O preconceito irá acabar um dia?
Vou plagiar a idéia de Lou Marinoff e tentar utilizar a filosofia para esclarecer conflitos sociais modernos. Na verdade, nem tão modernos assim.
Tudo bem, talvez, estamos concordando que nossos pais nos ensinam que ser homossexual é errado. Mas por que eles fazem isto? A questão está na tese do Homossexualismo.
Hegel, filósofo fiel ao historicismo romântico do século 18, criou o seu método dialético. Os elementos básicos da dialética hegeliana são a tese, a antítese e a síntese. A tese é uma afirmação ou situação atual. A antítese é a oposição à tese. Quando ambas conflitarem será gerada uma síntese. Por fim, e por lógica, a síntese será a nova tese e ai o ciclo recomeça. Vamos a um exemplo.
Os professores de filosofia utilizam a Revolução Francesa para explicar a dialética, mas como não sou professor e prefiro exemplos modernos, vamos de racismo mesmo. Há cem anos, ver um negro como escravo era absolutamente normal. A tese, aqui, era "os negros são escravos". Então, diversos movimentos se opuseram a escravatura com a anti-tese de que "os negros deveriam ter igualdade de direito aos brancos". Destas duas, surgiu uma síntese (uma junção de ambas): o negro será livre, mas sem igualdade de direitos. Esta nova tese, gerou a anti-tese de que deveria haver agora igualdade de direitos. Ai, a síntese surgiu: negros com plena igualdade de direitos que os brancos. Esta é a atual tese e a nova antítese é que os negros precisam ter vantagens em relação aos brancos (como cotas em universidades e em empresas) para reparar o passado. Certamente, em alguns anos, teremos o desfecho destas em uma nova síntese.
Pense agora no homossexualismo. Há poucos anos, duas pessoas do mesmo sexo se beijando na rua era atentado ao pudor. A tese era de que ser homossexual era proibido. Uma antítese surgiu para reivindicar que gays e lésbicas deveriam ter os mesmos direitos de toda e qualquer pessoa. A síntese gerada foi apenas de não ser considerado proibido. Hoje, grupos lutam pela igualdade plena de direitos (casamento, adoção, divisão de bens, considerar preconceito como crime, etc). Estamos neste trecho da história, mas, sem dúvida, diversas novas sínteses surgirão até que um homem, assumidamente gay, seja respeitado.
Para quem acredita que este dia nunca chegará, o próprio racismo é um ótimo exemplo de provar a evolução da mentalidade humana. Pense em um país bem racista como os Estados Unidos. Voltamos alguns anos no tempo e imagine ir almoçar na casa de um texano conservador e levar um amigo junto. Um amigo negro. Seguramente, você iria ofender o anfitrião e nunca mais seria convidado. Para qualquer pessoa você estaria errado. Nossa evolução foi tão grande que hoje um negro é "apenas" o líder da maior nação do mundo. Por sinal, do mesmo país que estávamos utilizando como exemplo. Isto sim seria impensável.
Do mesmo jeito que falamos hoje "você sabia que os cinemas não aceitavam a entrada de pessoas negras?", daqui a alguns anos, as pessoas irão conversar na rua "você acredita que gays não podiam casar?" ou "você acredita que a pessoa tinha de esconder que era gay". No futuro, irão olhar para nós e nos considerar tão imbecis quanto nós consideramos nossos antepassados racistas.
Não preciso, e nem consigo, esperar cem ou duzentos anos para perceber que posso estar sendo um imbecil. Se posso mudar, mudo hoje e, por isso, apóio qualquer movimento que se oponha a preconceito, a racismo e a desigualdade.
domingo, 20 de setembro de 2009
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* Primeiro esclarecendo a pergunta anterior: vc dizia que para algumas pessoas era nojento ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando, e eu pergunto por que algumas, destas mesmas pessoas, no seu intimo, acham isso na verdade estimulante, sexualmente falando. A pergunta era essa, por que isso acaba sendo inerente ao que se expressa e o que se sente na intimidade?
ResponderExcluirquanto ao desfecho da trilogia, creio sim, que com o tempo, iremos achar ridículo os preconceitos atuais, assim como não era nojento ser gay na Grécia Antiga, e depois se tornou, devido a dogmas, etc...excelente final...Gran Finale...bjs.
Ps: continuo esperando a resposta, se já pensou sobre isso, óbvio.
Da mesma forma que sentimos repulsa ao ver um leproso, um sodomita também é, involuntariamente, uma anormalidade que de forma inconsciente se traduz em repulsa da nossa parte.
ResponderExcluirHahahahaha credo, sodomita! Voltamos a idade média!
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