Há uma parábola budista muito interessante sobre o valor da vida:
Um monge conservava uma xícara de chá ao lado de sua cama, e, toda noite, antes de dormir, ele a emborcava. Ao acordar, ele tornava a virá-la, deixando-a em sua posição convencional. Quando um intrigado discípulo lhe perguntou o porquê daquele gesto, o monge explicou que, simbolicamente, esvaziava a xícara da vida todas as noites, indicando que estava preparado para ser chamado, pois realizara tudo que pretendia para aquele dia. Ao acordar, ele olhava para o seu corpo, como quem não acreditasse estar vivo, e agradecia a bondade de Buda, virando a Xícara para que o seu Deus despejasse ali mais uma grandiosa dose de vida, e assim o monge começava seus dias.
Diversas vezes acordamos pela manhã preocupados, já estressados, vitimados pela profissão ou desgraçados pelo destino. Vamos para o trabalho ou para a aula lamentando que está chovendo ou reclamando do calor, torcendo para que aquele dia maldito acabe logo.
Há pouco tempo, meu pai estava em um hospital e, apesar de suas excelentes condições, o local tornavasse chocante algumas vezes. Digo isso porque quando ia vistá-lo, no caminho até o seu quarto, era inevitável o cruzamento com outros enfermos, muitas vezes, transportados em suas macas desacordados. Lembrando daquelas pessoas, penso quantas delas não dariam tudo que têm para voltarem a ter dias como os que lamentamos às vezes. Penso naquelas que observam pelas janelas de seus leitos, as pessoas caminhando com pressa na rua, e lamentam que elas não estejam dando valor para algo tão preciso como a vida. Imagino o quanto eles não se arrependem por não terem dado valor enquanto podiam.
Portanto não espere até estar em um hospital para perceber que a vida é finita. Agradeça todos os dias por essa generosidade imprevisível que é estar vivo, sem esperar recebê-la sempre. Na próxima manhã que acordar, a exemplo do monge, olhe para o seu corpo, percebendo que está vivo e que tem mais um dia inteiro pela frente. Deixe sua Xícara, seu copo ou a sua caneca -independente da sua religião- virada para receber sua dose diária de dádiva.
terça-feira, 14 de julho de 2009
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