quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Retrospectiva 2009

Durante o ano, expus minha opinião sobre diversos assuntos. Sempre, com o objetivo de fazer as pessoas refletirem e terem suas opiniões sobre eles. Destaco abaixo aqueles que mais me trouxeram satisfação em ler após tê-los escrito:


DINHEIRO X FELICIDADE
http://taosofia.blogspot.com/2009/06/o-dinheiro-traz-felicidade.html


APROVEITAR A VIDA ENQUANTO A TEMOS
http://taosofia.blogspot.com/2009/07/o-monge-e-xicara.html


ENXERGAR O LADO POSITIVO SEMPRE
http://taosofia.blogspot.com/2009/11/o-lado-postivio-da-felicidade.html


OS PROBLEMAS DOS HOMENS
http://taosofia.blogspot.com/2009/08/o-diferencial-dos-babacas.html


IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS
http://taosofia.blogspot.com/2009/08/o-que-penso-dos-fieis-doadores.html


LEGALIZAÇÃO DA MACONHA
http://taosofia.blogspot.com/2009/10/legalizacao-da-maconha.html


RELIGIÃO
http://taosofia.blogspot.com/2009/07/por-que-e-bom-ser-ateu.html


SOBRE OS QUE CRITICAM OS CATÓLICOS
http://taosofia.blogspot.com/2009/12/religiosos-x-liberais-onde-esta-razao.html


ESQUEÇA A SORTE. ESFORCE-SE
http://taosofia.blogspot.com/2009/11/boa-sorte-ou-melhor-ganbatte-kudasai.html


COMO SER INTELIGENTE
http://taosofia.blogspot.com/2009/07/inteligencia-e-opcional.html

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Onde está a culpa?

Qualquer tensão em um relacionamento possui uma Culpa Direta (que percebemos com certa facilidade). Por exemplo (pensei em vários exemplos, mas vou ater-me a dois para não deixar o post tão extenso):

1 - Relacionamento político:
Fato: A COP15 encerrou sem nenhum acordo oficial, enquanto territórios cobertos de gelo, como a Groenlândia, continuam derretendo.
Culpa: EUA e China mantiveram suas posturas contrárias a qualquer acordo, o que decretou o fracasso do encontro. O Presidente dos EUA, Barack Obama, saiu como principal culpado, pois se esperava uma postura mais ousada do governante americano.

2 - Relacionamento desportivo:
Fato: O Grêmio escalou reservas para jogar contra o Flamengo (consecutivamente, perdeu o jogo e a derrota "tirou" o título do rival Internacional);
Culpa: Os dirigentes do Grêmio foram acusados de enviar reservas, propositalmente, para facilitar o jogo para o Flamengo.

Agora, o que acontece se invertermos o prisma e olharmos pelo outro lado dos fatos? Visualizaremos novas culpas: as Culpas Indiretas (difíceis de notar, mas com o mesmo grau, ou até superior, de responsabilidade no fato).

Caso 1
EUA e China representam, aproximadamente, 50% das emissões de CO2. Mas e os outros 50%? Por que os demais países (isso, os outros 50%) não ratificaram um acordo? Se olharmos só para os EUA, país do presidente Obama, eles são responsáveis por 25% das emissões, mas por que levaram 100% da culpa? Se todos os outros 191 países (aqui não estamos somando China e EUA) se unisem e garantissem um acordo, já estaríamos controlando 50% das emissões (eu, sinceramente, acho este número bem expressivo). Logo, todos os países foram culpados!

Caso 2
O que levou o Grêmio a agir desta forma é a rivalidade dos clubes. Durante o ano, o Grêmio (e a sua torcida) fora alvo de deboches dos colorados campeões de "tudo". O presidente do Inter, Vitório Pífero, é o maior incentivador desta rivalidade e não são poucas as vezes que ele retoma assuntos que incomodam aos gremistas, como o caso da Poltrona 36, o fato do Inter ser campeão do mundo FIFA, do Grêmio ter caído para segunda divisão por duas vezes, e outros comentários desnecessários. Ou seja, se a origem do problema é a rivalidade e o Inter ajuda a incentivar, logo (isso, por silogismo), o Inter foi culpado pela derrota do Grêmio.

Sempre, em qualquer tensão, de qualquer relacionamento, haverá duas partes e uma culpa de em cada uma delas. A culpa que estiver do nosso lado (ou do lado mais convencional) será a Culpa Indireta (difícil de notar) e a culpa do lado oposto ao nosso (ou do lado menos convencional) será a Culpa Direta (fácil de apontar). Somos influenciados (pela mídia, por quem controla o capital, por pessoas que nos influenciam ou até por nós mesmos) a reconhecer apenas a Culpa Direta. Acreditamos que se esta for resolvida, todos os problemas desaparecerão! E isto não é verdade.

A Culpa Indireta é a única que está sob o nosso domínio. Apenas quando estivermos isentos de influencia, conseguiremos identificá-la. Após isto, temos de resolvê-la. Apenas quando os dois lados agirem desta forma é que teremos a resolução total de um conflito.

Portanto, em qualquer relacionamento em crise que você estiver inserido, procure identificar a Culpa Indireta e resolvê-la. Acredite e tenha esperança de que a outra parte também encontrará sua culpa e a resolverá. Caso isso não aconteça, você possivelmente estava se relacionando com uma pessoa (ou uma entidade) capaz de acreditar que bastava o Grêmio ter ganho do Flamengo para termos o fim pacífico da rivalidade Grenal e que só precisamos da opinião de um presidente para termos um acordo ambiental antes do derretimento da Groenlândia.

Bom, neste caso, não há remédio teórico que cure a irracionalidade.
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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Qual o sentido do Natal para você?

Já se perguntou de onde surgiu o papai Noel? Tá, tudo bem, tem o lance do Polonês chamado Nicolau, da sua bondade, etc e etc; mas me refiro ao tiozinho gordinho com roupas vermelhas e brancas. Já lhe ocorreu?

Em 1886, o cartunista americano Thomas Nast criou o desenho e este fora divulgado em uma revista de circulação americana (confesso que não sei o nome). Esta imagem se quer fora replicada em outro local depois disto. Mas como se tornou tão popular? O antigo Noel não era nem tão gordinho e nem tão ancião como é hoje, e vestia-se com roupas nas cores marrom e verde. Tudo foi assim até 1932. Neste ano, a Coca-Cola criou uma mega campanha publicitária (aliás, eles ainda são muito bons nisso) utilizando a imagem criada por Nast. Uma idéia de: "este é o nosso papai Noel". A partir de então, o mundo inteiro (o ocidental, é claro) passou a adotar este padrão. Se você observar, tudo no natal possui as cores da empresa americana (vermelho, branco e preto). Se fizermos uma análise fria, decoramos nossas casas, nossas ruas e nos vestimos, tudo, com as cores da Coca-Cola.

Já o lance dos presentes também não possui uma explicação correta. Existe uma pseudo-justificativa baseada no fato dos três reis magos (isso, aqueles do presépio) terem levado seus presentinhos para Jesus, mas, na real, nada se pode afirmar a respeito. Quem mantem este ritual aceso até hoje são os lojistas. Ou você já ouviu ou assistiu a alguma propaganda, de rádio ou de TV, falando que "o natal é época de presentear" feita por alguma empresa que não seja lojista?

Em linhas gerais, o natal, novamente em uma análise fria, pode ser considerado como um rito anual em que nos vestimos com as cores de uma multinacional americana e somos influenciados por lojistas a comprar presentes (cada vez mais caros e para mais pessoas). Sei que é duro de admitir e que todos têm em mente diversas respostas ligadas ao "espírito de natal" (mesmo que muitos não entendam nada de espiritismo para usar um termo ligado a isso) para justificar tudo isto, mas poucos possuem um sentido real para este rito. Apenas comemoram porque todos comemoram. Eu, apesar de saber as origens e de não ser religioso, adoro natal. Nunca havia me questionado por que, mas sempre percebi que, além deste apelo capitalista e consumista, há um consenso de bondade e de fraternidade entre as pessoas nesta época. Refleti um pouco e percebi que é justamente isto que eu aprecio. Pensei então: "se este realmente for o sentido do natal para mim, posso doar meus presentes!".

Sugeri isso para a minha familia e todos concordaram. Iremos pegar todo o dinheiro que gastaríamos comprando presentes para nós e compraremos para crianças carentes (escolhemos uma familia para fazer isto). Seremos consumistas iguais? Sim, seremos, pois iremos consumir presentes igual (mesmo que não sendo para nós). Usaremos as cores idiotas? Sim, usaremos. Porém este será o primeiro ano em que daremos sentido a tudo isto.

Nossa reflexão nos fará mais felizes e conseguiremos compartilhar esta felicidade com outras pessoas. Dê mais sentido para seus bons momentos. Aliás, questione-se diariamente e dê um pouco mais de sentido para a sua vida!

Um Feliz Natal para todos! (agora, até esta frase faz mais sentido para mim).

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Todos querem uma fatia do bolo


Sabe aquela máxima de que todo político no Brasil adora tirar vantagem? Já expressei que esta é uma característica dos brasileiros e não somente dos políticos, no entanto, ao final de cada ano, meu argumento ganha uma forte defesa.

Durante este ano, como em todos, diversas votações aprovaram aumento de salários, aprovaram horas extras, permitiram recessos e aumentaram vagas. Nós, deste lado da força, apenas podemos ficar revoltados. Mas será que ficamos assim por entender que a atitude deles está incorreta ou por acreditarmos que estão sendo injustos? Isto faz toda a diferença.

Ao acreditarmos que a atitude está incorreta, estamos fazendo um julgamento de ética. Não queremos nada além da correção. Quando o Estado aumenta o salário dos políticos, eles não utilizam recurso de uma árvore do quintal. É preciso utilizar a verba da União (oriunda de impostos pagos pelos contribuintes). Parte desta verba é utilizada para manter a máquina estatal (pagar a folha do funcionalismo público, custo de infra-estrutura dos órgãos públicos, despesas, etc) e outra parte deve retornar como bem feitoria ao contribuinte. Quando ocorre aumento de salários de políticos, uma fatia da segunda parte da verba (aquela que deveria ser utilizada em bem feitoria) é desviada para a primeira parte (máquina estatal). Isto é um erro. Aqueles que assim pensam, querem apenas que a primeira parte deste bolo seja melhor geriada ou então que mais fatias da primeira parte migrem para a segunda (e não o contrário).

