segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Não estou indignado com os políticos.

     Ouvi e li muito a respeito da indignação do povo com o aumento dos salários (iniciado por senadores e por deputados federais e "cascateado" aos que seguem na hierarquia dos poderes do nosso Estado de direito) na ultima semana. Porém não estou nada indignado com eles, pois não está ali o problema.

     Teve protesto, diversos blogs e colunas manifestando repúdio e inúmeros programas apresentaram a indignação de todos. Tá, legal, mas e ai? Vocês realmente acham que ficar indignado vai mudar alguma coisa? Vou contar algo que talvez muitos tenham esquecido: todos eles, sem exceção, todos mesmo, estão lá por que nós os escolhemos. Nós julgamos eles capacitados para nos representar. Os elegemos por entender que eram aptos a legislar. Nós optamos por isso.

     Se, nas próximas eleições, ninguém irá lembrar mesmo quem aprovou ou não este aumento absurdo, por que motivos eles votariam contra? Para se indispor com seus colegas? Para ficar contra candidatos que dominam o espaço na mídia? Votar contrário a este tipo de projeto, significa o mesmo que ser perseguido por quem votou a favor. Logo, nas próximas eleições, os políticos "do contra" serão alvejados por seus concorrentes, que utilizarão toda a influência que possuem para fazer o povo acreditar que não são bons candidatos (e obviamente conseguirão isso). Em sintese, como o povo é completamente alheio à política, os políticos podem fazer o que querem e da forma como querem, desde que não se indisponham com as pessoas erradas. Os políticos bons, por sua vez, como querem se manter em seus cargos para ajudar o povo (sim, ainda há políticos assim), precisam compactuar com este sistema para preservar seus postos (caso contrário, as próprias pessoas que eles querem ajudar, os tiram do cargo).

     Para quem ainda está se sentindo vitimado por esta posturas de nossos correligionários, vamos fazer um teste. Quando você votou no seu candidato para deputado federal, quais assuntos ele disse que iria priorizar? Sobre quais projetos ele disse que lutaria? Não lembra?!? Bom, ao menos lembra em quem votou ha quatro anos atrás? Também não?!? Bom, então pare de reclamar e comece a pensar antes de votar.

     Talvez, nas próximas eleições, alguém consiga lembrar-se deste fato (que, me menos de uma semana, já está praticamente esquecido) e assuma uma postura um pouco mais responsável na hora de votar. Fazendo a minha parte, disponibilizo a todos a lista dos políticos contrários ao aumento de salário:


SENADORES (3 de um total de 81, ou 3,7%)
Alvaro Dias (PSDB-PR)
José Nery (PSOL-PA)
Marina Silva (PV-AC)

DEPUTADOS (34 de um total de 513, ou 6,6%)
Alfredo Kaefer (PSDB-PR)
Assis do Couto (PT-PR)
Augusto Carvalho (PPS-DF)
Capitão Assumção (PSB-ES)
Chico Alencar (PSOL-RJ)
Cida Diogo (PT-RJ)
Décio Lima (PT-SC)
Dr. Talmir (PV-SP)
Eduardo Valverde (PT-RO)
Ernandes Amorim (PTB-RO)
Mauro Nazif (PSB-RO)
Emanuel Fernandes (PSDB-SP)
Fernando Chiarelli (PDT-SP)
Fernando Gabeira (PV-RJ)
Gustavo Fruet (PSDB-PR)
Henrique Afonso (PV-AC)
Iran Barbosa (PT-SE)
Ivan Valente (PSOL-SP)
José Stangarlini (PSDB-SP)
Lelo Coimbra (PMDB-ES)
Luiz Bassuma (PV-AC)
Luiz Couto (PT-PB)
Major Fábio (DEM-PB)
Luiza Erundina (PSB-SP)
Magela (PT-DF)
Marcelo Almeida (PMDB-PR)
Paes de Lira (PTC-SP)
Paulo Pimenta (PT-RS)
Raul Jungmann (PPS-PE)
Regis de Oliveira (PSC-SP)
Reinhold Stephanes (PMDB-PR)
Sueli Vidigal (PDT-ES)
Takayama (PSC-PR)
Vander Loubet (PT-MS)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Frase

"Uma pessoa é rica na mesma proporção ao número de coisas das quais abre mão."

