Nos últimos dias, é quase impossível você ler qualquer artigo ou reportagem sem passar os olhos sobre o impacto das chuvas no estado do Rio de Janeiro. Bom, nestas passadas de olhos, percebi que, como sempre, estão tentando encontrar um culpado. De um lado, a população empurra a “cenoura” para o governo (por seguir impermeabilizando as ruas com asfalto e não monitorando as zonas de encostas), de outro, o governo devolve a cenoura para a população (pela ocupação das encostas dos morros) e para o clima (alegando que o aquecimento global tem provocado as chuvas), no entanto acredito que estamos diante de dois assuntos que se relacionam, porém são distintos: urbanismo e aquecimento global.
Em relação ao primeiro, asfaltamos as ruas (sim, nós e não os governantes, pois todos sabem que nada dá mais votos do que asfaltar ruas, ou seja, aprovamos a medida) ignorando que parte do ciclo hídrico depende da absorção do solo. Aos que desconhecem o conceito de erosão (por sinal, no Rio de Janeiro, muitos desconhecem), bastaria revirarem os cadernos da sexta série e recordarem o que aprenderam enquanto falavam aos professores “Por que eu tenho de aprender isso? Nunca vou usar!”: em solos cobertos por florestas, a erosão é praticamente inexistente. A menos que, é claro, alguém tire a floresta e coloque uma casa no lugar. E, por fim, nossos centros urbanos sem vegetação criam micro-climas secos que aumentam a possibilidade de precipitação em regiões mais úmidas, como as serranas.
Quanto ao aumento da temperatura na Terra (mudanças climáticas, aumento do aquecimento global, etc), isso é cientificamente comprovado (comparem dados da temperatura na Terra de 1860, quando o hemisfério sul passou a ser considerado na análise, até então e constatarão que se trata de uma realidade). Quanto ao seu motivo, bom, ai há muita discussão científica. Porém, enquanto cientistas discutem (sabe-se lá quais interesses eles estão defendendo), ficamos aguardando um veredito para saber se devemos fazer algo ou não. Por favor, isso é patético! Agimos como medievais esperando uma posição de monarcas e do clero. Independente se o motivo for os gases, o aumento da população, o desmatamento ou seja lá o que for, temos de reconhecer que as alterações climáticas não são naturais (aos céticos, repito: analisem as evidências cientificas a partir de 1860).
Há uma série de ações ou de hábitos que podemos adotar para fazermos a nossa parte, porém todas são ineficazes se comparadas à consciência política. Temos de eleger deputados e senadores (sim, poder legislativo) que votem projetos de leis que tratem de medidas ambientais e, assim que o fizerem, devemos então cobrar a sua aplicação do Executivo. O problema é que estamos muito, mas muito distantes disso. Vejam que irônico: ano passado, definimos que o político que melhor nos representava era o Tiririca (vide sua votação majoritária) e agora a população tem a cara de pau de reclamar da política. Enquanto não criarmos esta consciência política, vamos continuar assistindo; seja pela televisão, seja aos pés do morro que acabara de desmoronar; a estes “desastres naturais” com uma perturbadora sensação de impotência.
Junior,
ResponderExcluirO que você escreveu é a mais pura verdade. Adoramos colocar a culpa uns nos outros... Mas quando é pra tomar alguma atitude pelo menos um pouco pensada, colocamos o Tiririca no poder... Nós é que somos "abestados"!
Te conheci por um comentário num dos blogs que leio:
"Não acredito em um Deus sobrenatural, mas acredito que exista uma força superior ligando as pessoas, no entanto respeito muito o que todos pensam e me tornarei seguidor do seu espaço para saber mais a respeito (a melhor forma de respeitarmos nosso semelhante, em minha opinião, é o conhecendo)"
Estou te seguindo, e pelo bom conteúdo do seu blog, vou aprender muito com seu espaço. Espero que o meu blog também faça o mesmo!
Grande abraço
Hello...
ResponderExcluirbom, só faltou um quesito nos seus comentários geográficos, o dados geológicos da serra geral nos estados da regiào sudeste. o tipo de rocha existente ali é uma rocha muito antiga, de origem vulcanica e com minerais que as compoem muito propensos a intemperismo químico e físico, relacionado ao clima (o intemperismo é mais eficiente em climas tropicais quentes e úmidos, maior quantidades de chuvas etc....)
Além disso, essas encostas estào cobertas por finas camadas de solo, que nào suportam vegetaçào de grande porte, mas suportaria de medio porte caso nao fosse desflorestada. como isso acontece muito, o solo nao tem tempo de formar grandes espessuras, e quando chove a água serve como um lubrificante para essa camada imatura se deslocar devido a gravidade.
essas encostas possuem altas declividade devido a intensa erosào, aumentando ainda mais o risco a deslizamentos. nem deviam existir casas nem nada perto dessas encostas.
bj
Grande, Diego!
ResponderExcluirReitero: respeito a opinião de qualquer pessoa e aprecio muito conhecer estas opiniões. Em seguida dou uma passada lá no seu blog para conhecer seus escritos. Já escrevi várias vezes sobre religião, apensar de não ser religioso. Seguem alguns textos que talvez você aprecie:
http://taosofia.blogspot.com/2010/05/deus-criou-terra.html
http://taosofia.blogspot.com/2009/12/religiosos-x-liberais-onde-esta-razao.html
Abraço!
Muito bom, Venisse! Só que ai é covardia! hehehe
ResponderExcluirNão sou um Mestre em geologia como a amiga. Seu texto enriqueceu este espaço!
Obrigado pelo acréscimo.
Ók, nao é covardia, é que vc sabe que nào resisto a comentar esse tipo de texto, hehehehe.
ResponderExcluirE quanto a um culpado, nao verdade, existe um: ocupação desorganizada do espaço. Esses e outro locais nào deviam ser ocupados, encostas e margens de corpos dágua necessitam de planejamento e o mais importante, segundo o Plano diretor de uma cidade, existe uma faixa que nào deve ser ocupada em regiões ribeirinas e de encosta.
veja se quiser no Google, deve ter sobre um deslizamento similar a esse na Venezuela.
abs...ps: dá notícia do seu procedimento!!