No entanto, quando julgamos que a atitude deles é injusta, estamos querendo entrar na partilha do bolo. Ou seja, aumente seu salário, mas aumente o meu também. Não interessa se o dinheiro que será utilizado para isso sairá desta, daquela ou de qualquer parte de um bolo ou de uma pizza (ou seja lá o que for), o que importa é que eu também ganhe com isso. Sabe qual é o problema? É que a maioria dos brasileiros se sentem injustiçados.

Tenho diversos amigos que atuam como funcionários públicos. De fato, estão bem distantes dos salários dos políticos, mas, do mesmo modo, sua folha depende dos contribuintes. Encontro nestes amigos fortes aliados para criticar os aumentos de salários e de vagas que os próprios deputados ou senadores aprovam a seu favor. Porém, quando busco apoio para criticar os longos recessos dos nossos representantes, perco o apoio. Meus amigos, funcionários públicos, não acham errado que o Executivo pare do dia 21/12 até o dia 06/01, sem que nada os seja descontado. Sabem por quê? Porque, neste caso, eles não se sentem injustiçados.

Por isso que a maioria dos protestos, no nosso país, são calados com subornos, favorecimentos políticos ou qualquer outra forma de vantagem. Não há ética na maioria dos brasileiros e sim o desejo receber uma fatia do bolo (ou seja lá o que estiver sendo partilhado).

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

“Autocraciaaaaa, eu quero uma prá viver!”

A grande “sacada” do ser humano foi ter descoberto que seria mais forte atuando em grupo do que de maneira isolada. Durante boa parte da nossa existência na Terra, nossa sobrevivência dependeu deste fator. Não teríamos a menor chance de combater grandes carnívoros se não estivéssemos agrupados.

Ao perceber uma situação de risco, nosso inconsciente emite um sinal de alerta (o medo) para nos defender. Isto ocorre sempre que nossa vida for ameaçada (inclusive, por nós mesmos). Porém, como supra mencionei, nosso inconsciente acredita que ainda dependemos dos grupos para viver. Sempre que não nos sentirmos inseridos em um grupo, ele atua para que, rapidamente, façamos parte de algum. Por esta razão inconsciente é que a autocracia sempre funcionará.

No filme (A Onda), alguns fatores básicos para uma autocracia funcionar são apresentados: disciplina, uniformes, liderança, objetivos em comum, etc. Quando olho para um quartel militar, penso: “como estas pessoas podem gostar disso?”. Agora, pergunte a um militar o que ele acha. Seguramente lhe dirá que adora o exército. O mesmo ocorre em colégios militares e, até mesmo, em empresas “linha dura”. Os funcionários precisam usar uniformes, respeitar normas gigantescas, cumprir horários de maneira “religiosa”, respeitar as rígidas hierarquias, mas adoram suas empresas.

Nestas autocracias modernas, o individuo sempre é retribuído quando o interesse do grupo é alcançado. No exercito, isso ocorre com medalhas e, nas empresas, com bônus. Todos são respeitados e sabem que seu empenho será recompensado, por conseguinte, se sentem parte do grupo. Nosso inconsciente percebe que estamos inseridos neste grupo e, a cada interação com ele, áreas do cérebro ligadas à recompensa ficam “acesas”, aumentando a produção da dopamina (neurotransmissor que estimula o sistema nervoso central, produzindo a adrenalina). Qualquer coisa que o grupo faça, iremos repetir. Mesmo que não consideramos a atitude correta, a faremos para continuar nos sentido inseridos.

Dias atrás, quando ocorreu aquela estupidez da torcida do Coritiba, entrevistaram um dos agressores dos policiais, e este disse não entender o que acontecera com ele. Nunca estivera em uma delegacia de polícia, mas, quando viu todos correndo em direção ao gramado, correu também. Quando viu todos agredindo os policiais, os agrediu também. Pergunte a um colorado por que ele odeia o Grêmio (utilizo este exemplo por ser gaúcho, mas ele é valido para qualquer dupla de clubes rivais)? Talvez diga que o problema são os gremistas, talvez responda que não gosta das cores ou talvez alegue que herdou esta “coisa” do seu pai. A única verdade é que ele não terá certeza de onde vem esta rivalidade. Isto é autocracia! Cada individuo não sabe por que age, mas o grupo sabe e é esta vontade que acaba sendo respeitada. Para continuar inserido no grupo, é preciso agir desta forma. Ao fazer, recebe uma boa e deliciosa dose de dopamina, que o motivará a fazer novamente. O incentivo dos demais membros (seja elogios, cumprimentos, medalhas, bonus, etc) trará mais sensação de inserção.

É difícil controlar nossa inteligência primitiva, mas precisamos tentar. Não consigo ser tão racional ao ponto de incentivar as pessoas a não viverem mais em grupos (gosto da dopamina que recebo quando vejo meus pais e meus amigos, e acho que não sei viver sem ela). Porém acredito que a vontade do grupo não pode prevalecer à do individuo. Quando estiver fazendo algo, questione-se por que está fazendo. Sei que é difícil, mas a tentativa sempre é valida. Acredito que esta é a única forma de provar ao nosso inconsciente que não precisamos matar policias, judeus ou qualquer ser humano para estarmos inseridos em um grupo.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Die Welle (A Onda)



Muitos projetos + final de semestre = poucos posts (ok, desculpa dada).
Ritmo americano + conteúdo europeu = cinema alemão.

Já declarei que sou fã do cinema dos caras e interei ainda mais esta adoração após assistir ao filme que dá nome a este post. O filme aborta a autocracia, que é uma forma de gerir pessoas fazendo com que a vontade do grupo prevaleça a do individuo (modelo usado pelo Partido Nazista, durante a ditadura de Hitler). O filme é genial e baseado na história real de um professor que, durante uma semana acadêmica, implanta o sistema em sua turma de alunos.

ASSISTAM!!!!

No próximo post, digo se isso seria possível hoje me dia.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os Pequenos Prazeres da Vida

Este é um tema que eu abordo com freqüência com os amigos, e hoje, aqui no blog, decidi compartilhá-lo. Precisamos de grandes realizações para nos sentirmos plenos na vida, mas não se pode menosprezar os pequenos prazeres. Eles são o golpe de felicidade em um dia monótono. Eles surgem quando menos se espera para nos dizer "seja otimista, seu merda!". Eles nos acordam da rotina mecânica e nos dão a idéia de que tudo é possível. Se fossem um partido político americano, eles diriam "Yes, We Can!". É claro, estou exagerando, mas que eles são legais, são. Vamos a eles:



- Você acorda pela manhã, sem a ajuda do despertador, e pensa "puta merda! Se acordei sozinho é porque já são umas 9h! To ferrado!". Ai, você olha para o relógio e descobre que acordou uma hora antes do seu despertador tocar e ainda tem uma hora de sono! (cara, isso é muito bom!);

- Começa o inverno e chega a hora de usar os velhos casacos. Você veste aquele casacão fedido e amassado e vai colocando a mão nos bolsos para desenrugados. No último bolso, aquele junto ao peito, você descobre uma nota de R$20,00!!!! (este é o mais legal deles)

- Você quer ouvir uma musiquinha e não encontra uma única estação de rádio que não esteja passando comerciais (o que é muito comum, pois todas anunciam na mesma hora). Então, você finalmente encontra uma que esteja tocando músicas!!! E não somente está tocando músicas, como também está tocando a música que você mais curte, e a pegou bem no inicio (esse é muito bom e é mais raro que a nota de R$20,00);

- Você chega na locadora para alugar o filme que você quer ver a muito tempo e o atendente lhe diz que todas as cópias estão locadas. Ai, quando você já está pronto para sair, chega uma pessoa para devolver um filme e era justamente o "seu" filme!!!

- Você está bebericando umas cervejas com os amigos e descobre que acabou o álcool. Mas a vontade de tomar mais ceva não é suficiente para a função de comprar mais algumas. Então, em uma fusão de tristeza (pelo fim da ceva) e de satisfação (por já ter bebido várias), você vai limpar o isopor e descobre que, entre gelo e água congelante, escondia-se mais uma lata!!!

- Para encerrar: você chega na casa da sua mãe, está com fome e, como por milagre, ela acabou de fazer um mega pão, que ainda está ultra quente!!!



Deve haver outros que não estou lembrado (sem falar que eles variam de pessoa para pessoa), mas se estes ai acontecessem mais seguidos na minha vida, já estaria “bem bom”.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Política Midiática


Ontem, ao ler a Zero Hora, tive uma surpresa (que, aliás, não é mais surpresa): a deputada Luciana Genro, em nome do PSOL, convocou uma reunião com a imprensa para anunciar "revelações sobre corrupção no governo gaúcho".

Não tenho um partido ou alguma aliança, apenas acho que devemos acusar alguém mediante a apresentação de provas. Ano passado, o PSOL anunciou que possuía vídeos que incriminavam a governadora e havia entregue-os ao Ministério Público (MP). A Veja procurou o MP, que alegou não ter recebido nenhum vídeo do partido, que, por sua vez, informou que os liberaria na hora certa (o que nunca aconteceu). Ou seja, tudo mentira! Agora, eles alegam que a filha da governadora não possui renda suficiente para ter uma casa de 310 mil reais, sem ao menos se preocupar em descobrir se a casa pertencia a alguém da familia, se os parentes da moça não a ajudaram (o que não é nada incomum) ou de que forma o bem foi adquirido. Simplesmente viram neste caso, mais uma oportunidade de colocar a opinião pública contra um governo de oposição a eles, com a alegação, manjada, de que estão defendendo os interesses do estado.

Já me ative a criticar a deputada Genro por sua obsessão em obter espaço na mídia. Se o objetivo dela fosse fiscalizar ou "defender os interesses dos gaúchos", por que ela não cria uma campanha a favor de melhorias na BR-116? Ou então, utiliza um pouco seu posto de deputada FEDERAL e luta pela aprovação da reforma tributária (que nos beneficiaria muito em relação a arrecadação)? Também poderia pressionar o governo para acelerar as obras do PAC no estado. Mas ela não o faz porque isso não angaria votos de imbecis, de analfabetos e de desinformados. Apenas chamaria a atenção de pessoas instruídas e informadas, que são minoria esmagadora em nosso estado (como em todo o país). Ou seja, tudo é feito para se obter espaço na mídia e tentar vincular a sua imagem a de "defensora populista".

