sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ensino Público: mudança sem precisar mudar?

Correu-me uma lágrima ao ler o editorial da Zero Hora de ontem (não estou sendo sentimental, mas sim irônico). Educadores e pessoas ligadas ao ensino, no estado, buscando motivação para continuar lecionando e criticando a qualidade deste (infra-estrutura, preparo dos profissionais, baixos salários, etc).
Mas por que o ensino público é tão ruim? Por que os professores ganham mal?

Nas escolas particulares, sabemos que a realidade é outra. Elas possuem os melhores professores e pagam os maiores salários, porém não podemos confundir as coisas. Esta não é a diferença. A diferença é o controle!

Eu tinha um professor de matemática, na escola pública onde estudei, que enchia o quadro de exercícios e ia para a porta fumar. Quando os alunos faziam alguma pergunta, ele dizia: "guarda todas as dúvidas, porque, no final da aula, eu vou copiar as resoluções para o quadro". Parece irônico, mas este mesmo professor de merda, liderava as passeatas sindicalistas que reivindicavam melhores salários. Quando eu o perguntava o porquê dele acreditar que merecia um aumento, ele dizia: "Porque eu ganho muito mal". A bom, tá explicado!!! Se fosse por isso, todo mundo iria sair às ruas amanhã reivindicando salários melhores, pois eu não conheço ninguém que diga "Cara, como eu ganho bem!". Mas ok, vamos continuar procurando a resposta.

Você acredita que profissionais de uma empresa privada seriam excelentes profissionais se não houvesse nenhum tipo de acompanhamento de suas responsabilidades? Qual empresa paga os melhores salários e possui os melhores profissionais: as falidas ou as mais produtivas? Embora estejamos falando do setor privado, a analogia com o ensino público é perfeita. As escolas estaduais não possuem nenhum tipo de controle sobre seus funcionários, estão falidas e só aglomeram profissionais que não conseguem (ou ainda não conseguiram) uma vaga no setor privado (que seriam as empresas produtivas). Ou seja, a diferença está no controle! É por esta falta de controle e de critérios de avaliação dos profissionais, que temos um sistema educacional deficitário.

O ensino público está falido e cheio (apenas cheio e não completamente cheio) de péssimos profissionais. Isto é fato! Se você tivesse uma empresa falida e cheia de gente inútil, você acredita que solução para salvá-la da crise seria apenas aumentar o salário desta gente? Francamente!

Primeiro, é preciso limpar a empresa dos profissionais ruins. No nosso caso, o ensino público dos professores letárgicos. Depois, começar a dar resultado e, por último, melhorar o plano de carreira para pagar salários adequados.

Se aquele meu professor de matemática, todo semestre, fosse avaliado a partir do rendimento dos seus alunos, em um Exame Estadual de Análise de Ensino e que, caso eles não fossem bem no exame, ele pudesse ser demitido, você acredita que ele seria tão relapso com a turma? Até poderia ser, mas seria demitido. Isto é controle. Esta é a única forma melhorarmos o ensino público para que os professores possam ganhar bons salários. Se o ensino fosse adequado, o governo, seguramente, destinaria mais verba ao setor.

É interesse do governo que a educação progrida. Não sei se todos sabem, mas o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) tem 33% da sua nota baseada na educação. Ou seja, educação ruim resulta em IDH ruim. Para o governo, um bom Índice de Desenvolvimento Humano, coloca o país na ponta dos países desenvolvidos. Isto, só para citar um exemplo, diminuiu o chamado Risco Brasil, o que eleva o país em Grau de Investimento e faz com que investidores externos injetem seus recursos na nossa economia. Ai sim o governo estaria investindo (pois teria retorno) na educação. Se investir da forma como está, será como rasgar dinheiro.

Agora, o principal problema é que os professores querem que mude apenas o que lhes agrada, ou seja, seus salários. Para que eu não pareça injusto, leiam vocês mesmos (trecho extraído de http://blogsineta.blogspot.com/2009/01/governo-yeda-e-educacao.html):

A política educacional do atual governo é também de resultados. Como se a escola fosse uma empresa qualquer. Tanto é, que realizou o corte de salários dos professores grevistas (...). Para completar a crueldade, agora quer implementar a tal da meritocracia, com a premiação aos professores que tiverem o melhor desempenho.

Ou seja, no Rio Grande do sul, o governo está tentando mudar, já que a iniciativa não partiu dos diretores das escolas, mas é assim que este é recebido. Controlar é implantar um sistema sério de meritocracia, que privilegie os bons profissionais e descarte quem não estiver interessado em trabalhar. Os professores querem mudança, desde que eles não tenham que mudar.

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