segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Onde está a culpa?

Qualquer tensão em um relacionamento possui uma Culpa Direta (que percebemos com certa facilidade). Por exemplo (pensei em vários exemplos, mas vou ater-me a dois para não deixar o post tão extenso):

1 - Relacionamento político:
Fato: A COP15 encerrou sem nenhum acordo oficial, enquanto territórios cobertos de gelo, como a Groenlândia, continuam derretendo.
Culpa: EUA e China mantiveram suas posturas contrárias a qualquer acordo, o que decretou o fracasso do encontro. O Presidente dos EUA, Barack Obama, saiu como principal culpado, pois se esperava uma postura mais ousada do governante americano.

2 - Relacionamento desportivo:
Fato: O Grêmio escalou reservas para jogar contra o Flamengo (consecutivamente, perdeu o jogo e a derrota "tirou" o título do rival Internacional);
Culpa: Os dirigentes do Grêmio foram acusados de enviar reservas, propositalmente, para facilitar o jogo para o Flamengo.

Agora, o que acontece se invertermos o prisma e olharmos pelo outro lado dos fatos? Visualizaremos novas culpas: as Culpas Indiretas (difíceis de notar, mas com o mesmo grau, ou até superior, de responsabilidade no fato).

Caso 1
EUA e China representam, aproximadamente, 50% das emissões de CO2. Mas e os outros 50%? Por que os demais países (isso, os outros 50%) não ratificaram um acordo? Se olharmos só para os EUA, país do presidente Obama, eles são responsáveis por 25% das emissões, mas por que levaram 100% da culpa? Se todos os outros 191 países (aqui não estamos somando China e EUA) se unisem e garantissem um acordo, já estaríamos controlando 50% das emissões (eu, sinceramente, acho este número bem expressivo). Logo, todos os países foram culpados!

Caso 2
O que levou o Grêmio a agir desta forma é a rivalidade dos clubes. Durante o ano, o Grêmio (e a sua torcida) fora alvo de deboches dos colorados campeões de "tudo". O presidente do Inter, Vitório Pífero, é o maior incentivador desta rivalidade e não são poucas as vezes que ele retoma assuntos que incomodam aos gremistas, como o caso da Poltrona 36, o fato do Inter ser campeão do mundo FIFA, do Grêmio ter caído para segunda divisão por duas vezes, e outros comentários desnecessários. Ou seja, se a origem do problema é a rivalidade e o Inter ajuda a incentivar, logo (isso, por silogismo), o Inter foi culpado pela derrota do Grêmio.

Sempre, em qualquer tensão, de qualquer relacionamento, haverá duas partes e uma culpa de em cada uma delas. A culpa que estiver do nosso lado (ou do lado mais convencional) será a Culpa Indireta (difícil de notar) e a culpa do lado oposto ao nosso (ou do lado menos convencional) será a Culpa Direta (fácil de apontar). Somos influenciados (pela mídia, por quem controla o capital, por pessoas que nos influenciam ou até por nós mesmos) a reconhecer apenas a Culpa Direta. Acreditamos que se esta for resolvida, todos os problemas desaparecerão! E isto não é verdade.

A Culpa Indireta é a única que está sob o nosso domínio. Apenas quando estivermos isentos de influencia, conseguiremos identificá-la. Após isto, temos de resolvê-la. Apenas quando os dois lados agirem desta forma é que teremos a resolução total de um conflito.

Portanto, em qualquer relacionamento em crise que você estiver inserido, procure identificar a Culpa Indireta e resolvê-la. Acredite e tenha esperança de que a outra parte também encontrará sua culpa e a resolverá. Caso isso não aconteça, você possivelmente estava se relacionando com uma pessoa (ou uma entidade) capaz de acreditar que bastava o Grêmio ter ganho do Flamengo para termos o fim pacífico da rivalidade Grenal e que só precisamos da opinião de um presidente para termos um acordo ambiental antes do derretimento da Groenlândia.

Bom, neste caso, não há remédio teórico que cure a irracionalidade.
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