Ela se aproveita da total falta de consciência política das pessoas que a elegem. Ora, se voto em uma Deputada Federal, ao final do seu mandato, é de meu interesse saber de que forma ela se posicionou nas votações legislativas (se ela representou uma opinião semelhante a sua na hora de votar uma lei, por exemplo), que leis propôs e como contribui para defesa das contas públicas do Governo Federal. Pouco me interessa saber se ela está tentando buscar espaço para, em breve, se candidatar a governadora do seu estado de origem, criticando e confrontando um governo adversário. Porém poucos fazem esta análise e, em breve, a veremos concorrendo em novas eleições e sento eleita (mesmo sem ter feito absolutamente NADA como deputada federal).

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Animais!

Você já foi a um zoológico? Percebeu que há grades separando os animais de nós? Isso é necessário, pois não adiantaria o responsável pelo local olhar para o leão e lhe dizer: "bom dia felino quadrúpede de hábitos gregários! Veja bem, à tarde, teremos visitantes, portanto peço que os trate de maneira agradável e respeitosa. Lembre-se de que dependemos deles para termos um propósito de estarmos aqui hoje (aliás, já lhe expliquei a diferença de propósito e de significado? Ah, deixa, outra hora falo). Enfim, abraço amigão!" Isso não funcionaria, porque o leão possui apenas inteligência primitiva, o que lhe obriga a utilizar seu instinto para agir. Como predador, mesmo que em sua frente esteja uma criança, se ele estiver com fome, irá atacá-la. Se raciocinasse seus atos, talvez entenderia que agredir alguém apenas por instinto é inaceitável. Então, quem sabe, o diálogo funcionasse. Como não são dotados de tal faculdade, surgem as grades.

Domingo, ao ver os torcedores do Coritiba agredirem policiais, comecei a me perguntar: "por que motivo estes caras estão agredindo policiais e quebrando o estádio? Se seu time caiu para a segunda divisão, e eles estão indignados por isso, como este gesto irá ajudar a reverter a situação? Por que não vão para casar lamentar os jogos que não foram ao estádio ajudar seu time, resultando na perda de pontos que agora fazem toda a diferença?

Fazer estas perguntas para aqueles animais (os torcedores) teria o mesmo efeito que a conversa com o leão: nenhuma. São animais tais como o felino quadrúpede, porém com inteligência pré-primitiva, pois não estavam motivados por um instinto animal, mas sim por uma patologia raivosa. Boa parte dos torcedores agem desta forma e seriam capazes de fazer o mesmo, todos os jogos, se não fosse a certeza da repressão ou a vigência de mecanismos de segurança que os impeçam de adentrar ao gramado (o que faltou no domingo passado).



Por isso, quando for a um zoológico e a um estádio de futebol, perceberá algo em comum: grades. Sempre que vou a um estádio, fico constrangido com elas, pois legitimam nossa incapacidade de respeitar uma regra ou uma norma apenas escrita, mas admito que são absolutamente necessárias. Ou você acha que poderíamos retirar as grandes e receber torcedores como aqueles, dizendo-lhes: "bom dia, trate todas as pessoas de forma respeitosa, pois dependemos delas para termos um propósito para estar aqui hoje..."?

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Religiosos X Liberais: onde está a razão?


Para um casal se separar, pelas "vias legais", é necessário um ano de separação judicial. Só então eles poderão alterar o seu estado civil (deixam de ser separados e passam a ser divorciados). Ontem, foi aprovada uma emenda constitucional que acaba com esta exigência de um ano. A partir de agora, se um casal decidir romper os laços do patrimônio (ops!, quis dizer matrimônio) em um dia, no dia seguinte eles poderão estar divorciados. Como era de se esperar, a igreja católica foi contrária a lei e o grupo dos mais liberais voltou a criticá-la por sua postura conservadora e desconecta com a realidade atual. Mas é a igreja que está errada?

Já declarei que sou ateu, mas isso apenas me faz não acreditar em nenhuma religião, o que é muito diferente de ser contrário a alguma. Por isso, desta vez, concordo com a igreja católica. Os bispos são contrários, por que sabem que os casais vão estar na sua igreja em um final de semana e, no outro, poderão estar novamente (porém com pares diferentes). O que é totalmente inaceitável para a filosofia cristã.

Imaginem todas as pessoas que dedicam anos a uma religião. Vamos chamá-los de religiosos. Batismos, catequeses, crismas, grupos de CLJ, feriados nas igrejas e noites rezando em suas casas. Fazem isso, porque acreditam no que aprendem e respeitam o que lhes é ensinado. Alguns até amam a sua religião. Não há nada errado nisto. Escolheram esta vida e gostam dela.

Agora imaginem um outro grupo. Vamos chamá-los de Liberais. Eles também seguem uma vida baseada no que acreditam. Preocupam-se em viver a vida e utilizá-la para se aproximar da satisfação e da realização (sejam elas com prazer ou com luxúria), são vaidosos, querem conquistar seus ideais profissionais (muitas vezes, acima de tudo), são a favor dos experimentos com células tronco, aborto (para alguns casos) e uso de métodos anticoncepcionais. Também não há nada de errado neste estilo.

O problema é que a maioria dos religiosos é satirizada pelos liberais (vide exemplo dos Simpsons com o Ned Flanders). O segundo grupo crítica o primeiro quando este cobra algum tipo de dízimo ou reitera algum posicionamento de sua milenar filosofia. No entanto, na hora de casar, os liberais vão até o local mais sagrado dos religiosos, a igreja, e agem como se pertencessem a este grupo durante toda a sua vida. É isto que está correto?

A religião não exige (não mais) que você se converta. Eles têm sua filosofia e querem apenas evitar que ela seja corrompida. Não há nada de errado em defender seus ideais. Acredito que os liberais é que deveriam re-pensar os seus. Por que batizar seus filhos e casar em igrejas se discordam tanto da igreja católica?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Dica de Filme

Já expus o quanto sou chato em relação a cinema. Se eu quiser aventura e ação, procuro na minha vida real e não em cartazes de cinema ou na prateleira de uma locadora. Quando assisto a um filme, busco aqueles que compartilhem conhecimento, gerem sensações o que me façam refletir. Em resumo, que sejam instigantes. É com este adjetivo que classifico o último filme que assisti: O Visitante (The Visitor).
Apesar de ser americano, ele é um excelente investimento para o seu tempo. Não vou falar nada dele (detesto ler sinopse, sei lá, estraga a surpresa do filme). Apenas o recomendo.

Abraço!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Saúde Mental

Texto escrito por Rubem Alves (Teólogo e Psicanalista), sobre Saúde Mental.
(Recomendo muito a leitura e agradeço a minha amiga Romilda pela dica!)



"Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei.

Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia.Eu me explico.Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se.Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakoviski suicidou-se.

Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou.

Pensar é uma coisa muito perigosa... Não, saúde mental elas não tinham... Eram lúcidas demais para isso.Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata.Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental.Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvir falar de político que tivesse depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.

Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente "equipamento duro", e a outra denomina-se software, "equipamento macio". Hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades "espirituais" - símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes. Nós também temos um hardware e um software.

O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importante é a linguagem.

Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software.Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam.

Não se conserta um programa com chave de fenda.Porque o software é feito de símbolos e, somente símbolos, podem entrar dentro dele.Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção!

Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio:
A música que saia de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou... Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, "saúde mental" até o fim dos seus dias.

Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes.

A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música... Brahms, Mahler, Wagner, Bach são especialmente contra-indicados. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Tranquilize-se há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago?

Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato.

Seguindo essa receita você terá uma vida tranqüila, embora banal.

Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram."

sábado, 28 de novembro de 2009

Instinto de Defesa


O instinto é uma espécie de inteligência primitiva e foi fundamental para a manutenção de nossa espécie. Nossos primeiros ancestrais homínideos não eram dotados de muita inteligência e, neste caso, lá estava o bom e velho instinto para lhes dizer o que e quando fazer (nunca como fazer e por isso as formas irracionais de agir). Adentro um pouco no campo da psicologia, mais por atrevimento do que por preparo, e concluo que continuamos dependendo do instinto para sabermos quando devemos agir, porém, nossa sapiência já nos confere direito de decidir o que e como reagiremos aos nossos instintos. Isso se aplica a todos eles. Aliás, há um instinto que não dominamos ainda: o da defesa.

Todo animal, racional ou não, possui instinto de defesa. Ao sentirmo-nos ameaçados, reagimos. Peça para alguém jogar uma bola de tênis no seu rosto. Por mais que você perceba que ela se move na sua direção em uma velocidade muito lenta para lhe ferir, você não conseguirá recebê-la sem, ao menos, piscar. Isso por que não controlamos o instinto de defesa. Só que nosso instinto ultrapassou o campo da defesa física e adentrou no campo da racionalidade.

Diariamente produzimos material intelectual: apresentações, análises, relatórios e outros documentos no trabalho; seminários, trabalhos de conclusão, trabalhos simples e resenhas para a faculdade; ou até mesmo em casa, utilizando blogs, escrevendo poemas, pintando quadros ou criando artesanatos. Muito de nós (e incluo-me, muitas vezes, neste exemplo), ao perceber sua obra criticada, não conseguem utilizar a critica para aprimorar seu trabalho. Preferem confrontá-la, pois olham para o que produziram e lembram-se do esforço, do empenho, da dedicação e de toda a dificuldade que deu para criá-la, ou seja, se enxergam como parte da obra, passando a deixar a racionalidade de lado e permitindo apenas que instinto de defesa atue. Desculpas, justificativas, discórdia e tudo mais que for preciso para defender uma parte sua. Como qualquer animal que possui apenas o instinto para reagir o faria.

Agindo desta forma, não evoluímos. Não conseguiremos distinguir a critica construtiva da destrutiva. Não permitimos que os comentários sobre nós sejam emitidos perto de nós e tão pouco conseguimos refletir ou perceber nossos erros. Aceitar críticas, ouvir sugestões e reconhecer os erros não são apenass virtudes, são provas da evolução de algumas pessoas. Se você for racional, terá o direito de se defender e não o dever. Portanto, algumas vezes, abra mão deste direito e reconheça que você pode estar errado.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Como resolver o problema...



Concluindo meu último post, ai vai a solução:

"Seja a mudança que você quer ver no mundo"
(Mahatma Gandhi)

Sei que não devemos começar um texto citando Gandhi, Einstein ou Chaplin se quisermos que nos levem a sério em nosso mundo cínico, mas acredito que ainda existem pessoas que concordem com a frase e se esforçam para colocá-la em prática.

Não é o país A ou o país B que precisa mudar seus hábitos, somos nós! Cada indivíduo precisa repensar seu consumo e o seu padrão de vida. Fomos engolidos pelo consumismo estúpido, barato e despropositado. Queremos trocar nossos eletrodomésticos todos os anos, comprar roupas novas todos os meses e consumir comida processada todos os dias, mas, tudo isso, ao menor custo possível.

