho que o seu significado está dentro do livro das super respostas, junto a resposta de outras dúvidas como "a terra foi criada ou sempre existiu?", "Deus existe?", "qual é a idade do Silvio Santos?" (ops!, esta não). Mas enfim, tá lá o amor. Voltando a ele, como nunca encontrei uma resposta, tomo a liberdade de criar a minha:

O amor não é um sentimento, mas um estado. Quando o temos por outra pessoa, nossas forças e energias são transferidas integralmente para ela, sem que haja anseio de receber algo em troca. Quando amamos alguém, a felicidade desta pessoa é mais importante do que a nossa, assim como o seu bem estar, o seu conforto, as suas realizações e, até mesmo, a sua saúde.

Quando duas pessoas se amam, cada qual se preocupa com a plenitude do outro, deste modo, ninguém estará vulnerável.

Neste estágio do relacionamento, não importa mais se a pessoa atende às imagens, pois você não as cria mais. Você sabe como a pessoa é, sabe de seus planos, sabe de sua vida e faz de tudo para que ela realize-os. Você encara isso como o seu objetivo.

No entanto, pequenas imagens são fundamentais para manter uma relação longe da rotina (mesmo que exista amor, a rotina é um mal que precisa ser evitado), mas dai elas dependerão da afinidade e esta nem sempre está presente no amor (lá vamos nós...).

2.2.1 - Amor, mas sem afinidade.
O relacionamento pode estar fadado à rotina e esta é a única capaz de corrompê-lo. Se você é uma pessoa acomodada, tudo bem. A rotina não irá atrapalhar. Agora, se você é aventureira e esta sempre em mudanças, a rotina acabará com o relacionamento em pouco tempo.

2.2.2 - Amor com afinidade!
FERROU TOTAL MESMO, MESMO!!!
Amor com afinidade é a plenitude do relacionamento. Por um lado, há o amor garantindo que ninguém esteja vulnerável; pelo outro, há a afinidade, garantindo que ainda tenha espaço para paixão quando amamos. Explicando,...
...como a paixão é a projeção de imagens, quando amamos a afinidade é a única que pode garantir novas realizações de imagens. Imagine o dia que você estiver cansada e projetar a imagem de um jantar te esperando quando chegar em casa. Ai, você liga para o maridão (afinal, se você chegar ao 2.2.2 case com o cara!) e dá a entender que está precisando de atenção (mas não irá sugerir o jantar, óbvio). Então, você chega em casa e ele faz exatamente o que você havia pensando (realizando a imagem). Quando você pensar em viajar, ele já comprou as passagens certas ou, no mínimo, estava pensando na mesma viagem que você. Em resumo, a afinidade garantirá que a outra pessoa sempre possa lhe surpreender e isso isolará a relação da rotina.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ensino Público: mudança sem precisar mudar?

Correu-me uma lágrima ao ler o editorial da Zero Hora de ontem (não estou sendo sentimental, mas sim irônico). Educadores e pessoas ligadas ao ensino, no estado, buscando motivação para continuar lecionando e criticando a qualidade deste (infra-estrutura, preparo dos profissionais, baixos salários, etc).
Mas por que o ensino público é tão ruim? Por que os professores ganham mal?

Nas escolas particulares, sabemos que a realidade é outra. Elas possuem os melhores professores e pagam os maiores salários, porém não podemos confundir as coisas. Esta não é a diferença. A diferença é o controle!

Eu tinha um professor de matemática, na escola pública onde estudei, que enchia o quadro de exercícios e ia para a porta fumar. Quando os alunos faziam alguma pergunta, ele dizia: "guarda todas as dúvidas, porque, no final da aula, eu vou copiar as resoluções para o quadro". Parece irônico, mas este mesmo professor de merda, liderava as passeatas sindicalistas que reivindicavam melhores salários. Quando eu o perguntava o porquê dele acreditar que merecia um aumento, ele dizia: "Porque eu ganho muito mal". A bom, tá explicado!!! Se fosse por isso, todo mundo iria sair às ruas amanhã reivindicando salários melhores, pois eu não conheço ninguém que diga "Cara, como eu ganho bem!". Mas ok, vamos continuar procurando a resposta.

Você acredita que profissionais de uma empresa privada seriam excelentes profissionais se não houvesse nenhum tipo de acompanhamento de suas responsabilidades? Qual empresa paga os melhores salários e possui os melhores profissionais: as falidas ou as mais produtivas? Embora estejamos falando do setor privado, a analogia com o ensino público é perfeita. As escolas estaduais não possuem nenhum tipo de controle sobre seus funcionários, estão falidas e só aglomeram profissionais que não conseguem (ou ainda não conseguiram) uma vaga no setor privado (que seriam as empresas produtivas). Ou seja, a diferença está no controle! É por esta falta de controle e de critérios de avaliação dos profissionais, que temos um sistema educacional deficitário.

