terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Todos querem uma fatia do bolo


Sabe aquela máxima de que todo político no Brasil adora tirar vantagem? Já expressei que esta é uma característica dos brasileiros e não somente dos políticos, no entanto, ao final de cada ano, meu argumento ganha uma forte defesa.

Durante este ano, como em todos, diversas votações aprovaram aumento de salários, aprovaram horas extras, permitiram recessos e aumentaram vagas. Nós, deste lado da força, apenas podemos ficar revoltados. Mas será que ficamos assim por entender que a atitude deles está incorreta ou por acreditarmos que estão sendo injustos? Isto faz toda a diferença.

Ao acreditarmos que a atitude está incorreta, estamos fazendo um julgamento de ética. Não queremos nada além da correção. Quando o Estado aumenta o salário dos políticos, eles não utilizam recurso de uma árvore do quintal. É preciso utilizar a verba da União (oriunda de impostos pagos pelos contribuintes). Parte desta verba é utilizada para manter a máquina estatal (pagar a folha do funcionalismo público, custo de infra-estrutura dos órgãos públicos, despesas, etc) e outra parte deve retornar como bem feitoria ao contribuinte. Quando ocorre aumento de salários de políticos, uma fatia da segunda parte da verba (aquela que deveria ser utilizada em bem feitoria) é desviada para a primeira parte (máquina estatal). Isto é um erro. Aqueles que assim pensam, querem apenas que a primeira parte deste bolo seja melhor geriada ou então que mais fatias da primeira parte migrem para a segunda (e não o contrário).

No entanto, quando julgamos que a atitude deles é injusta, estamos querendo entrar na partilha do bolo. Ou seja, aumente seu salário, mas aumente o meu também. Não interessa se o dinheiro que será utilizado para isso sairá desta, daquela ou de qualquer parte de um bolo ou de uma pizza (ou seja lá o que for), o que importa é que eu também ganhe com isso. Sabe qual é o problema? É que a maioria dos brasileiros se sentem injustiçados.

Tenho diversos amigos que atuam como funcionários públicos. De fato, estão bem distantes dos salários dos políticos, mas, do mesmo modo, sua folha depende dos contribuintes. Encontro nestes amigos fortes aliados para criticar os aumentos de salários e de vagas que os próprios deputados ou senadores aprovam a seu favor. Porém, quando busco apoio para criticar os longos recessos dos nossos representantes, perco o apoio. Meus amigos, funcionários públicos, não acham errado que o Executivo pare do dia 21/12 até o dia 06/01, sem que nada os seja descontado. Sabem por quê? Porque, neste caso, eles não se sentem injustiçados.

Por isso que a maioria dos protestos, no nosso país, são calados com subornos, favorecimentos políticos ou qualquer outra forma de vantagem. Não há ética na maioria dos brasileiros e sim o desejo receber uma fatia do bolo (ou seja lá o que estiver sendo partilhado).

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