Sou um capitalista praticante, mas, apesar disso, sempre tive muita dificuldade de concordar que o dinheiro possa trazer felicidade. Não gosto de pensar desta forma, mas e se realmente ele trouxer?
Levei algumas semanas refletindo a respeito, até estar em casa organizando umas velhas fotos e re-ver um momento em que estava com todos os meus melhores amigos em um domingo de sol. Eu trabalhava como estagiário na época e ganhava pouco menos de R$500,00 por mês. No entanto era inquietante a minha felicidade naquela foto. Pensava eu: "como eu poderia ser tão feliz com tão pouco dinheiro...", "...e por que hoje estes momentos não me satisfazem tanto quanto antigamente?".
Após contemplar a foto por quase uma hora, lembrei-me que apesar de estar muito alegre e de recordar daquele dia como um dos mais felizes da minha vida, eu não era tão satisfeito com o meu corpo, inclusive tal fato me constrangia na época. Outra preocupação constante era meu futuro (algo compreenssível quando já se tem mais de 20 anos e ainda se ganha menos de R$500,00). Tentei concluir: "o dinheiro então, completa a felicidade?". Mas não me contentei com a resposta.
Dias atrás, descobri que uma pessoa a qual estimava muito e nutria uma admiração tremenda por sua determinação e suas convicções de pessoa humilde e batalhadora, quebrou suas teorias mais fortes para pagar uma cirurgia estética. Ao questioná-la o porquê de romper com todas suas convicções mais admiráveis, ela respondeu-me que não estava se sentindo bem com a sua aparência e queria se presentear em seu aniversário. Isso é bastante comum. São muitas as pessoas que possuem esta fraqueza: quando sentem-se infelizes, recorrem as suas economias no intuito de se presentear e amenizar aquele sentimento ruim. Mas alguma coisa me dizia que isso não resolveria o problema dela. Inclusive, por que eu tinha certeza de que isso poderia deixá-la ainda mais infeliz? Será por conhecê-la e saber que não eram apenas convicções que estavam sendo quebradas, mas também realizações estavam sendo deixadas de lado com o alto custo da cirurgia? Mas realizar seus ideais é melhor do que se sentir bem? Foi ai que encontrei uma conclusão ao enigma que ronda a felicidade!
Não precisamos apenas de felicidade na vida. Se você não estiver satisfeito com você mesmo, a felicidade não bastará. E por mais que você esteja satisfeito e feliz, sem realização você também não se sentirá completo. Ou seja, a vida plena é alcançada quando encontramos o equilíbrio entre:
FELICIDADE,
SATISTAÇÃO E
REALIZAÇÕES.
A felicidade está dentro de cada um de nós e se manifesta quando interagimos com as pessoas de quem gostamos, das quais amamos e que nos fazem sentir bem. Perder um parente ou terminar uma relação de anos sempre será doloroso, mas os bons momentos devem ser re-vividos com as pessoas que ainda estão ao seu lado.
A satisfação está em você se sentir bem. Está no seu bem estar, na sua aparência e no seu conforto. Aceite-se como você é ou mude aquilo que você tem certeza que lhe trará satisfação, mas não espere encontrar felicidade com isso. Também ficamos satisfeitos quando entramos em nosso carro novo ou assistimos um filme em nossa televisão de LCD novinha. Consumir de forma consciente nos deixará satisfeito e isso é bom.
A realização, por sua vez, está em termos planos para nossa vida e realizá-los. Conheço uma série de pessoas que gostariam de falar inglês, estudar em uma universidade federal, ter uma vida mais saudável, viajar para o exterior, montar seu próprio negócio; porém nunca realizam esses feitos e se sentem frustradas. Estas pessoas sempre tiveram desejos, nunca tiveram ambição. Ambicione seus planos e pare de ficar desejando tudo compulsivamente.
Portanto o dinheiro traz apenas satisfação. Gastar em estética quando a sua carência é de felicidade, lhe deixará frustrado. Lutar por realizações para compensar a sua insatisfação com você mesmo, pode lhe trazer apenas revolta. Desejar tudo e não ambicionar nada, apenas fará mal a você. A plenitude da vida está no equilíbrio entre felicidade, satisfação e realização.