O ensino público está falido e cheio (apenas cheio e não completamente cheio) de péssimos profissionais. Isto é fato! Se você tivesse uma empresa falida e cheia de gente inútil, você acredita que solução para salvá-la da crise seria apenas aumentar o salário desta gente? Francamente!

Primeiro, é preciso limpar a empresa dos profissionais ruins. No nosso caso, o ensino público dos professores letárgicos. Depois, começar a dar resultado e, por último, melhorar o plano de carreira para pagar salários adequados.

Se aquele meu professor de matemática, todo semestre, fosse avaliado a partir do rendimento dos seus alunos, em um Exame Estadual de Análise de Ensino e que, caso eles não fossem bem no exame, ele pudesse ser demitido, você acredita que ele seria tão relapso com a turma? Até poderia ser, mas seria demitido. Isto é controle. Esta é a única forma melhorarmos o ensino público para que os professores possam ganhar bons salários. Se o ensino fosse adequado, o governo, seguramente, destinaria mais verba ao setor.

É interesse do governo que a educação progrida. Não sei se todos sabem, mas o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) tem 33% da sua nota baseada na educação. Ou seja, educação ruim resulta em IDH ruim. Para o governo, um bom Índice de Desenvolvimento Humano, coloca o país na ponta dos países desenvolvidos. Isto, só para citar um exemplo, diminuiu o chamado Risco Brasil, o que eleva o país em Grau de Investimento e faz com que investidores externos injetem seus recursos na nossa economia. Ai sim o governo estaria investindo (pois teria retorno) na educação. Se investir da forma como está, será como rasgar dinheiro.

Agora, o principal problema é que os professores querem que mude apenas o que lhes agrada, ou seja, seus salários. Para que eu não pareça injusto, leiam vocês mesmos (trecho extraído de http://blogsineta.blogspot.com/2009/01/governo-yeda-e-educacao.html):

A política educacional do atual governo é também de resultados. Como se a escola fosse uma empresa qualquer. Tanto é, que realizou o corte de salários dos professores grevistas (...). Para completar a crueldade, agora quer implementar a tal da meritocracia, com a premiação aos professores que tiverem o melhor desempenho.

Ou seja, no Rio Grande do sul, o governo está tentando mudar, já que a iniciativa não partiu dos diretores das escolas, mas é assim que este é recebido. Controlar é implantar um sistema sério de meritocracia, que privilegie os bons profissionais e descarte quem não estiver interessado em trabalhar. Os professores querem mudança, desde que eles não tenham que mudar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Legalização da Maconha!


     Quando ouvia Planet Hemp cantando "legalize já!", pensava: "cambada de maconheiros cretinos. Tantos problemas para nos preocuparmos e os caras querendo liberar a maconha. Quero ver o que irão fazer quando seus filhos chegarem em casa com um baseado na boca. Será que vão lhes dar um abraço e elogiar-lhes?". Sim, bastante radial, mas eu tinha apenas 15 ou 16 anos e era exatamente assim que pensava.

     Há poucos anos atrás, assisti Tropa de Elite nos cinemas. Embora, obviamente, como muitos, soubesse que a maconha financiava o tráfico, o filme ilustrou de uma forma bastante real esta idéia. E, novamente, percebi o erro no uso das drogas. Concluí com isso que a maconha, primeiro, não poderia ser consumida, pois desta forma o tráfico seria financiado. E, segundo, não deveria ser legalizada, pois os traficantes não teriam mais nenhuma barreira.

     Mesmo com todos estes aspéctos evidentes, não podemos ter uma opinião sem saber por que a temos. Por isso, comecei a buscar diversas explicações filosóficas para a vantagem de legalizar a maconha, mas não encontrei nenhuma. Foi então que me lembrei de algo que escrevi outrora: “Existem duas áreas de conhecimento que afastam você da ignorância: a Filosofia e a História”. Percebi que havia esquecido da história.

     Na década de 20, sabem qual era o principal produto da máfia italiana nos EUA? Adivinhem. Não, não era a maconha. Era o álcool. Sabem por quê? No inicio do século 20, surgiu um movimento nos EUA chamado de As Ligas de Temperança. Este movimento religioso puritano conseguiu proibir o álcool. Não podendo ser comercializado em locais públicos, a bebida passou a ser vendida em ambientes clandestinos, ou seja, pelo crime organizado e por mafiosos. Mas como isto foi resolvido? Na crise de 1929, os Estadusunidenses liberaram a consumo de álcool sob o detrimento de altas taxas de impostos. Resultado: muitos comerciantes passaram a vender bebidas alcoólicas, o governo passou a lucrar muito com os impostos e a máfia teve de mudar de produto. Foi então que percebi o obvio. Estava lá o tempo todo.