Por conseqüência disto, a indústria acelera, ignorando boas práticas ambientais, e a agricultura freia, tornando-se um negócio de commodities. Custa muito caro para uma indústria tratar seus resíduos antes de jogá-los em um rio ou em um arroio, por exemplo. Como a preocupação do consumidor é apenas com o preço que irá pagar, o tratamento não é feito (o que reduz o custo da mercadoria). Assim, todos ficam felizes! O comercio realiza a sua venda e nós temos um produto mais barato! Perfeito! Porém, na economia, nada desaparece, tudo se transfere. O auto custo de produção não deixou de existir, apenas não fomos nós que pagamos a conta. Quem paga, na verdade, é o meio ambiente com a sua destruição.

Há uma linha de pensamento que acredita ser do governo a responsabilidade em criar e fiscalizar regras. É ingênuo acreditar que isso resolve o problema. Por que existe roubo de rádio, em carros, se existe lei contra furto e há policiais nas ruas? Porque há babacas que compram rádio roubado. Como o ladrão sabe que vai ter mercado, o risco compensa pela venda garantida. Como a indústria sabe que há mercado para produtos que visam o baixo custo em detrimento da natureza, mesmo que haja leis e fiscalização, eles continuarão a fabricá-los.

Nós! Nós somos a chave da mudança! Precisamos ter interesse em saber como é a empresa da qual estamos adquirindo nossos produtos. Descobrir se suas práticas produtivas são legais e conscientes em relação ao meio ambiente. E isso para todas as compras. Desde a comida diária até o eletrodoméstico necessário. Do não durável ao bem durável. Tudo! Também precisamos nos questionar, antes de comprar qualquer coisa, se aquela compra é realmente necessária ou se estamos comprando algo apenas para nos tornarmos mais aceitos ou mais respeitados, ao invés de suprirmos uma necessidade básica (que deveria ser a origem de nossos investimentos). Ou seja, precisamos deixar de ser tão consumistas.

Enfim, sei que tudo isso é difícil de ser colocado em prática. Meu texto parece piada em um mundo cínico, mas, mesmo assim, continuo concordando com Gandhi.

domingo, 22 de novembro de 2009

PROBLEMA e problema

Digamos que a sua sala esteja extremamente suja. Mas suja!!! Ai, você observa que a origem da sujeira provém de duas fontes:

1º - Há uma pessoa, do lado de fora da sala, arremessando baldes e baldes de barro pela janela, de maneira interrupta;
2º - Há uma pessoa entrando pela porta com os pés sujos de barro.
Em sua opinião, para evitarmos que a sala fique mais suja ainda, o que devemos fazer primeiro?

Se você optar pela segunda opção e utilizar 10 minutos orientado a pessoa dos pés sujos, no mínimo, uns 20 baldes de barro serão arremessados neste tempo. Agora, se você falar primeiro com o nosso amigo do balde, já irá garantir que a sua maior fonte de sujeira interrompa seu "trabalho". Depois, com calma, poderá instruir o homem dos pés sujos e resolver o problema em definitivo.
A menos que você seja americano, você concordará com esta seqüência.

Nos EUA, iniciou-se uma campanha contra o Brasil. Segundo "eles", a matriz energética brasileira (diga-se de passagem, é a mais ecológica do mundo) está contribuindo para o aquecimento global e algo precisa ser feito (acreditem, isso realmente está sendo dito). A alegação é de que cada barragem de hidroelétrica seja responsável pela destruição de centenas de espécies de animais, e a sua inexistências naquela região, provoca um desequilíbrio ecológico que desencadeia em mudanças climáticas graves. Ok, eles não estão errados, mas estamos comparando o cara dos pés sujos com o cara do balde.

Ao invés de barro, centenas de toneladas de CO2 (este sim, responsável direto pelo aquecimento global) são jogados na nossa sala, ou melhor, na atmosfera do nosso planeta, todos os anos.

Em relação a emissão de CO2, o Brasil é responsável por 1,3% do total, contra 24,3% dos EUA. Vamos fazer uma conta simples para entender o tamanho desta "caca".

A ONU, hoje, reconhece 191 países no mundo. Se todos as nações emitissem dióxido de carbono do mesmo modo, a poluição de cada país seria de 0,52% do total. No entanto, se todos poluíssem como o Brasil (1,3%), precisaríamos de 2,2 planetas para mantermos os índices de poluição e ter uma atmosfora como a que temos hoje (isso é ruim, eu sei). Agora, se tivéssemos 191 EUA no mundo (nossa! credo!!!!) precisaríamos de 48 planetas!!!! Isso mesmo, 48!

Sei que o Brasil possui uma série de problemas a serem ajustados em relação a poluição, mas se o objetivo é ajudar a resolver o problema do aquecimento global, vamos primeiro evitar que baldes de sujeira sejam arremessados para depois pensarmos o que fazer com aqueles que, por enquanto, apenas possuem os pés sujos. Se perdermos o foco, nos distanciamos da meta!

Por enquanto, atenho-me a dar uma opinião politico-partidária-indignada. No próximo post, trarei uma solução filosófica para o problema (que, seguramente, se seguida, resolveria o problema).

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Projeto Empatia


O senador Cristovam Buarque, o qual vigora na minha lista de políticos sérios, propôs um projeto de lei, no mínimo, interessante. Eu o chamaria de "Projeto Empatia".

Sua emenda determinaria que todos os agentes públicos eleitos (políticos) matriculem seus filhos em escolas públicas. Embora seja radical demais para ser aprovado, em minha opinião, este projeto obrigaria nossos políticos a perceber o abandono do ensino público.

Com seus filhos matriculados em escolas particulares, de bairros nobres e com infra-estrutura para proporcionar um dia inteiro de atividades, eles não possuem condições de entender que alguns alunos passem o dia em casa, sem fazer nada, por não haver professores para todas as disciplinas. Também, na situação em que estão hoje, não se pode exigir que saibam da falta de segurança nas escolas, mas, ao chegarem em casa e receberem seu filho com um olho roxo por ter sido espancado por um colega, em frente a escola, saberão do que se trata.

Enfim, prefiro concluir este post com uma parte que extraí do próprio texto do projeto de lei do senador:

[...].Talvez não haja maior prova do desapreço para com a educação das crianças do povo, do que ter os filhos dos dirigentes brasileiros, salvo raras exceções, estudando em escolas privadas. Esta é uma forma de corrupção discreta da elite dirigente que, ao invés de resolver os problemas nacionais, busca proteger-se contra as tragédias do povo, criando privilégios.



Além de deixarem as escolas públicas abandonadas, ao se ampararem nas escolas privadas, as autoridades brasileiras criaram a possibilidade de se beneficiarem de descontos no Imposto de Renda para financiar os custos da educação privada de seus filhos.[...]



Fonte:
http://www.senado.gov.br/sf/atividade/Materia/detalhes.asp?p_cod_mate=82166

sábado, 14 de novembro de 2009

Boa sorte, ou melhor: Ganbatte kudasai!

Leio muito sobre filosofia, mas ao contrário de alguns leitores deste gênero, não ignoro a contribuição oriental. A filosofia ocidental, sem dúvida, é fascinante, mas o material do oriente consegue ser absurdamente prático. Durante uma parte da minha carreira profissional, tive um líder que contribuiu para essa minha visão. Quando este líder deixou a empresa em que trabalhávamos, conversamos sobre isso durante algumas horas. Ao perceber o meu descontentamento, ele apenas disse: "queria ser japonês para lhe desejar boa sorte, pois, para eles, sorte é o encontro do preparo com a oportunidade e você está plenamente preparado para desafios maiores".

Entendi aquilo como um elogio e pesquisei um pouco sobre o conceito japonês de sorte. Sempre estive ao lado daqueles que exclamam "os japas são foda!" e eles realmente são. Se você buscar a tradução português/japonês para a palavra sorte, encontrará a palavra ganbatte, porém se traduzir novamente a palavra ganbatte para o português, o tradutor retornará esforço! Sendo mais objetivo, os japoneses não acreditam que a sorte possa ser mais responsável pela sua glória quanto o seu esforço.

Para eles, ganbatte não significa um esforço pequeno, mas sim um esforço gigantesco para se obter algo da mesma magnitude. Algo que exija muita dedicação para se obter. Algo do qual você precisará abrir mão de diversas outras coisas para conseguir. Para os japoneses, mesmo que não consigamos alcançar o nosso objetivo, o importante é que tenhamos nos esforçado ao máximo. No Japão, o esforço é mais respeitado do que o resultado. Assim, mesmo quando alguém consegue um resultado satisfatório com um esforço pequeno, os japoneses não consideram uma grande vitória, pois se o esforço tivesse sido maior, o resultado poderia ter sido melhor.

Digo que a filosofia oriental é prática, por razões como estas. Neste exemplo, tudo que você quiser você conseguirá, só depende do seu esforço. No Japão não há lugar para o talento individual ou para a sorte. Eles até podem acreditar que estes fatores possam, de alguma forma, contribuir, mas jamais acreditam que possam determinar a vitória mais do que o esforço.

Portanto, quando for fazer algo realmente desafiador e grande, não se preocupe em ter sorte ou em não ter talento para isso. Apenas ganbatte kudasai (se esforce)!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Você tem colegas ou amigos?

No último post, tentei passar a idéia de que você só saberá se confia em alguém quando a sua confiança for testada. Enquanto você sabe onde a pessoa está e com quem ela está, é muito "simples" confiar. É engraçado, mas as amizades também são assim.

Sabe como descobrir se você tem amigos de verdade? Pense na forma como você os encontra. Por exemplo: se você procura esta pessoa ou é procurada por ela para fazerem alguma coisa, ai você pode afirmar que tem um amigo, no entanto se o que motiva os encontros de vocês é um fator externo (vocês são colegas de trabalho e se encontram todos os dias porque trabalham juntos, por exemplo), ai não se pode afirmar nada. Enquanto o trabalho, a academia, o colégio, a universidade, ou qualquer outra entidade seja a responsável por você encontrar algumas pessoas, é muito "simples" ser amigo delas.

Trabalhava em uma empresa e sempre achei que tinha vários amigos lá. O clima era muito bom e quase sempre saíamos para tomar uma ceva ou para conversar após o trabalho. Sai desta empresa há uns cinco anos e posso usar apenas uma mão para enumerar as pessoas que me ligaram ou me convidaram (ou que eu tenha ligado ou convidado) para qualquer coisa desde a minha saída. Sem mencionar os amigos (ou melhor, colegas) que fiz onde trabalho hoje, que deixaram a empresa e nunca mais nos falamos.

