Quando ouvia Planet Hemp cantando "legalize já!", pensava: "cambada de maconheiros cretinos. Tantos problemas para nos preocuparmos e os caras querendo liberar a maconha. Quero ver o que irão fazer quando seus filhos chegarem em casa com um baseado na boca. Será que vão lhes dar um abraço e elogiar-lhes?". Sim, bastante radial, mas eu tinha apenas 15 ou 16 anos e era exatamente assim que pensava.
Há poucos anos atrás, assisti Tropa de Elite nos cinemas. Embora, obviamente, como muitos, soubesse que a maconha financiava o tráfico, o filme ilustrou de uma forma bastante real esta idéia. E, novamente, percebi o erro no uso das drogas. Concluí com isso que a maconha, primeiro, não poderia ser consumida, pois desta forma o tráfico seria financiado. E, segundo, não deveria ser legalizada, pois os traficantes não teriam mais nenhuma barreira.
Mesmo com todos estes aspéctos evidentes, não podemos ter uma opinião sem saber por que a temos. Por isso, comecei a buscar diversas explicações filosóficas para a vantagem de legalizar a maconha, mas não encontrei nenhuma. Foi então que me lembrei de algo que escrevi outrora: “Existem duas áreas de conhecimento que afastam você da ignorância: a Filosofia e a História”. Percebi que havia esquecido da história.
Na década de 20, sabem qual era o principal produto da máfia italiana nos EUA? Adivinhem. Não, não era a maconha. Era o álcool. Sabem por quê? No inicio do século 20, surgiu um movimento nos EUA chamado de As Ligas de Temperança. Este movimento religioso puritano conseguiu proibir o álcool. Não podendo ser comercializado em locais públicos, a bebida passou a ser vendida em ambientes clandestinos, ou seja, pelo crime organizado e por mafiosos. Mas como isto foi resolvido? Na crise de 1929, os Estadusunidenses liberaram a consumo de álcool sob o detrimento de altas taxas de impostos. Resultado: muitos comerciantes passaram a vender bebidas alcoólicas, o governo passou a lucrar muito com os impostos e a máfia teve de mudar de produto. Foi então que percebi o obvio. Estava lá o tempo todo.
O crime organizado não ganha dinheiro com maconha, mas sim com produtos ilegais. Carros roubados, produtos piratas, diplomas falsificados, envio de containeres com lixo para países do “terceiro mundo”, venda de remédios produzidos em fábricas clandestinas, exploração da mão de obra escrava e, até mesmo, vendendo drogas. Eles não vendem drogas por que estas viciam, mas apenas por serem ilegais. Quando comercializam mercadoria ilegal, eles conseguem monopolizar as vendas, pois fica muito fácil mapear de onde ela está vindo (já que poucos vendem) e assim é mais simples outorgar seu monopólio. Se fosse pelo vício ou pelo lucro, os traficantes venderiam álcool.
Você sabia que os efeitos do álcool são até 20 vezes piores ao cérebro do que a maconha? Sabia que o vício chega a ser de 2 a 3 vezes superior? Já lhe ocorreu que o preço de uma bebida sem impostos consegue ser até 150% mais barata. Então, por que os traficantes não vendem álcool contrabandeado, se seria mais lucrativo e seus usuários viciariam mais facilmente? Porque ninguém subiria o morro para comprar cerveja! Para isso, basta ir até o mercado. Quem quiser uma garrafa de Amarula (ou qualquer bebida importada “atolada” de IPI) mais baratinha, basta pedir para o próximo amigo que for ao Uruguai ou ao Paraguai, que inclua na sua lista mais uma garrafa, pois há um limite bem generoso para compra de mercadoria sem impostos. Portanto a legalização acabaria com o tráfico da maconha no Brasil, do mesmo modo que acabou com o tráfico de bebidas nos EUA.
Mas isso não aumentaria a quantidade de fumantes? Não e sim. Calma, vou explicar de uma forma bem comum a todos.
Quando uma mãe não quer que o filho pegue os biscoitos que estão no pote, ela coloca o pote em cima da geladeira. Ai, o filho coloca uma cadeira e pega o biscoito. Um dia, ele cai, quebra o braço, quebra o pote e mãe bate no filho. É ele que está errado nesta estória? Se o a criança não tinha conciencia do que estava fazendo, como pode estar errada? O correto não seria a mãe tê-la educado ao invés de apenas dificultar o uso? Seria, mas é bem mais fácil dificultar o acesso ao pote. Do mesmo modo, não seria mais efetivo investir na concientização da sociedade em relação aos problemas com o uso das drogas? Sim, mas ao invés disso, apenas dificultam o acesso (até mesmo, literalmente). Isso não impede o uso, e sim piora a situação de quem quer usar e não tem conciência do que está fazendo. A família é negligente, o Estado é negligente e querem que o judiciário seja punitivo! É como se criássemos uma regra em casa: se o filho fizer algo errado, ele apanha!