     O crime organizado não ganha dinheiro com maconha, mas sim com produtos ilegais. Carros roubados, produtos piratas, diplomas falsificados, envio de containeres com lixo para países do “terceiro mundo”, venda de remédios produzidos em fábricas clandestinas, exploração da mão de obra escrava e, até mesmo, vendendo drogas. Eles não vendem drogas por que estas viciam, mas apenas por serem ilegais. Quando comercializam mercadoria ilegal, eles conseguem monopolizar as vendas, pois fica muito fácil mapear de onde ela está vindo (já que poucos vendem) e assim é mais simples outorgar seu monopólio. Se fosse pelo vício ou pelo lucro, os traficantes venderiam álcool.

     Você sabia que os efeitos do álcool são até 20 vezes piores ao cérebro do que a maconha? Sabia que o vício chega a ser de 2 a 3 vezes superior? Já lhe ocorreu que o preço de uma bebida sem impostos consegue ser até 150% mais barata. Então, por que os traficantes não vendem álcool contrabandeado, se seria mais lucrativo e seus usuários viciariam mais facilmente? Porque ninguém subiria o morro para comprar cerveja! Para isso, basta ir até o mercado. Quem quiser uma garrafa de Amarula (ou qualquer bebida importada “atolada” de IPI) mais baratinha, basta pedir para o próximo amigo que for ao Uruguai ou ao Paraguai, que inclua na sua lista mais uma garrafa, pois há um limite bem generoso para compra de mercadoria sem impostos. Portanto a legalização acabaria com o tráfico da maconha no Brasil, do mesmo modo que acabou com o tráfico de bebidas nos EUA.

     Mas isso não aumentaria a quantidade de fumantes? Não e sim. Calma, vou explicar de uma forma bem comum a todos.

     Quando uma mãe não quer que o filho pegue os biscoitos que estão no pote, ela coloca o pote em cima da geladeira. Ai, o filho coloca uma cadeira e pega o biscoito. Um dia, ele cai, quebra o braço, quebra o pote e mãe bate no filho. É ele que está errado nesta estória? Se o a criança não tinha conciencia do que estava fazendo, como pode estar errada? O correto não seria  a mãe tê-la educado ao invés de apenas dificultar o uso? Seria, mas é bem mais fácil dificultar o acesso ao pote. Do mesmo modo, não seria mais efetivo investir na concientização da sociedade em relação aos problemas com o uso das drogas? Sim, mas ao invés disso, apenas dificultam o acesso (até mesmo, literalmente). Isso não impede o uso, e sim piora a situação de quem quer usar e não tem conciência do que está fazendo. A família é negligente, o Estado é negligente e querem que o judiciário seja punitivo! É como se criássemos uma regra em casa: se o filho fizer algo errado, ele apanha!

     A legalização da maconha não é um benefício para os usuários, é um avanço social. Plantações de maconha, venda garantida para empresas sérias como a Souza Cruz e a comercialização taxada por impostos, produzirá um produto de qualidade para seus usuários (que hoje nem sabem o que estão fumando), retorno financeiro para o Estado (pelo que existe de maconheiro neste país, a União vai poder extinguir metade dos impostos) e segurança para a sociedade (a comercialização legal da maconha tiraria uma das mercadorias do crime organizado).

     Minha visão sobre o "legalize já!" mudou. Não só em relação a legalização. Se o cara fuma ou não e se ele vai abraçar o filho viciado, o problema é do cara; cada um define suas escolhas e elas definirão o caminho do seu futuro. Dizer que defender a legalização da maconha é apologia às drogas, é uma bobagem gigantesca. Se alguém começou a fumar porque ouvia Planet Hemp, a culpa não é da banda e sim da formação desta pessoa que se deixou influenciar por uma banda (se bem que existe influenciável para tudo, pois, recentemente, o que mais se ouvia eram aquelas expressões indo-idiomáticas da última novela da Globo, mas fecha parênteses).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

COMO NÃO INOVAR PROFISSIONALMENTE!

Continuando o assunto do último post, há quem se abstém de estudar outros conhecimentos para focar suas atenções em apenas uma ciência, Isto é válido, é óbvio. Há excelentes profissionais no mercado "uniespecialistas". Dedicados, esforçados e destaque naquilo que fazem, mas dificilmente inovarão na sua profissão. Porém, há uma parcela destes “uniprofissionais” que tentam inovar, e ai vem o trágico. Como não têm conhecimento para isto, fazem uso da imbecilidade. Ao invés de, realmente, inovarem, estão mais preocupados em "valorizar" a sua profissão, o que é patético.