Se há pessoas na sua vida que você considere especiais, não permita que apenas uma entidade seja a responsável por vocês se encontrarem, ou então, quando este elo não existir mais, estas pessoas serão apenas seus ex-colegas.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Não é simples confiar!


A confiança, na minha humilde e humana opinião, vigora entre os mais nobres dos sentimentos. Não pela beleza do gesto, e sim pela sua incompatibilidade com uma série de sentimentos ruins, como orgulho, ansiosidade, insegurança, suspeita, preconceito, etc. Mas você confia em alguém ou em algo? Tem certeza? Então, não teria problema em testar isso, correto?

Primeiro, cuidado para não confundir convicção com segurança. Por exemplo: vá a uma fábrica que venda airbags e pergunte ao consultor de vendas se ele confia que alguém, a 120Km, em um carro equipado com o mais moderno sistema de sua fábrica, pode sair ileso de uma colisão frontal. Ele seguramente dirá que sim. Então, diga que você compra se ele entrar em um carro de teste e provar que isto é verdade. Dificilmente ele aceitará a proposta, pois é convicto de que o equipamento funciona, mas não confia nele plenamente. Agora, confiar em "coisas" é algo simples se comparado com pessoas.

Seguido ouço mães orgulhosas dizerem: "Meu filho jamais usaria drogas. Confio nele!". No entanto, a maioria delas controla onde os filhos estão, com quem estão e o que estão fazendo. Assim é fácil! Quem confia de verdade, não precisa de precaução para isso. Também é fácil um homem afirmar que confia na sua mulher quando ela apenas trabalha, não estuda, não tem amigas e passa todo seu tempo livre ao seu lado. Geralmente, este é o tipo de homem que diz: "Confio porque nunca tive motivos para desconfiar". Ridículo isto! Não se pode delegar confiança. Ela precisa partir de você. A mulher que, realmente, confia em um homem, não é aquela que sempre sabe onde ele está, mas a que, quando ele chega de um happy hour, tira um cabelo de sua roupa dizendo: "Hi amor, tem um fio de cabelo aqui. Deixa que eu tiro". Para ela, aquilo não significa nada, afinal, ela sabe que ele não a trairia, pois confia nele.

Por isso que a confiança não convive com sentimentos ruins. Uma mulher insegura, jamais conseguirá agir naturalmente em uma situação desta. Uma mãe segura sabe que já aconselhou e criou seu filho da melhor maneira possível e que, agora, pode confiar nele. Um homem desprovido de orgulho, não se importa que sua esposa esteja com as amigas (onde quer que ela esteja). Se você não permitir que estes sentimentos ruins existam, precisará identificar quando, no que e em quem confiar. Ou seja, confiança é algo complexo que requer evolução, mas não permita que isso faça você desistir: confie!

domingo, 8 de novembro de 2009

O lado postivio da felicidade

Há algo intrigante na felicidade. Trata-se da enigmática alegria daqueles que possuem tão pouco. Sei que dinheiro e felicidade não estão associados, porém como fazer para evitar que uma situação de crise nos deixe demasiadamente preocupados e, consecutivamente, perturbe a nossa alegria?

Tenho um tio que, certa vez, passava por um péssimo momento financeiro. Agricultor, havia feito empréstimos para aumentar sua produção, mas as coisas não saíram consoante planejado. O clima (ou o tempo, já que a característica climática daquele ano não se repetiu) mudou e ele perdeu quase toda sua plantação. Sem colheita, sem dinheiro para pagar os bancos. Resultado: perdeu suas terras, sua casa e precisou da ajuda de seu sogro, outro agricultor, para ter onde morar e com o que alimentar a filha e a esposa.

Naquele ano, eu e meu pai, muito em função da preocupação do meu velho, fomos visitar meu tio. Preparei-me para deparar com a cara da decepção. Pensei na pessoa mais triste e acabada do mundo e sabia que aquela seria a expressão que receberia do meu, até então, sempre alegre tio. No entanto seu comportamento surpreendeu-me. Tratava-se do mesmo Pedro de sempre. Um homem alegre, bem humorado e trabalhador. Intrigado, perguntei-lhe como conseguia ser tão feliz diante daquela situação, e ele respondeu-me: "É que poderia ser pior. Quando achei que tinha azar, na verdade percebi que tinha muita sorte, pois a tia começou a trabalhar ao meu lado como nunca e percebemos que tínhamos parentes que se preocupavam conosco e estavam dispostos a nos ajudar". Sabem o que ele fez? Apenas enxergou o lado positivo da situação.

Há pessoas que precisam ser demitidas para engrenarem a carreira. Há os que precisam perder um parente para perceber o quanto aqueles que continuaram vivos são importantes. Meu tio era um agricultor bem simples quando tentou o empréstimo, antes mesmo de falir. Hoje, é um agricultor forte e muito respeitado na região, sem falar que sua família trabalha ao seu lado como ele nunca imaginou que pudesse ser um dia.

Toda e qualquer desgraça, decepção, má notícia, erro ou desapontamento possuem um lado positivo. Sempre, sem exceção, por menor que possa ser, ele estará lá. Ou teremos algo para aprender, ou estaremos tendo a chance de sairmos fortalecidos. Então, se temos algo positivo (aprendizado) e algo negativo (a dor, o arrependimento, a tristeza, etc) porque ficar com o negativo? Esqueça o negativo. Foque suas energias no lado positivo e poderá superar qualquer crise! A felicidade pode estar na nossa vida, porém, a forma como reagimos aos problemas podem nos impedir de perceber isto.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Extinção: não discurse de cueca!


A ignorância me revolta na mesma proporção que os discursos prontos. Ontem, em uma aula de produção de textos, no meu curso de administração, os alunos tinham de analisar a figura de uma baleia sendo capturada por um grupo de homens e redigir um texto sobre o que a imagem lhes transmitia. Uma mente pensante foi capaz de escrever, mais ou menos, o seguinte: "o homem, com a caça predatória das baleias, está causando a extinção deste ser vivo. Quando a mata, o homem não reflete sobre o mal que está causando à espécie". Vamos às revoltas:


1 - Parte da turma adorou o texto.
2 - Quem é este homem destruidor e insensível?
3 - Predatória???

É bizarro que o discursos midiático consegue influenciar, ou melhor, cegar as pessoas. Ouve-se falar em caça "predatória" em jornais e em revistas, mas ninguém analisa, ou simplesmente desconhece, que predador é aquele que se alimenta a partir de um ser de outra espécie. As vacas podem até morrer por causas predatórias, mas não as baleias. Só há um país que ainda consome sua carne, o Japão, e mesmo assim o consumo é baixo. O grande motivador da caça é a extração das substâncias derivadas deste animal, como a obtenção de âmbar, por exemplo. Esta substância é utilizada, em larga escala, na perfumaria. Ela prolonga a fragrância e amplia a complexidade dos aromas. Outra utilidade de uma baleia morta é a extração de espermacete, que, por sua vez, é utilizada em cosméticos para maximizar seus efeitos revitalizantes.

A baleia não é morta pelo "homem" e os assassinos da foto tão pouco são predadores. Quem mata este animal somos nós, para nos sentirmos mais jovens e mais perfumados. Confesso que não leio a composição química dos perfumes que compro, porém não abro a boca para fazer discurso midiático massivo, deixando de analisar onde está a minha parcela de culpa no problema.

Como dizem aqui na minha terra, "posso não ser o mais correto, mas não saio por ai pregando moral de cueca"

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Nobel de Economia


Assistia ao Manhattan Connection no último domingo (o único programa que ainda assisto na TV) e analisava os comentários feitos pelos membros da bancada do programa sobre o premio Nobel de Economia deste ano. Comentaram que a premiação foi entregue a uma mulher que não possui formação em economia e, em época de crise econômica, perdeu-se uma ótima oportunidade de premiar os economistas que realmente fizeram algo para amenizar os impactos da crise. Sempre admirei a opinião deles, mas desta vez fui obrigado a reconhecer que ninguém, pelo menos no programa, alcançou a intenção da premiação.

Elinor Olstrom (Nobel de Economia 2009) ficou conhecida (e por isso ganhou o prêmio) por pesquisar os "commons", que são todos os recursos administrados coletivamente e não apenas pelo governo ou pelas corporações. No Brasil, usamos o termo "externalidades" para o mesmo emprego. Quando uma empresa produz determinado produto, ela possui diversos custos: impostos, folha de pagamentos, despesas, etc. Ou seja, para tudo que ela utiliza, será pago um valor. Mas e os detritos, mesmo que legais, que ela despeja no meio ambiente? E a poluição, mesmo que mínima, que ela libera? Quem paga esta conta? Este é um exemplo de "commons". Elinor quer aproximar o mundo desta realidade. Percebam, agora, a importância do Nobel deste ano!!!

Você já reparou que os países de maior economia do mundo (EUA, Japão e China) são também os maiores poluidores? Acredita que isto seja apenas uma coincidência? A economia tem ignorado que os seus setores (agricultura, indústria e comércio) dependem de fatores ambientais. Este desprezo pertence a um modelo econômico ultrapassado e que precisa ser re-inventado. Caso algum teórico deste meio tivesse recebido a premiação, os suecos, mais uma vez, estariam parabenizando o erro.

Em plena era de pós-crise, talvez um dos momentos mais importantes da economia mundial de todos os tempos, os cinco suecos do prêmio Nobel ignoraram todos os analistas que previram a crise e os economistas que amenizaram seu impacto. Diversos estudos foram criados nos últimos meses. Talvez, parte do material mais importante da economia fora produzido durante este período. No entanto eles ignoraram tudo isto para dizer a todos que, independente de quem tenha afundado ou de quem tenha se recuperado na crise, todos dependem do meio ambiente e este precisa ser o foco da economia contemporânea.

Até então, o trabalho de Elinor era anônimo. Ela era invisível para o mundo. Ao premiá-la, os membros do Nobel fazem o mundo olhar para ela e, principalmente, para o seu trabalho. De nada adianta sairmos de uma crise se não tivermos para onde ir. Talvez este seja o inicio de uma nova tendência econômica. Uma era em que o crescimento precisa ser sustentável.

domingo, 18 de outubro de 2009

Paixão e Amor.


Inspirado no casamento de um dos meus melhores amigos, Javorski, escrevo sobre algo que refleti muito ontem, na sua cerimônia.

