Para quem não sabe, ontem, nossa presidente Dilma referiu-se
as pessoas com deficiência como Portadores de Deficiência. e, logo após, precisou se retratar e chamá-los de Pessoas com Deficiência. Pois é, assim que
soube, ecoou em mim um grandioso e um sonoro "e dai?!?!"
Após passar por duas cirurgias ano passado e ter ficado seis
meses andando de muletas, o que menos importava para mim era se iam me chamar
de portador de muletas ou de pessoa com muletas. Eu realmente queria que
aquelas malditas portas que abrem para fora não existissem. Que os degraus em
dias de chuva não me impedissem de circular. Ou então que as vagas para
deficientes físicos não fossem ocupadas para deficientes mentais nos
estacionamentos.
Senti, durante pouco tempo, o quanto convivemos em uma
sociedade despreparada para deficientes. Lembro que precisei fazer uma prova na
faculdade usando muletas e ganhei bolhas nas mãos por ter de andar quase 300 metros
de muleta e subir dois andares de escada. tente pegar um ônibus de muleta. Agora, imagine um ônibus usando cadeira de rodas. Sua dignidade é tão corrompida que o
seu único desejo é o de permanecer em casa. No entanto, quando assisto no noticiário o que repercutiu de um fórum sobre inclusão, vejo um publico vibrando por um pedido de desculpas por
terem sido chamados de Portadores de Deficiência.
E daí que apenas um vigésimo das linhas de ônibus estão adaptadas e com profissionais preparados para o apoio necessário. E daí que as organizações só se adaptam para os
deficientes por coerção da lei? E daí que a educação não é inclusiva? O que realmente importa é o pedido de desculpas. Tenho certeza de que muitos que sentiram a sua dignidade massageada pelo pedido, a perderam logo em seguida, quando foram para casa.