Advogados fazem questão de utilizar um idioma próprio, incapacitando que um monoglota se defenda em uma ação judicial simples. Com mesma satisfação, os médicos utilizam sua escrita própria. Gerentes de Projetos criam gráficos que só eles entendem e são valorizados apenas nos seminários. Os profissionais de informática parecem orgulhar-se quando utilizam suas palavras em inglês (sem entender porcaria nenhuma do idioma). Os professores de matemática transcrevem formulas gigantescas e suspiram prazer ao perceber a dificuldade dos alunos em aprender ou a se "apavorarem" com sua disciplina. Gestores, incapazes de inovar com suas equipes, utilizam jargões estadounidenses para parecerem atualizados.

Percebam o quanto isto é ilógico? O objetivo de uma receita médica não é instruir o paciente? Então por que escrevê-la com uma letra que ele não possa ler? O principal papel de um gestor não deveria ser a comunicação e a sinergia? Então por que utilizar termos que eles não entenderão? O objetivo da matemática, quando foi constituída como disciplina, era instruir os alunos como raciocinar com lógica. Qual a lógica de pegar uma fórmula que você decora e resolver um calculo que você nunca soube onde será aplicado?

Se você for um profissional especializado na sua profissão, o que é muito bom, como já comentei, apenas não inove que você será um destaque. Se for médico, crie uma receita legível. Se for advogado, preocupe-se apenas em defender o seu cliente. Se for um gestor, comunique-se com eficiência e entenda que a sua equipe é feita de seres humanos e o bem estar deles é fundamental para a produtividade do grupo. Aos técnicos, evitem jargões. Caso seja gerente de projetos, preocupem-se em atender aos objetivos do projeto, nada mais.

Não inove a menos que possua conhecimento para isso. Fugindo destas inovações que os profissionais medíocres precisam criar, já estará sendo um excelente profissional. Como descreve Khalil Gibran, "A simplicidade é o último degrau da sabedoria.".

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

COMO INOVAR PROFISSIONALMENTE?



Sempre observei que os grandes filósofos (considerando como filósofo todo o ser inquieto, que questiona as verdades universais e busca soluções e respostas inovadoras), como Sócrates, Platão, Da Vinci, Copérnico, Kant, Hegel, Darwin, Mendel e outros, não se limitavam ao estudo de apenas uma ciência. Da Vinci, por exemplo, aperfeiçoou seus quadros aprofundando seus conhecimentos de geometria. Mendel, Darwin e Copérnico estudaram medicina. Platão ensinava matemática aos seus alunos. Ou seja, para eles, limitar-se a uma ciência limitava seu pensamento dentro desta própria ciência.


Talvez seja justamente isso que falte a nossa sociedade. Os profissionais estão se limitando a uma área de conhecimento. Tenho professores na UFRGS que são formados em administração, fizeram mestrado em administração e concluíram seu doutorado em administração. Será que eles serão ótimos administradores? Pode até ser, mas dificilmente serão inovadores. Seus conhecimentos estão limitados à administração. Não há como inovar sem novidades. E os exemplos são diversos.

O pai da administração moderna, Peter Drucker, não era formado em administração, mas sim em Filosofia. Assim como Adam Smith, o pai da economia. Um dos maiores escritores brasileiros da atualidade, Moacyr Scliar, é formando em medicina e não em letras. Já que estávamos falando das referências, vamos a referência de vendas em literatura. A mais recente, Augusto Cury, é formado em psicologia. O expoente maior de vendas, Paulo Coelho, em jornalismo. Um dos mais importantes e solicitados palestrantes do país, Waldez Ludwing, é formado em tecnologia da informação, porém suas palestras são absolutamente voltadas para recursos humanos.

A economia do Brasil só tornou-se estável quando um presidente sociólogo (e não cientista político) decidiu convocar psicólogos e sociólogos para as reuniões monetárias e criaram o Real (antes, é claro, a URV), pois entenderam que o problema do Brasil não era sua economia, mas o perfil de seus consumidores.

Inove na sua área saindo da sua área. Sabe quando não conseguimos resolver um problema (seja estudando, seja trabalhando) e precisamos sair um pouco, desopilar e, quando voltamos, Eureka! Resolvemos o maldito? Pois é, a lógica é a mesma. Para inovar, precisamos tirar um pouco a cabeça do “atoleiro” da nossa profissão e olhar por outros ângulos o mesmo problema. As empresas procuram profissionais empreendedores e fornecedores diferenciados, e não há como atingir qualquer uma dessas qualidades sem inovar.


No próximo post vou expor minha opinião sobre COMO NÃO INOVAR PROFISSIONALMENTE!