quarta-feira, 9 de junho de 2010

Não se ofenda facilmente

Dias atrás, presenciei uma professora dando um “esporro” em um colega. Ao final da aula, ele veio até mim e disse: "Estou put.. com ela. Fui muito ofendido! Aquela vac... me desmoralizou na frente de todos". Na hora, apenas respondi "Esquece isso. Nem foi tanto assim.", mas, depois, pensando um pouco a respeito, questionei-me: "o que a professora tem a ver com isso?". Nada! Exatamente. Ela não teve nada a ver com o que ele sentia. Vamos lá; tentarei explicar.

Primeiramente, acredito que ninguém tem o poder de ofender ou de magoar outra pessoa e sim nós é que nos ofendemos e nos magoamos. Qualquer pessoa pode influenciar para que você se sinta magoado, mas a decisão é sua. É um processo endógeno e não exógeno! Vamos a um exemplo prático.

Digamos que você esteja caminhando com seus amigos e passe por um bêbado que lhe diz: "seu incompetente, seu burro, seu nada!". Seguramente todos seus amigos irão rir de você e, por sua vez, você pensará "é um maluco mesmo!" e, talvez, até ache graça. Analisando tecnicamente, uma pessoa proferiu palavras agressivas contra você. Ok, vamos a outro exemplo. Agora, digamos que você esteja em uma sala de aula e uma professora lhe fale as mesmas palavras em frente aos seus amigos. Sua reação será a mesma? Já se questionou o por quê?

Seguramente você reagirá semelhante ao meu colega. Isto porque a forma como VOCÊ enxerga um professor é diferente da maneira como vê um bêbado. Não estou sugerindo que devemos tratar ambos da mesma forma (jamais, até porque tenho vários amigos que bebem, hehehe). Brincadeiras a parte, obviamente um professor deve ser mais respeitado do que um bebasso qualquer. Trata-se de uma autoridade moral. Uma pessoa que se dedicou e se esforçou para estar onde está. Porém, quando ela lhe ofende, ela abre mão desta moral e decide agir tal como agiria um bêbado! Coloca-se em linha com ele e é isso que precisamos perceber. Naquele momento, devido ao seu gesto, não podemos continuar olhando para ele e enxergando um professor exemplar, mas sim um bebado maluco. Ele optou por isso e não você!

Muitas vezes isto ocorrerá. Pessoas que tratamos como autoridades (sejam nossos parentes, professores, lideres, amigos e todos os outros) tentarão nos ofender. Ou melhor, fazer com que nos sintamos ofendidos (intencionalmente ou não). Só conseguiremos evitar isso se, no momento da tentativa, pararmos de enxergar a autoridade e perceber que, diante de nós, está se apresentando uma pessoa que seus gestos lhe levaram a perder a moral que conquistou.

7 comentários:

  1. Putz !! vou reler muitas vezes isso e tentar lembrar-me destas palavras por bom tempo. Isso é a coisa mais comum e analisar esta situação do modo como colocaste, realmente fica muito mais "saudável", ao menos para mim !
    Não perder a minha postura mas analisar a postura perdida do outro !

    beleza ...

    bjs

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  2. Exato! O fundamental é não esquecermos isso e lembrarmos o quanto a outra pessoa se "minimiza" ao agir desta forma.
    Forte abraço e boas leituras!

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  3. Pior é que é verdade Júnior. Hj passei por isso. Não, ninguém me proferiu palavras desagradáveis, mas foi um gesto que se repete desde algum tempo. Não foi intencional, a criatura nem percebe o que faz, mas eu me coloquei no lugar de vítima ofendida e magoada. Mais tarde caí em mim e percebi q eu me coloquei nesse lugar. Ainda fui a uma missa de entre-ajuda (os freis são muito legais, há uma parapsicóloga que faz um relaxamento antes da missa, e a missa é uma mensagem) e justamente a mensagem teve haver com isso. E agora chego em casa e leio teu texto.
    Ótimo. Preciso me valorizar mais, afinal, sou eu quem devo me amar antes de qualquer pessoa...
    Grande abraço!

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  4. Isso é fundamental: sem conseguir se amar, você jamais conseguirá permitir o amor em outra pessoa.
    Abraço,

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  5. Mais uma vez, tenho que concordar... rsrs Ou melhor, tento colocar em prática... Desde o ano novo de 2007 decidi que não mais entraria em desarmonia com o meu ser e que, conseqüentemente, por cadência lógica, tudo iria se estabilizar ao meu redor... Funcionou... Quer dizer, em boa medida, sim... Por óbvio, enquanto em processo de evolução, ainda dou as minhas derrapadas... Mas, logo tomo ciência e recobro o “domínio”.
    Como bem destacado, a relevância das palavras, dos atos é dada por quem recebe... Não importado, em gradual conotação, a atitude perpetrada pelo “ofensor”...
    A condição de “passivo” no mundo, a meu ver, é deprimente..,. Não há que se falar em “tadinhos”... Temos sim que internalizarmos a nossa responsabilidade por TUDO, absolutamente tudo que nos toca...
    Assim, com as meditações e controle por compaixão, tudo se torna mais leve ...Pelo menos, na minha visão. Desse modo, você cria uma espécie de redoma protetiva e, amando-se mais, consegue irradiar uma onde energética de alto grau... Há que contagiar, ou, ao menos, minorar a amargura dos que se aproximam...
    Em verdade, há um ilimitado potencial em cada um... Devemos apenas aprender a conduzir nossas escolhas... E agir...
    Não devemos sucumbir a tipos invejosos, amargurados.. Há uma vida bela a ser explorada...
    Só depende da ATITUTE de cada um!!!
    Saudações!!!
    Thays Ricarte

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  6. Olá Júnior!
    Novamente tenho de concordar contigo...embora poderíamos aprofundar um pouco.De modo geral,acredito que quem recorre a palavras desagradáveis ou agressivas(o que caracteriza a ofensa)é porque perdeu ou não tem argumentos,ou seja,ela está apenas recorrendo a um meio mais agressivo porque talvez afete mais o ego da outra pessoa, e isso pode ser proposital ou não.E há uma diferença entre um bêbado e uma professora,por ex.,um bêbado não tem consciência dos seus atos,enquanto uma pessoa sana como a professora tem(embora ela possa agir por impulso),então,pode-se dizer que se a intenção foi hostil,ela agiu até pior que um bêbado!
    Outro ponto a colocar é que acontece com muita frequência que nos ofendemos com críticas que não verdade são em favor de nosso crescimento.Lógico que usar palavras hostis é diferente, aí concordo contigo que legitimamos a pessoa e essa ação e nos "submetemos" a ela.
    Mas,sinceramente,foi uma das melhores transposições das teorias de Weber pro nosso cotidiano social...

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  7. Exato, Aline!
    Concordo com você, porém pensar que estamos diante de um bebado ajuda a não esquentar a cabeça por pouca coisa. hehe

    abraço!

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