A legalização da maconha não é um benefício para os usuários, é um avanço social. Plantações de maconha, venda garantida para empresas sérias como a Souza Cruz e a comercialização taxada por impostos, produzirá um produto de qualidade para seus usuários (que hoje nem sabem o que estão fumando), retorno financeiro para o Estado (pelo que existe de maconheiro neste país, a União vai poder extinguir metade dos impostos) e segurança para a sociedade (a comercialização legal da maconha tiraria uma das mercadorias do crime organizado).
Minha visão sobre o "legalize já!" mudou. Não só em relação a legalização. Se o cara fuma ou não e se ele vai abraçar o filho viciado, o problema é do cara; cada um define suas escolhas e elas definirão o caminho do seu futuro. Dizer que defender a legalização da maconha é apologia às drogas, é uma bobagem gigantesca. Se alguém começou a fumar porque ouvia Planet Hemp, a culpa não é da banda e sim da formação desta pessoa que se deixou influenciar por uma banda (se bem que existe influenciável para tudo, pois, recentemente, o que mais se ouvia eram aquelas expressões indo-idiomáticas da última novela da Globo, mas fecha parênteses).
Boa Júnior! Concordo plenamente com tudo. Eu fumo essa porra direto e tirei 9,6 em cálculo!! hahahahhahaha abraço
ResponderExcluirCom certeza, o problema é deixar de arrecadar dinheiro. Porque o crime organizado continuará existindo, até porque existem outras drogas que nunca poderão ser liberadas, como a mais utilizada hoje, crack. Definitivamente não é a solução para o crime, mas é uma boa maneira de fazer lobby e desviar uma graninha dos impostos.
ResponderExcluirAs grandes empresas irão tirar proveito sim. No Brasil, tudo que é empresa grande tira proveito. De qualquer coisa. Com certeza nem entendo por que não foi legalizada ainda. Deve haver um bom motivo, mas com certeza não é ético. Provável que seja para não perder votos. Questão política mesmo. Imagina o governo que conseguisse aprovar tal legalização? Sabemos que existem muitos maconheiros por aí, mas com ceteza não é maior que o número de fiéis de qualquer igreja.
bjs
Cada um tem sua opinião.Se não foi legalizado ainda é porque muitas pessoas acham o maior absurdo e desrespeito á sociedade!
ResponderExcluirE até que ponto o alcool não possui as mesmas características?
ResponderExcluirMouss seii naum viu!!
ResponderExcluirMuitoo complicadoo.......
mais depois que lii seu texto...Estou vendo agora a legalização da maconha com outros olhos... Maconha e cigarro estão juntos....Se o cigarro é legal, porque naum a maconha ser tmb?
Exato, Jake.
ResponderExcluirPense no Alcool. Quando o cara bebe ele fica molengão em um canto rindo de tudo e louco para comer qualquer coisa? Não! Ele, NA CABEÇA DELE, reune no mesmo ser o Ayrton Senna, o Anderson Silva e o Brad Pitt! Qual é a pior droga?
e isso ai mano nao fumo sou anti droga mas sou afavor da lagalizaçao
ResponderExcluirAdorei o texto, só não estou certa das consequencias na sociedade... já pararam pra imaginar se todos os jovens brasileiros começassem a fumar maconha? Seria o caus. Temos que acordar e perceber que o Brasil não é um país desenvolvido e é inútil acreditar que a mentalidade do brasileiro está preparada para tal legalização, a começar pelo nível de desinformação de grande parte da população.
ResponderExcluirPois eh, amiga! Já pensou se toda a sociaciedade bebesse? E se todos fumassem?
ResponderExcluirNa minha opinião, a legalização da maconha precisa vir casada com uma lei que não permita propaganda. Somos, na maioria, um povinho inculto e influenciável. Nos anos 80, fumar era estilo! A TV estava cheia de artistas fumando e todo mundo que apitava um cigarro era um pouco mais fodão! Agora que a lei proibe o comercial, as empresas de mídia estão cagando para o cigarro e até fazem reportagem para as pessoas largarem o vício. Resultado: fumar não é mais cool!