Se lhe perguntassem por que você não atearia fogo em um morador de rua para se divertir, qual seria a sua resposta? Porque é errado!?!?!? Só isso? Talvez, após pensar um pouco, a resposta mude para "Porque eu poderia feri-lo ou matá-lo e isto não seria correto". Todos concordarão que matar é errado e recriminariam o ato, porém se chegassem em casa e percebessem que um assaltante está apontando uma arma para seus pais, a moral antes defendida, de que ferir e matar é um erro, deixará de existir. Este exemplo hipotético apenas exemplifica que a maioria das pessoas não critica os valores da sua moral.
A moral não pode ser relativa. Ao não se aplicar a todos os exemplos possíveis, ela tornar-se-á vulnerável. Qualquer pessoa pode vir com uma segunda opinião e influenciar você. O jovem Bruno –aquele filho de Juiz federal, que ateou fogo no índio Galdino-, por exemplo, certamente sabia que atear fogo em um pataxó era errado, mas seguramente não sábia o por quê. Quando seus amigos lhe disseram: “cara, mas será muito divertido ver o índio apavorado”, ele não tinha argumento para discutir com eles. E o pior, na sua consciência não sabia que estava fazendo algo errado.
Em outro exemplo, imagine uma pessoa que todos os meses acessa um sistema, gera um relatório, o imprimi e o deixa sobre uma mesa. O gesto é repetido sem que seja questionado o seu propósito. Um dia, alguém a diz: “se você deixar o relatório naquela outra mesa, estará ajudando ainda mais". E então, o individuo vai lá e deixa o relatório no local sugerido. Sem saber, ele está deixando a informação da folha de pagamento da empresa não mais na mesa do RH, mas sim na recepção. Na sua visão, nada foi feito errado, embora a falha tenha sido grave.
Quando você não sabe por que age, corre o risco de cometer um grande equívoco. Todos enxergarão que você falhou, mas, na sua visão, nada está errado. Por este motivo devemos definir a moral de nossas ações. Se a primeira resposta fosse "não atearia fogo em nenhum ser vivo, nem em um humano ou em um animal, pois minha satisfação não pode depender do sofrimento ou da humilhação alheia", este posicionamento seria irrefutável e se aplicaria em qualquer caso.
Portanto devemos parar de agir sem saber o motivo. Questione-se por que deve falar a verdade, por que deve respeitar seus pais, por que deve ser um bom cidadão, por que se casar, por que estudar, e assim com todo que interaja com a sua vida. Utilize a razão para refletir sobre seus atos. Como descreve Kant, só é livre o sujeito que age pela razão e livre dos conceitos sociais.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
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