Na semana passada, a revista Veja publicou uma reportagem sobre os senadores que recebem aposentadorias vitalícias por terem sido governadores em seus estados. Entre as declarações, o gaúcho Pedro Simon alegou que não abriu mão do dinheiro por enfrentar problemas financeiros. Sarney (o que mais recebe e sei lá de que estado ele é) não deu declarações. E, para fechar com chave de ouro, o paranaense Alvaro Dias disse que pretende doar tudo para a caridade. Sabe, fiquei pensando: “Que cambada de babacas e de hipócritas! Os caras usam o nosso dinheiro dos impostos apenas para garantir estabilidade financeira. Trabalhar em pró da população que é bom, nada!”. Mas pensando bem,...
...quando optamos tentar a carreira de servidores públicos e, por conseguinte ter uma renda da mesma origem (os impostos) dos políticos, com qual mentalidade nós a almejamos? Com a mesma que gostaríamos que os políticos adotassem? Aqui, só entre nós, alguma vez você ouviu alguém dizer “vou fazer um concurso público para melhorar o atendimento à população” ou então “não vejo a hora de me tornar um servidor público e melhorar o serviço que prestamos ao povo”. Bobagem! Ninguém, mas ninguém pensa assim. Todos querem a estabilidade. Todos querem a chance de poder ganhar bem sem ser demitido. Ou seja, discursamos indignados, mas agimos iguais a eles.
Aliás, todos que criticam os políticos e acham que se tornar um funcionário público, antes de qualquer outra coisa, lhes trará estabilidade, são uns babacas! São hipócritas. Discursam moral com cueca de elefantinho! É por causa de gente assim que vivemos nesse país de merda (que tinha tudo para ser uma democracia fantástica).
É assim que vivemos. Ensinamos nossos filhos que devem tentar um concurso para terem estabilidade. Elogiamos amigos e parentes que tentam, desesperadamente, ingressar na carreira pública em pró da estabilidade. Sem perceber, alimentamos esta mentalidade patrimonialista e depois não entendemos por que a nossa situação não muda. Nada muda porque somos TODOS assim: babacas e hipócritas! Será que nossa indignação com os políticos deve-se ao fato de ignorarem a população ou simplesmente por que os invejamos?
Grande Júnior,
ResponderExcluirAchei bastante preconceituoso esse teu post.
Fazia tempo que não lia teu blog, mas resolvi postar sobre este assunto.
Caí de paraquedas no serviço público (tipo fazer o concurso sem estudar). Antes disso, tinha (e ainda tenho) um preconceito enorme pelos ditos concurseiros, gente que não se importa com a natureza do trabalho, mas sim, em ficar pulando de concurso em concurso em busca de um salário cada vez maior.
Tu conheces um pouco da minha história, afinal, trabalhamos juntos. O curso de Administração, o qual fazes atualmente, me abriu os olhos e pude ver então que era apenas uma engrenagem e que aos meus superiores somente importava aumentar o lucro da empresa. Normal.
Eu optei pelo lado social, em retribuir à sociedade o dinheiro que não paguei pela minha formação acadêmica. Tanto que agora, 5 meses depois de me tornar servidor público, reclamei para minha chefia que não era bem aproveitado no meu setor e que não fazia jus ao meu salário, queria ir para outro setor. Não gosto de acomodação. Quero melhorar as coisas.
Acho importante que tenhas esta opinião, mas deves ter muito cuidado com generalizações. Nem toda empresa privada é boa e nem todo órgão público é recheado de incompetência e comodismo.
Nem todos pensam somente em dinheiro e estabilidade.
Grande, Jony!!!
ResponderExcluirMeu velho, veja bem. Escrevi o seguinte: "[...] aliás, todos que criticam os políticos e acham que se tornar um funcionário público, antes de qualquer outra coisa, lhes trará estabilidade, são uns babacas! São hipócritas[...]", ou seja, estão errados aqueles que pensam em serviço público apenas por questão de estabilidade. Em outras palavras, não estão nem ai para o que vão fazer e de que forma vão fazer, desde que atinjam o objetivo da estabilidade. Não é o seu caso e dos outros que optaram pelo setor público apenas como uma opção de trabalho (assim como entrar para uma empresa qualquer do setor privado). Acho ridículo mães ensinando seus filhos de o quanto devem estudar para concursos públicos de modo a obter uma carreira estável. Isso é patético e alimenta o desrespeito que temos por tudo que é público. E o pior: nos iguala à políticos que visam esta carreira apenas para benefício próprio.
Forte abraço, meu velho.
É verdade, parece que é apenas o caminho mais fácil. As pessoas pensam: vou ganhar bem, não vou ser demitido e vou trabalhar pouco.
ResponderExcluirNa real, se tivéssemos uma outra mentalidade mais voltada ao público, a qualidade do serviço público seria muito melhor.
Tenho colegas que pensam primeiro na sua carreira ou em ficar num lugar melhor para si e esquecem que, no momento que fizeram um concurso público, leram no edital as atribuições e estavam cientes do que teriam que fazer. Alguns se frustram e sempre procuram outro concurso sempre pensando em ganhar mais, pois, pensam, ganhando mais, não importaria o trabalho que tivesse, poderia ser gari ou ter outra função menos prestigiada. Outros se acomodam. Mas sempre tem alguém que quer trabalhar naquilo. Eu espero.