Quando estamos apaixonados, projetamos uma imagem da pessoa. Nesta imagem, jogamos todos os nossos desejos de como gostaríamos que esta pessoa fosse. Por exemplo: quando você conhece alguém e começa a imaginar como esta pessoa será (será que ela é inteligente? será que tem um bom assunto? será que é carinhosa? será que é engraçada?), você já está apaixonada. Ai, segue-se dois caminhos:


1 - As imagens serão bem diferentes da realidade
Neste caso, você se desilude da pessoa. É o momento em que você diz para si mesma "achei que ia ser diferente", "tinha tudo para dar certo, mas não bateu aquele brilho no olho" ou então "não rolou uma química". Algumas pessoas ficam frustradas nesta fase e começa a achar que nunca mais encontrarão alguém interessante ou que estão muito exigentes, quando na verdade estão apenas criando muitas imagens.

2 - As imagens estão muito próximas ou exatamente iguais à realidade
Ai ferrou! Este é o estágio em que você cai de paixão pela pessoa. Tudo que você faz é pensar nela e, quando a vê, confirma mais imagens. Ela vai se tornando cada vez mais perfeita para você e cada vez mais você quer estar ao lado dela. Há quem tenha criado estatística para paixão e afirme que ela não dure mais de dois anos. Mas e ai, o que vem depois? Novamente dois novos estágios:

2.1 - O amor não surgiu
É possível que a pessoa tenha se demonstrado exatamente como você pensou que ela fosse, mas não basta isso para existir amor. É importante que ela não tenha se demonstrado como você não gostaria que ela fosse. Calma, eu explico: digamos que você tenha imaginado que a pessoa seria carinhosa, inteligente e bem humorada. Isso apenas alimentará a paixão. O amor verdadeiro alimenta-se de como você NÃO gostaria que pessoa fosse. Se você detesta pessoas egoístas, mesmo que ela tenha todas as qualidades que você sempre sonhou, você nunca conseguirá amá-la. Alguns destes "defeitos" nós nem perceberemos, mas nosso inconsciente pode detectar e nos afastaremos aos poucos da pessoa. Depois de algum tempo junto, você vai começar a achar mais interessante estar sozinha do que com a pessoa. Nos momentos chatos da relação, você vai se perguntar: "Que diabos eu estou fazendo aqui?". se isso acontecer, seja sincero com a pessoa e desista da relação. Admita que falhou na escolha e siga em frente. Muitas vezes, insistimos em um relacionamento por termos dificuldade de admitir nossos erros.

2.2 - O amor surgiu
Ai ferrou mesmo!!!
Já li muito sobre amor. Acho que o seu significado está dentro do livro das super respostas, junto a resposta de outras dúvidas como "a terra foi criada ou sempre existiu?", "Deus existe?", "qual é a idade do Silvio Santos?" (ops!, esta não). Mas enfim, tá lá o amor. Voltando a ele, como nunca encontrei uma resposta, tomo a liberdade de criar a minha:

O amor não é um sentimento, mas um estado. Quando o temos por outra pessoa, nossas forças e energias são transferidas integralmente para ela, sem que haja anseio de receber algo em troca. Quando amamos alguém, a felicidade desta pessoa é mais importante do que a nossa, assim como o seu bem estar, o seu conforto, as suas realizações e, até mesmo, a sua saúde.

Quando duas pessoas se amam, cada qual se preocupa com a plenitude do outro, deste modo, ninguém estará vulnerável.

Neste estágio do relacionamento, não importa mais se a pessoa atende às imagens, pois você não as cria mais. Você sabe como a pessoa é, sabe de seus planos, sabe de sua vida e faz de tudo para que ela realize-os. Você encara isso como o seu objetivo.

No entanto, pequenas imagens são fundamentais para manter uma relação longe da rotina (mesmo que exista amor, a rotina é um mal que precisa ser evitado), mas dai elas dependerão da afinidade e esta nem sempre está presente no amor (lá vamos nós...).

2.2.1 - Amor, mas sem afinidade.
O relacionamento pode estar fadado à rotina e esta é a única capaz de corrompê-lo. Se você é uma pessoa acomodada, tudo bem. A rotina não irá atrapalhar. Agora, se você é aventureira e esta sempre em mudanças, a rotina acabará com o relacionamento em pouco tempo.

2.2.2 - Amor com afinidade!
FERROU TOTAL MESMO, MESMO!!!
Amor com afinidade é a plenitude do relacionamento. Por um lado, há o amor garantindo que ninguém esteja vulnerável; pelo outro, há a afinidade, garantindo que ainda tenha espaço para paixão quando amamos. Explicando,...
...como a paixão é a projeção de imagens, quando amamos a afinidade é a única que pode garantir novas realizações de imagens. Imagine o dia que você estiver cansada e projetar a imagem de um jantar te esperando quando chegar em casa. Ai, você liga para o maridão (afinal, se você chegar ao 2.2.2 case com o cara!) e dá a entender que está precisando de atenção (mas não irá sugerir o jantar, óbvio). Então, você chega em casa e ele faz exatamente o que você havia pensando (realizando a imagem). Quando você pensar em viajar, ele já comprou as passagens certas ou, no mínimo, estava pensando na mesma viagem que você. Em resumo, a afinidade garantirá que a outra pessoa sempre possa lhe surpreender e isso isolará a relação da rotina.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ensino Público: mudança sem precisar mudar?

Correu-me uma lágrima ao ler o editorial da Zero Hora de ontem (não estou sendo sentimental, mas sim irônico). Educadores e pessoas ligadas ao ensino, no estado, buscando motivação para continuar lecionando e criticando a qualidade deste (infra-estrutura, preparo dos profissionais, baixos salários, etc).
Mas por que o ensino público é tão ruim? Por que os professores ganham mal?

Nas escolas particulares, sabemos que a realidade é outra. Elas possuem os melhores professores e pagam os maiores salários, porém não podemos confundir as coisas. Esta não é a diferença. A diferença é o controle!

Eu tinha um professor de matemática, na escola pública onde estudei, que enchia o quadro de exercícios e ia para a porta fumar. Quando os alunos faziam alguma pergunta, ele dizia: "guarda todas as dúvidas, porque, no final da aula, eu vou copiar as resoluções para o quadro". Parece irônico, mas este mesmo professor de merda, liderava as passeatas sindicalistas que reivindicavam melhores salários. Quando eu o perguntava o porquê dele acreditar que merecia um aumento, ele dizia: "Porque eu ganho muito mal". A bom, tá explicado!!! Se fosse por isso, todo mundo iria sair às ruas amanhã reivindicando salários melhores, pois eu não conheço ninguém que diga "Cara, como eu ganho bem!". Mas ok, vamos continuar procurando a resposta.

Você acredita que profissionais de uma empresa privada seriam excelentes profissionais se não houvesse nenhum tipo de acompanhamento de suas responsabilidades? Qual empresa paga os melhores salários e possui os melhores profissionais: as falidas ou as mais produtivas? Embora estejamos falando do setor privado, a analogia com o ensino público é perfeita. As escolas estaduais não possuem nenhum tipo de controle sobre seus funcionários, estão falidas e só aglomeram profissionais que não conseguem (ou ainda não conseguiram) uma vaga no setor privado (que seriam as empresas produtivas). Ou seja, a diferença está no controle! É por esta falta de controle e de critérios de avaliação dos profissionais, que temos um sistema educacional deficitário.

O ensino público está falido e cheio (apenas cheio e não completamente cheio) de péssimos profissionais. Isto é fato! Se você tivesse uma empresa falida e cheia de gente inútil, você acredita que solução para salvá-la da crise seria apenas aumentar o salário desta gente? Francamente!

Primeiro, é preciso limpar a empresa dos profissionais ruins. No nosso caso, o ensino público dos professores letárgicos. Depois, começar a dar resultado e, por último, melhorar o plano de carreira para pagar salários adequados.

Se aquele meu professor de matemática, todo semestre, fosse avaliado a partir do rendimento dos seus alunos, em um Exame Estadual de Análise de Ensino e que, caso eles não fossem bem no exame, ele pudesse ser demitido, você acredita que ele seria tão relapso com a turma? Até poderia ser, mas seria demitido. Isto é controle. Esta é a única forma melhorarmos o ensino público para que os professores possam ganhar bons salários. Se o ensino fosse adequado, o governo, seguramente, destinaria mais verba ao setor.

É interesse do governo que a educação progrida. Não sei se todos sabem, mas o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) tem 33% da sua nota baseada na educação. Ou seja, educação ruim resulta em IDH ruim. Para o governo, um bom Índice de Desenvolvimento Humano, coloca o país na ponta dos países desenvolvidos. Isto, só para citar um exemplo, diminuiu o chamado Risco Brasil, o que eleva o país em Grau de Investimento e faz com que investidores externos injetem seus recursos na nossa economia. Ai sim o governo estaria investindo (pois teria retorno) na educação. Se investir da forma como está, será como rasgar dinheiro.

Agora, o principal problema é que os professores querem que mude apenas o que lhes agrada, ou seja, seus salários. Para que eu não pareça injusto, leiam vocês mesmos (trecho extraído de http://blogsineta.blogspot.com/2009/01/governo-yeda-e-educacao.html):

A política educacional do atual governo é também de resultados. Como se a escola fosse uma empresa qualquer. Tanto é, que realizou o corte de salários dos professores grevistas (...). Para completar a crueldade, agora quer implementar a tal da meritocracia, com a premiação aos professores que tiverem o melhor desempenho.

Ou seja, no Rio Grande do sul, o governo está tentando mudar, já que a iniciativa não partiu dos diretores das escolas, mas é assim que este é recebido. Controlar é implantar um sistema sério de meritocracia, que privilegie os bons profissionais e descarte quem não estiver interessado em trabalhar. Os professores querem mudança, desde que eles não tenham que mudar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Legalização da Maconha!


     Quando ouvia Planet Hemp cantando "legalize já!", pensava: "cambada de maconheiros cretinos. Tantos problemas para nos preocuparmos e os caras querendo liberar a maconha. Quero ver o que irão fazer quando seus filhos chegarem em casa com um baseado na boca. Será que vão lhes dar um abraço e elogiar-lhes?". Sim, bastante radial, mas eu tinha apenas 15 ou 16 anos e era exatamente assim que pensava.