Henry David Thoreau

sábado, 18 de dezembro de 2010

Como não ser "Massa de Manobra"

     Há muito tempo atrás, a imprensa que cobria futebol resumia-se a dois ou três jornais, que acabavam sendo a principal fonte de informação dos torcedores. Então, um empresário, quando queria valorizar um jogador, pagava aos meios de comunicação para que falassem bem dele. Durante as narrações, qualquer bola que ele não dominasse o narrador manizava dizendo que o problema tinha sido o passador. Por sua vez, quando errava um passe, ele dizia que seu colega não tinha entendido a jogada e, no final da partida, obviamente, lhe era dado o prêmio de melhor em campo. No outro dia, os jornais apontavam tal jogador como único craque em um elenco de medianos e ele se tornava ídolo da torcida. Hoje em dia, isso é impossível!

     A maioria dos homens e a minoria das mulheres (mas, de qualquer forma, boa parte da nossa população) assistem aos jogos do seu time no final de semana (quando não assistem mais uns dois ou três jogos também). Não obstante, muitos, após a rodada, continuam com a TV ligada para assistir aos programas de mesa redonda que sucedem o futebol. No dia seguinte, também lêem o jornal para saber o que escreveram a respeito dos jogos e, também no dia seguinte, acessam algum site (geralmente mais de um) para ver como repercutiu a rodada. Os que agem desta forma sabem exatamente como está seu time, como ele está em relação aos outros times, quais são os principais jogadores, quais opções que o treinador poderia ter utilizado, como a direção do clube está planejando contratações, onde estão as maiores falhas do clube, etc, etc. Ou seja, com tanta informação disponível estes torcedores que acompanham seus times não podem mais serem manipulados. Não interessa a eles quem foi escolhido o melhor em campo pela imprensa. Cada um sabe quem foi o seu melhor em campo (e isso até provoca discussões entre comentaristas de mesa redonda e entre amigos na segunda-feira).

     Lembram o que aconteceu quando a Rede Globo tentou colocar a torcida contra o Dunga? Não conseguiram, pois não era a versão da Globo contra a versão do Dunga, mas sim a da Globo, a do Terra, a da Record, a da Rede TV, a do Estado de São Paulo, de todos os outros veículos e a versão do Dunga. Como a população buscou estas fontes de informação, logo, ela concluiu: “Péra ai, o problema não é o Dunga e sim a Globo!” e a emissora virou a vilã na estória. Talvez pela primeira vez ela tentou manipular a opinião pública e não tenha conseguido. Mas isso em virtude de haver tanta informação a respeito? NÃO! Isso por que as pessoas buscaram estas informações.

     Este vasto conteúdo existe para todos os assuntos, mas apenas o utilizamos quando nos interessamos por algo. A mídia não consegue (por mais que ela tente) nos dizer quem é bom e quem é ruim, ou quem está certo e quem está errado no futebol.  Neste assunto, a torcida (a massa) tem voz própria. Sem dúvida todos já ouviram "o técnico foi demitido por pressão da torcida" ou "a torcida pegou no pé de tal jogar e ele será negociado". Já pensaram o quanto ia ser expressivo se publicassem "o governador foi deposto por pressão dos eleitores" ou então "a população pegou no pé de determinado político e ele não será mais eleito". Imaginem como seria a mídia publicando os fatos exatamente como eles são, por saber que não conseguem nos influenciar em relação à política. Pois é, preciso aterrissar na realidade e aceitar que enquanto continuarmos tratando futebol como prioridade e política como entretenimento (afinal, elegemos um palhaço para deputado), vamos seguir sendo uma nação “Massa de Manobra”.