     Há poucos anos atrás, assisti Tropa de Elite nos cinemas. Embora, obviamente, como muitos, soubesse que a maconha financiava o tráfico, o filme ilustrou de uma forma bastante real esta idéia. E, novamente, percebi o erro no uso das drogas. Concluí com isso que a maconha, primeiro, não poderia ser consumida, pois desta forma o tráfico seria financiado. E, segundo, não deveria ser legalizada, pois os traficantes não teriam mais nenhuma barreira.

     Mesmo com todos estes aspéctos evidentes, não podemos ter uma opinião sem saber por que a temos. Por isso, comecei a buscar diversas explicações filosóficas para a vantagem de legalizar a maconha, mas não encontrei nenhuma. Foi então que me lembrei de algo que escrevi outrora: “Existem duas áreas de conhecimento que afastam você da ignorância: a Filosofia e a História”. Percebi que havia esquecido da história.

     Na década de 20, sabem qual era o principal produto da máfia italiana nos EUA? Adivinhem. Não, não era a maconha. Era o álcool. Sabem por quê? No inicio do século 20, surgiu um movimento nos EUA chamado de As Ligas de Temperança. Este movimento religioso puritano conseguiu proibir o álcool. Não podendo ser comercializado em locais públicos, a bebida passou a ser vendida em ambientes clandestinos, ou seja, pelo crime organizado e por mafiosos. Mas como isto foi resolvido? Na crise de 1929, os Estadusunidenses liberaram a consumo de álcool sob o detrimento de altas taxas de impostos. Resultado: muitos comerciantes passaram a vender bebidas alcoólicas, o governo passou a lucrar muito com os impostos e a máfia teve de mudar de produto. Foi então que percebi o obvio. Estava lá o tempo todo.

     O crime organizado não ganha dinheiro com maconha, mas sim com produtos ilegais. Carros roubados, produtos piratas, diplomas falsificados, envio de containeres com lixo para países do “terceiro mundo”, venda de remédios produzidos em fábricas clandestinas, exploração da mão de obra escrava e, até mesmo, vendendo drogas. Eles não vendem drogas por que estas viciam, mas apenas por serem ilegais. Quando comercializam mercadoria ilegal, eles conseguem monopolizar as vendas, pois fica muito fácil mapear de onde ela está vindo (já que poucos vendem) e assim é mais simples outorgar seu monopólio. Se fosse pelo vício ou pelo lucro, os traficantes venderiam álcool.

     Você sabia que os efeitos do álcool são até 20 vezes piores ao cérebro do que a maconha? Sabia que o vício chega a ser de 2 a 3 vezes superior? Já lhe ocorreu que o preço de uma bebida sem impostos consegue ser até 150% mais barata. Então, por que os traficantes não vendem álcool contrabandeado, se seria mais lucrativo e seus usuários viciariam mais facilmente? Porque ninguém subiria o morro para comprar cerveja! Para isso, basta ir até o mercado. Quem quiser uma garrafa de Amarula (ou qualquer bebida importada “atolada” de IPI) mais baratinha, basta pedir para o próximo amigo que for ao Uruguai ou ao Paraguai, que inclua na sua lista mais uma garrafa, pois há um limite bem generoso para compra de mercadoria sem impostos. Portanto a legalização acabaria com o tráfico da maconha no Brasil, do mesmo modo que acabou com o tráfico de bebidas nos EUA.

     Mas isso não aumentaria a quantidade de fumantes? Não e sim. Calma, vou explicar de uma forma bem comum a todos.

     Quando uma mãe não quer que o filho pegue os biscoitos que estão no pote, ela coloca o pote em cima da geladeira. Ai, o filho coloca uma cadeira e pega o biscoito. Um dia, ele cai, quebra o braço, quebra o pote e mãe bate no filho. É ele que está errado nesta estória? Se o a criança não tinha conciencia do que estava fazendo, como pode estar errada? O correto não seria  a mãe tê-la educado ao invés de apenas dificultar o uso? Seria, mas é bem mais fácil dificultar o acesso ao pote. Do mesmo modo, não seria mais efetivo investir na concientização da sociedade em relação aos problemas com o uso das drogas? Sim, mas ao invés disso, apenas dificultam o acesso (até mesmo, literalmente). Isso não impede o uso, e sim piora a situação de quem quer usar e não tem conciência do que está fazendo. A família é negligente, o Estado é negligente e querem que o judiciário seja punitivo! É como se criássemos uma regra em casa: se o filho fizer algo errado, ele apanha!

     A legalização da maconha não é um benefício para os usuários, é um avanço social. Plantações de maconha, venda garantida para empresas sérias como a Souza Cruz e a comercialização taxada por impostos, produzirá um produto de qualidade para seus usuários (que hoje nem sabem o que estão fumando), retorno financeiro para o Estado (pelo que existe de maconheiro neste país, a União vai poder extinguir metade dos impostos) e segurança para a sociedade (a comercialização legal da maconha tiraria uma das mercadorias do crime organizado).

     Minha visão sobre o "legalize já!" mudou. Não só em relação a legalização. Se o cara fuma ou não e se ele vai abraçar o filho viciado, o problema é do cara; cada um define suas escolhas e elas definirão o caminho do seu futuro. Dizer que defender a legalização da maconha é apologia às drogas, é uma bobagem gigantesca. Se alguém começou a fumar porque ouvia Planet Hemp, a culpa não é da banda e sim da formação desta pessoa que se deixou influenciar por uma banda (se bem que existe influenciável para tudo, pois, recentemente, o que mais se ouvia eram aquelas expressões indo-idiomáticas da última novela da Globo, mas fecha parênteses).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

COMO NÃO INOVAR PROFISSIONALMENTE!

Continuando o assunto do último post, há quem se abstém de estudar outros conhecimentos para focar suas atenções em apenas uma ciência, Isto é válido, é óbvio. Há excelentes profissionais no mercado "uniespecialistas". Dedicados, esforçados e destaque naquilo que fazem, mas dificilmente inovarão na sua profissão. Porém, há uma parcela destes “uniprofissionais” que tentam inovar, e ai vem o trágico. Como não têm conhecimento para isto, fazem uso da imbecilidade. Ao invés de, realmente, inovarem, estão mais preocupados em "valorizar" a sua profissão, o que é patético.


Advogados fazem questão de utilizar um idioma próprio, incapacitando que um monoglota se defenda em uma ação judicial simples. Com mesma satisfação, os médicos utilizam sua escrita própria. Gerentes de Projetos criam gráficos que só eles entendem e são valorizados apenas nos seminários. Os profissionais de informática parecem orgulhar-se quando utilizam suas palavras em inglês (sem entender porcaria nenhuma do idioma). Os professores de matemática transcrevem formulas gigantescas e suspiram prazer ao perceber a dificuldade dos alunos em aprender ou a se "apavorarem" com sua disciplina. Gestores, incapazes de inovar com suas equipes, utilizam jargões estadounidenses para parecerem atualizados.

Percebam o quanto isto é ilógico? O objetivo de uma receita médica não é instruir o paciente? Então por que escrevê-la com uma letra que ele não possa ler? O principal papel de um gestor não deveria ser a comunicação e a sinergia? Então por que utilizar termos que eles não entenderão? O objetivo da matemática, quando foi constituída como disciplina, era instruir os alunos como raciocinar com lógica. Qual a lógica de pegar uma fórmula que você decora e resolver um calculo que você nunca soube onde será aplicado?

Se você for um profissional especializado na sua profissão, o que é muito bom, como já comentei, apenas não inove que você será um destaque. Se for médico, crie uma receita legível. Se for advogado, preocupe-se apenas em defender o seu cliente. Se for um gestor, comunique-se com eficiência e entenda que a sua equipe é feita de seres humanos e o bem estar deles é fundamental para a produtividade do grupo. Aos técnicos, evitem jargões. Caso seja gerente de projetos, preocupem-se em atender aos objetivos do projeto, nada mais.

Não inove a menos que possua conhecimento para isso. Fugindo destas inovações que os profissionais medíocres precisam criar, já estará sendo um excelente profissional. Como descreve Khalil Gibran, "A simplicidade é o último degrau da sabedoria.".

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

COMO INOVAR PROFISSIONALMENTE?



Sempre observei que os grandes filósofos (considerando como filósofo todo o ser inquieto, que questiona as verdades universais e busca soluções e respostas inovadoras), como Sócrates, Platão, Da Vinci, Copérnico, Kant, Hegel, Darwin, Mendel e outros, não se limitavam ao estudo de apenas uma ciência. Da Vinci, por exemplo, aperfeiçoou seus quadros aprofundando seus conhecimentos de geometria. Mendel, Darwin e Copérnico estudaram medicina. Platão ensinava matemática aos seus alunos. Ou seja, para eles, limitar-se a uma ciência limitava seu pensamento dentro desta própria ciência.


Talvez seja justamente isso que falte a nossa sociedade. Os profissionais estão se limitando a uma área de conhecimento. Tenho professores na UFRGS que são formados em administração, fizeram mestrado em administração e concluíram seu doutorado em administração. Será que eles serão ótimos administradores? Pode até ser, mas dificilmente serão inovadores. Seus conhecimentos estão limitados à administração. Não há como inovar sem novidades. E os exemplos são diversos.

O pai da administração moderna, Peter Drucker, não era formado em administração, mas sim em Filosofia. Assim como Adam Smith, o pai da economia. Um dos maiores escritores brasileiros da atualidade, Moacyr Scliar, é formando em medicina e não em letras. Já que estávamos falando das referências, vamos a referência de vendas em literatura. A mais recente, Augusto Cury, é formado em psicologia. O expoente maior de vendas, Paulo Coelho, em jornalismo. Um dos mais importantes e solicitados palestrantes do país, Waldez Ludwing, é formado em tecnologia da informação, porém suas palestras são absolutamente voltadas para recursos humanos.

A economia do Brasil só tornou-se estável quando um presidente sociólogo (e não cientista político) decidiu convocar psicólogos e sociólogos para as reuniões monetárias e criaram o Real (antes, é claro, a URV), pois entenderam que o problema do Brasil não era sua economia, mas o perfil de seus consumidores.

Inove na sua área saindo da sua área. Sabe quando não conseguimos resolver um problema (seja estudando, seja trabalhando) e precisamos sair um pouco, desopilar e, quando voltamos, Eureka! Resolvemos o maldito? Pois é, a lógica é a mesma. Para inovar, precisamos tirar um pouco a cabeça do “atoleiro” da nossa profissão e olhar por outros ângulos o mesmo problema. As empresas procuram profissionais empreendedores e fornecedores diferenciados, e não há como atingir qualquer uma dessas qualidades sem inovar.


No próximo post vou expor minha opinião sobre COMO NÃO INOVAR PROFISSIONALMENTE!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Política Externa: A CRISE HONDURENHA

Abordagem interessante do escritor Reinaldo de Azevedo, publicado hoje, em seu blog:


Às vezes, é preciso desenhar. Então vamos desenhar. Comecemos com uma questão bastante geral, que vale para Honduras, para o Brasil e para qualquer país: pode-se não gostar da Constituição que existe, mas sempre existirá uma. A questão é saber se ela foi votada num regime autoritário ou democrático; se a legitimidade está de braços com a legalidade. No caso hondurenho, ainda que se possa fazer pouco do texto constitucional e lhe atribuir exotismos - a brasileira está cheia de esquisitices -, foi escrita num regime de liberdades plenas e vinha garantindo a estabilidade do país, com sucessões democráticas, desde 1982. Se tinha tal e qual objetivo, se buscava amarrar o país a esta ou àquela configuração de poder, pouco importa. Também sobre o Texto brasileiro ou americano se podem fazer as mais variadas especulações. O PT se negou a participar do ato puramente formal de homologação da Carta porque considerou que ela buscava alijar os trabalhadores do poder ou qualquer bobagem do gênero. Assim, consolida-se o…




…FATO NÚMERO UM - a Constituição de Honduras foi democraticamente instituída. E, neste meu desenho em palavras, isso nos remete imediatamente ao…



…FATO NÚMERO DOIS - a Constituição de Honduras tem um artigo, o 239, cuja redação muita gente considera curiosa, um tanto amalucada e, querem alguns, contrária a alguns bons princípios do direito. Pode ser. A Constituição brasileira tabelava os juros, por exemplo. Na reforma constitucional, o artigo caiu em razão de uma emenda supressiva proposta pelo então senador José Serra. Voltemos à Constituição hondurenha. Estabelece o artigo 239:

“O cidadão que tenha desempenhado a titularidade do Poder Executivo não poderá ser presidente ou indicado. Quem transgredir essa disposição ou propuser a sua reforma, assim como aqueles que o apoiarem direta ou indiretamente, perderão imediatamente seus respectivos cargos e ficarão inabilitados por dez anos para o exercício de qualquer função pública”.

No original, está escrito “cesarán de inmediato en el desempeño de sus respectivos cargos”. Também em espanhol, “de imediato” quer dizer “de imediato”.

A tal consulta que Manuel Zelaya queria fazer violava abertamente este artigo. E isso nos remete ao…



…FATO NÚMERO TRÊS - é falso, e o arquivo da imprensa hondurenha está disponível na Internet, que Zelaya mal teve a idéia, e já lhe foram lá tomar o cargo. Eu diria até que o processo político foi mais compreensivo com ele do que o artigo 239. O que fizeram os que se opunham a ele, incluindo membros de seu próprio partido? Recorreram à Justiça, acusando a sua consulta de violar justamente o dito artigo 239. E isso nos remete ao…



…FATO NÚMERO QUATRO - este é freqüentemente omitido na argumentação. Cabe aqui lembrar o que diz o Artigo 184:

Las Leyes podrán ser declaradas inconstitucionales por razón de forma o de contenido. A la Corte Suprema de Justicia le compete el conocimiento y la resolución originaria y exclusiva en la materia y deberá pronunciarse con los requisitos de las sentencias definitivas.

Então vamos chegar ao…



…FATO NÚMERO CINCO - a Corte Suprema de Justiça considerou a consulta INCONSTITUCIONAL. E todos aqueles, pois, que se envolvessem com a sua realização estariam incorrendo numa ilegalidade. Assim, chegamos ao…



…FATO NÚMERO SEIS - é o mais importantes da história toda. Manuel Zelaya desconsiderou a decisão da Justiça e deu ordens ao Exército para que seguisse adiante com o plebiscito, já que a Força era a responsável pela realização da consulta. Notem bem: se o Exército tivesse sido obediente às ordens de Zelaya, o chefe do Executivo estaria tomando decisões contrárias à vontade do Congresso e à decisão da Justiça. ERA O GOLPE, O VERDADEIRO GOLPE. Assim, estamos diante do…



…FATO NÚMERO SETE - Zelaya organizou seus bate-paus do sindicalismo para surrupiar as urnas que estavam nos quartéis (conforme o plano original) e realizar a tal consulta ao arrepio do Congresso, da Justiça e das Forças Armadas. Mas o que têm as Forças Armadas com isso? Exercem em Honduras o mesmo papel Constitucional que exercem no Brasil. E isso nos remete ao…



…FATO NÚMERO OITO - as Forças Armadas de Honduras, como no Brasil, são garantidoras da ordem constitucional caso ela seja ameaçada, conforme reza o artigo 272, a saber:

Las Fuerzas Armadas de Honduras, son una Institución Nacional de carácter permanente, esencialmente profesional, apolítica, obediente y no deliberante. Se constituyen para defender la integridad territorial y la soberanía de la República, mantener la paz, el orden público y el imperio de la Constitución, los principios de libre sufragio y la alternabilidad en el ejercicio de la Presidencia de la República.

Chegamos, então, ao…



…FATO NÚMERO NOVE - a Corte Suprema entendeu - e lhe cabe interpretar a Constituição, se esta já não fosse bastante explícita - que a deposição de Zelaya foi automática. O artigo 272 confere às Forças Armadas, na prática, o papel de executoras da medida. Seguindo ainda outros dispositivos constitucionais, Roberto Micheletti assumiu, legal e legitimamente, a Presidência da República, com o apoio da Justiça e do Congresso. E vamos ao…



…FATO NÚMERO DEZ - Quando Zelaya deixou o país - forçado, como ele diz; ou numa negociação, como muitos asseveram -, já não era mais o presidente. E não é uma questão de gosto ou ponto de vista afirmar se era ou não. O texto constitucional que regula a vida hondurenha - assim como o do Brasil regula a nosso, com ou sem despautérios - deixa claro que não era. Não era mais porque o Artigo 239 fala da deposição “de imediato”. Não era mais porque a Corte Suprema, interpretando a Constituição, formalizou a sua destituição. Note-se que esse processo levou tempo. Zelaya sabia que caminhava para um confronto com o Congresso e com Justiça. Bom bolivariano aprendiz, tentou dividir as Forças Armadas. E chegamos, então, ao…



…FATO NÚMERO ONZE - O que aconteceu em Honduras foi, óbvia e claramente, um contragolpe. Se o Exército tivesse obedecido às ordens de Zelaya ou se a consulta tivesse se realizado contra a decisão da Corte Suprema e sob o olhar cúmplice das Forças Armadas, o golpe teria sido dado por ele. E POUCO IMPORTA SE ELE TERIA OU NÃO CONDIÇÕES OU TEMPO DE SE REELEGER. ISSO É ABSOLUTAMENTE IRRELEVANTE. Caminhemos para o…



…FATO NÚMERO DOZE - Zelaya “foi retirado do país de pijama, e isso é inaceitável”. Pode ser, mas, por si, não caracteriza golpe. Zelaya, àquela altura, era um ex-presidente que havia atentado contra a lei máxima do Estado hondurenho pelo menos três vezes:

- quando quis fazer a consulta:

- quando deu uma ordem ilegal ao Exército;

- quando decidiu fazer a sua consulta na marra.

Jamais deveria ter sido tirado do país, à força ou não. Deveria ter ficado para responder por seus crimes, mas não mais como presidente da República, que esta condição ele já tinha perdido quando:

a - propôs a consulta contra o artigo 239 - mas foi tolerado;

b - quando deu reiteradas ordens contra a decisão da Justiça.

Ter sido eventualmente vítima de uma decisão arbitrária (tenho fontes muito boas que me asseguram que ele pediu para sair, mas isso é irrelevante) pede, pois, a punição daqueles que cometeram a arbitrariedade. Mas isso não significa recondução ao poder de um presidente que, não bastasse a autodestituição, foi cassado pela Corte Suprema de um país, reitero, DEMOCRÁTICO. Estamos às portas do…



…FATO NÚMERO TREZE - Não existe processo de impeachment na Constituição de Honduras. Por mais que muitos estranhem em tempos ditos globalizados, países têm as suas próprias leis. Pode-se achar que o Artigo 239 é um atentado a este ou àquele princípio, mas Constituições não são universais. De toda sorte, grife-se, houve, sim, o devido processo legal que resultou na deposição - não na saída do país - de Manuel Zelaya. Ele não deixou para trás o cargo de presidente quando foi tirado de Honduras. Foi tirado do país quando já não tinha mais o cargo de presidente. A ilegalidade (se foi contra a vontade) desse ato não tem o condão de fazer duas coisas:

a - retroagir no tempo, anulando a sua cassação, que já tinha sido decidida pela Corte de Justiça;

b - tornar o golpista vítima do golpe. Ou não era um golpe a tentativa de jogar o Exército contra a Justiça e o Congresso? Assim, vou para o…



…FATO NÚMERO CATORZE - Se ele tentou dar um golpe (duas vezes) e foi impedido pela Justiça e pelas Forças Armadas - com a anuência do Congresso -, os que o contiveram, mantendo a integridade da Constituição, deram foi um contragolpe. Destaco agora o…



…FATO NÚMERO QUINZE - Não me peçam para anuir que, vá lá, golpe foi, ainda que diferente, ainda que necessário, sem que isso torne Zelaya um cara bacana… De jeito nenhum! Achasse eu ter-se tratado de um golpe, estaria defendendo a sua reinstação no poder. Concluo, pois, no…



…FATO NÚMERO DEZESSEIS - Este já tem a ver com a tese esposada por este blog desde o primeiro dia. As democracias da América Latina - e suas instituições - têm de ficar atentas para o golpe das urnas - ou “absolutismo das urnas”, como chamo. Também entre nós há correntes de “juristas” (com carteirinha do PT, evidentemente) que pretendem instituir a democracia plebiscitária. Temos de contê-los. Honduras foi o primeiro país da América Latina a coibir, com um contragolpe, o golpe bolivariano.



Se a tramóia chavista malograr no país, o chavismo começa a morrer. Se triunfar - e direi em outro post o que chamo “triunfo” -, todos nós estaremos um pouco mais ameaçados do que antes. Os que, com mais ou com menos ênfase, chamam “golpe” o que aconteceu em Honduras estão, por enquanto simbolicamente, pondo em risco a própria liberdade.



Honduras é um país pequenino e pobre. Mas decidiu que pretende equacionar seus problemas com democracia. Tomara que consiga. E minha admiração por aqueles que resistem ao cerco bolivariano e dos liberais do miolo mole é imensa.